Produtores rurais, representantes de órgãos municipais e
estaduais e pessoas interessadas no cultivo da pitaya participaram, nesta
quinta-feira (10), de uma ampla explanação feita pelo engenheiro agrônomo
Dejalmo Nolasco, o Professor Pitaya, sobre a viabilidade da cultura do fruto no
semiárido baiano e em todo o Estado. Doutor em Ciências e Tecnologias de
Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), consultor e palestrante
especialista no cultivo de pitayas para todo Brasil, Nolasco destacou o crescimento
da demanda pelo produto e uma baixa produtividade ainda no país, o que faz da
cultura pitaya uma atividade altamente rentável.
Segundo o especialista, é possível produzir pitaya em uma
pequena área e o cultivo é fácil e lucrativo. Por hectare, afirmou Nolasco, são
produzidas entre 30 e 60 toneladas, o que pode resultar em uma receita média de
R$ 150 mil hectare/ano. "A produção da pitaya tem a cara da agricultura
familiar. Mas há necessidade de uso de tecnologias que se torna mais viável
quando há um agrupamento de produtores envolvidos. Isso pode alongar a
produtividade e a comercialização da pitaya", afirmou o professor,
acrescentando que o mercado de pitaya ainda está aberto no Brasil e, de forma
organizada, há muito o que crescer.
Ainda de acordo com Nolasco, é muito importante ter um polo
de produção no país para atrair as grandes indústrias. Além do consumo do fruto
in natura, há inúmeras possibilidades de beneficiamento, como para produção de
gêneros alimentícios, a exemplo dos iogurtes, geleias e bebidas, e também para
fins cosméticos e farmacológicos. O professor afirma que, da forma como a Bahia
está começando neste mercado, de forma organizada, será possível um grande
crescimento em pouco tempo.
Presente no evento, o secretário de Agricultura do Estado da
Bahia, João Carlos Oliveira, também agrônomo, ressaltou as vantagens do Brasil
e da Bahia no campo da agricultura. "Temos uma coisa que nenhum outro país tem,
que é luminosidade todo dia, capacidade de ampliação de área, capacidade de irrigação
que poucos países têm, além da própria identificação muito forte com a
agricultura?, disse. Oliveira se comprometeu a incentivar a cultura da pitaya
na Bahia e acrescentou que, inclusive, é uma orientação do governador Rui Costa
a diversificação da produtividade agrícola. ?Vamos buscar a construção
coletiva, junto com as secretarias de Desenvolvimento Econômico,
Desenvolvimento Rural, Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, reunindo
técnicos, agricultores e lideranças para buscar o crescimento da cultura",
declarou.
EXPERIÊNCIAS
Produtor de pitaya, Rafael Rodrigues relatou, em
participação no seminário, que deu início à cultura da pitaya no Sul do Brasil
e passou a comercializar para uma rede de supermercados, mas na região só era
possível colheita de janeiro a maio e surgiu a demanda para todo o ano. Com
isso, percorreu outros estados para descobrir um local que possibilitasse o
cultivo ao longo dos 12 meses e se instalou em Belém do Pará. "Levamos o
professor Dejalmo e começamos a desenvolver essa cultura. Fizemos parcerias
sólidas no Sul e em São Paulo. Hoje, os clientes ligam e a gente ainda não
consegue atender a grande demanda", frisou. Disse ainda que economicamente é
uma fruta que está se diferenciando de outras pelo valor agregado para o
produtor rural e que já há financiamento disponível no país para essa produção.
Produtor baiano de Senhor do Bonfim, Aparício Pelegrine
Junior também contou sua experiência que começou com em julho de 2020 e no
final do ano teve produção de cerca de uma tonelada, com comercialização no
mercado local. Agora, Pelegrine diz que é o momento de preparar o pomar para a
próxima safra e as expectativas são as melhores possíveis, para colheita e
venda.
A cultura da pitaya no país acaba de ganhar mais força com a
recente criação da Associação dos Produtores de Pitaya no Brasil, presidida por
Afif Jawabri. Também presente no seminário, ele parabenizou o deputado pelo
incentivo à produção da pitaya na Bahia. "O que vocês estão fazendo aí é
justamente o que pensei em fazer no Pará. Vocês estão começando muito bem, do
jeito certo, procurando orientação técnica", valorizou. Além da realização do
seminário, Angelo sugeriu ao Governo do Estado que inicie estudos para difundir
a cultura da pitaya na Bahia, e quer fazer novas ações para o incentivo dessa
cultura agrícola. "Temos que pensar a médio e longo prazo, para construir uma
cadeia produtiva e não deixar o pequeno produtor só", frisou.
CARACTERÍSTICAS
Fruto de várias espécies de cactos, a pitaya é nativa de
regiões da América Central e México. Há três tipos: a branca, que tem casca
rosa, é branca por dentro e a mais fácil de encontrar no Brasil; a vermelha,
que tem uma cor rosa-avermelhado por fora, é rosa-vermelha-púrpura por dentro e
também encontrada no Brasil; e a amarela, que tem casca amarela, é branca por
dentro e mais comum na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Além do
consumo in natura, é usada para produção de sorvetes, saladas, vinhos e também
cosméticos. Outras informações sobre o fruto podem ser encontradas no canal
Professor Pitaya (www.professorpitaya.com.br). (Agencia Alba).
Foto: Divulgação/Agencia Alba