Papa deixa Cuba rumo aos EUA e agradece a cubanos [de coração]

O Papa Francisco conclui uma visita a Cuba nesta terça-feira
(22) e se encaminha para os Estados Unidos, fazendo assim uma ligação entre os
dois países adversários de longa data que iniciaram uma abertura nas relações
bilaterais com mediação do pontífice. No Twitter, o Papa agredeceu ao povo
cubano: [Obrigado a todos os cubanos! De coração, obrigado!] tuitou.

O Papa argentino, de 78 anos, celebrou nesta terça uma missa
no santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, o mais sagrado do país e
também venerado por não católicos e praticantes de religiões afro-cubanas com
diferentes graus de aproximação com o catolicismo.

[A alma do povo cubano (…) foi forjada entre dores,
penúrias que não conseguiram apagar a fé, esta fé que permaneceu viva graças a
tantas avós que seguiram tornando possível, no cotidiano do lar, a presença
viva de Deus], afirmou o papa em sua homilia no templo mais venerado da ilha,
perto de Santiago de Cuba.

Estima-se que 2 milhões de cubanos tenham deixado a ilha
desde a Revolução Cubana, em 1959, e cerca de 1,3 milhão vivam atualmente no exterior,
a maioria nos Estados Unidos, onde muitos exilados continuam mantendo uma
relação ressentida com a terra natal.

Expectativa

Há grande expectativa quanto ao que Francisco dirá nos
Estados Unidos, onde se reunirá com o presidente Barack Obama e fará o primeiro
pronunciamento de um papa perante o Congresso, além de falar também na
Organização das Nações Unidas (ONU).

O Papa evitou fazer em Cuba declarações políticas
ostensivas, que os dissidentes esperavam que ele fizesse, mas usou suas
homilias para enviar mensagens ligadas à espiritualidade e sobre a necessidade
de mudanças no país comunista, de partido único.

O pontífice pediu aos cubanos que pensem com maior abertura
e sejam tolerantes às ideias de outras pessoas. Em uma missa na segunda-feira
para dezenas de milhares de pessoas na cidade de Holguín, no leste da ilha, ele
exortou seus ouvintes [a não se satisfazerem com a aparência ou com o que for
politicamente correto].

Moderação

A abordagem mais suave, um contraste com a adotada por seus
dois antecessores imediatos quando visitaram Cuba, parece impulsionada por um
desejo de incentivar calmamente os cubanos em um momento delicado após a
retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos. Enquanto isso, a
Igreja cubana está discretamente negociando mais espaço para a sua missão
religiosa.

[Ele falou com clareza, discrição e moderação], disse o
porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, aos jornalistas, quando perguntado
por que o Papa não tinha tratado diretamente de questões como o histórico de
Cuba em direitos humanos e o embargo comercial dos EUA, ao qual o Vaticano se
opõe.

[O papa quer fazer uma contribuição, mas a responsabilidade
recai sobre os líderes das nações. Ele não quer exagerar o seu papel, só quer
contribuir, fazendo sugestões, promovendo o diálogo, a justiça e o bem comum
das pessoas], disse o porta-voz. (G.1)

(Foto: AFP PHOTO/BALTAZAR MESA)

 

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