Celebrado nesta segunda-feira (3), o Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa foi marcado por um evento na Assembleia Legislativa da
Bahia (AL-BA). Organizado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Segurança Pública da Casa, o deputado Jacó (PT), o ato contou com a
participação de parlamentares e jornalistas.
"Considero este ato da maior importância diante dos
constantes ataques à liberdade de imprensa e, em especial, aos profissionais de
imprensa no Brasil. E não sou eu quem valida os fatos e os números:
organizações como RSF [Repórteres sem Fronteiras] dão conta de que o país entrou
na zona vermelha do ranking mundial de liberdade de imprensa, situação agravada
desde que o senhor Jair Messias Bolsonaro foi conduzido ao poder, em
2018", declarou Jacó, durante a abertura do evento.
Em sua participação, o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo
Lyra, pontuou que eventos, como os realizados pelo parlamentar petista, servem
para fortalecer a liberdade de imprensa e o jornalismo, ainda quando em um
período quando a democracia vem sendo colocada em xeque, com os constantes
ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os seguidores
dele.
O contexto de ataques à liberdade de imprensa no Brasil
também foi levantado pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia
(Sinjorba), Moacy Neves. Em seu discurso, ele repudiou os ataques à repórter da
TV Aratu Driele Veiga e por jornalistas do jornal Correio, protagonizados pelo
presidente Bolsonaro.
"Esses fatos (ataque a Driele Veiga no dia 26/4 e a
repórter do Correio da Bahia quando cobria manifestação de apoiadores ao
presidente) se repetem no Brasil inteiro porque não são ataques gratuitos,
fazem parte de um projeto maior de enfraquecimento da imprensa como tentativa
de enfraquecer a democracia, já que a imprensa é um dos pilares basilares da
democracia brasileira", refletiu.
Legado de Ruy Barbosa
Como símbolo da defesa à liberdade de imprensa no Brasil, o
presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques, lembrou do
legado do jurista, político e jornalista baiano Ruy Barbosa. Nascido em
Salvador, no ano de 1849, Ruy defendera a República e era contra a participação
de militares na política.
"A atuação política do jornalista Ruy Barbosa é atual,
e eu diria até, terrivelmente atual, quando se lança candidato a presidente
contra o Marechal Hermes da Fonseca, mesmo sabendo ter poucas chances de
vitória. Foi para o sacrifício por antever os riscos da militarização da
política: "A candidatura militar, desastradamente armada para salvar as
posições de alguns chefes políticos, encerra em si a desgraça irremediável do
Brasil". No seu tempo, era reverenciado com o epíteto de "apóstolo".
Hoje, eu pergunto se não seria mais adequado chamá-lo de profeta",
refletiu.
Museu Casa de Ruy Barbosa
Além de refletir sobre a atualidade da obra de Ruy, o
presidente da ABI fez um apelo pela preservação da memória do jurista baiano,
presente no Museu Casa de Ruy Barbosa, em Salvador. Localizado na mesma rua
onde Ruy nasceu, no Centro Histórico, o estabelecimento encontra-se abandonado,
em meio a um imbróglio jurídico.
"Estas mínimas referências ao pensamento e à memória de Ruy Barbosa compõem o valioso acervo do Museu Casa de Ruy Barbosa, pertencente à Associação Bahiana de Imprensa. Sob a gestão de uma empresa de ensino superior que jocosamente usa o seu nome como marca de fantasia [Faculdade Ruy Barbosa], o Museu foi largado ao abandono durante anos, com graves prejuízos para o imóvel e para o próprio acervo. Com o pretexto deste ato, aproveito a oportunidade para reiterar o pedido de apoio aos colegas jornalistas, às empresas de comunicação e à Assembleia Legislativa, para que se somem à ABI no esforço para soerguer o Museu Casa de Ruy Barbosa", protestou Ernesto. (Francisco Artur - Muita Informação)
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