Caro presidente *, caro relator, Sr. Gilson Bittencourt
[ex-secretário-executivo adjunto da Casa Civil, ouvido pela Comissão de
Impeachment do Senado como testemunha de
defesa da presidente afastada Dilma Rousseff], colegas senadoras e senadores,
estou acompanhando, mesmo fora deste plenário [onde a Comissão de Impeachment
se reuniu], esses discursos e esses pronunciamentos.
Fico fazendo uma reflexão, como está fazendo a sociedade
brasileira, dessa repetição, como disco quebrado, em relação a golpe.
Eu penso que golpe, no processo em que estamos vivendo, é o
golpe feito contra os trabalhadores brasileiros. Há recessão, há inflação, há
falta de credibilidade, há redução e dificuldade de acesso ao
seguro-desemprego, tudo criado pelo governo.
Então, falar em golpe? Golpe é isto. Esse foi o maior golpe dado
no país, nesse processo em que estamos vivendo: a pior crise da história
econômica, que destruiu a credibilidade. E se não fossem exatamente uns setores
importantes, não estaríamos hoje sequer aqui falando.
Estamos cumprindo um rito constitucional definido pela lei
brasileira, pela Constituição, e com um rito definido pela Suprema Corte do
País, que, inclusive, está analisando e acompanhando, sob a presidência do
ministro Ricardo Lewandowski os trabalhos desta comissão.
Então, acho bom até que as pessoas que estão aqui tenham o
convencimento e a clareza do que aconteceu. Pode não achar nenhum documento
assinado pela Senhora Dilma Rousseff em que ela tenha dito: [Autorizo a fazer
isso]. Mas ela é presidente. Ela disse, na campanha eleitoral: [Vamos fazer o
diabo para ganhar a reeleição]. Ela fez, de fato. Destruiu o país.
Foi o preço que nós estamos pagando pela reeleição. E agora
esse custo é pago pelos mais frágeis, pelos trabalhadores. Mais de 11 milhões
de pessoas desempregadas. Isso não é pouca coisa. As delações estão mostrando
que quem quer cessar a Lava Jato podem ser vários partidos políticos, mas um
deles é o partido da presidente afastada.
* Fala da senadora Ana
Amélia em sessão da Comissão de Impeachment na última terça-feira (14/6), antes
de ela questionar Gilson Bittencourt, ex-secretário adjunto da Casa Civil e
testemunha da defesa de Dilma, sobre irregularidades relativas ao Plano Safra