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Data de Publicação: 12-08-2021

Uma leitura acerca do livro "Tarde de Chuva" de Luiz Eudes

São 16 contos que sob a égide do sol que incide inclemente sobre a face da terra junquense, de onde brotam desse torrão natal do escritor as mais humanas das histórias sobre as gentes de verdade existentes somente na ficção, na imaginação e/ou baseadas lembranças distantes do escritor, personagens que não fogem a sua frágil-forte condição humana . Estórias quase tragicômicas e deveras emocionantes pela sua leveza.

Esta obra de Luiz Eudes reúne fatos reais somente na senda da ficção pondo em evidência o caráter de um povo forjado entre a ternura, a labuta pelo sobreviver diário, a dor e os sonhos. Seu trabalho alude a seres cheios de uma densa humanidade com valores próprios e universais, como   esperança, fé e amores.

As histórias, ou relatos em Tarde de chuva por Eudes contadas de um Junco pretérito trazem a lume há um tempo literário, memórias e universos pessoais de gente verdadeira somente no viés do aspecto literário da ficção como é frisado no título  da Editora dessa obra histórias "Sobre Gentes: Histórias curtinhas sobre gente de verdade", seus escritos faz jus a este feliz trocadilho. Luiz Eudes discorre no decorrer de suas narrativas não somente fatores estéticos e psíquicos, fala-nos sobre os sonhos intensos de um povo que deseja fruições finais nobres e felizes.

Há sempre o caráter afetivo sendo evocado nos olhares das crianças, dos adultos que não perdem de vista suas crianças interiores e comungam dos mesmos sentimentos encantatórios dos pequeninos como se vê no conto O Presépio, ou em Tarde de Chuva  no primeiro: pai e filho vislumbram a Lapinha narrando o nascimento de Jesus, no segundo:  avô e neto admiram-se das chuvas que lava o chão desse Junco castigado pelas secas intermitentes.

As narrativas de Luiz Eudes configuram vestígios que exprimem os sonhos mais delicados, as emoções mais recônditas e intimas de um povo que com o seu trabalho cria a sua própria história. Neste livro Tarde de chuva só os sentimentos humanos têm nome. Contos que deixam as memórias de pessoas reais aflorarem na mais genuína das sensibilidades, a do escritor que dar um clima atraente a estas passagens vitais. Luiz Eudes traça retratos falados em palavras e letras de uma sociedade junquense em seus primórdios de forma ficcional em muitos momentos inspirados em fatos reais.

Seu livro é uma quase Odisséia, uma quase Epopéia daqueles habitantes do Junco, de uma gente que como o Profeta Moisés sai de sua terra em busca da "Terra Prometida" ,neste caso São Paulo, sendo que o Junco se faz mais presente nas distâncias nos pensamentos dos seus filhos e circunscreve no coração de cada um de seus ex-moradores o desejo do retorno, eles sempre retornam como se a uma ?Meca? pessoal. Esta peregrinação se faz necessária para não dizer obrigatória.

Com maestria Luiz Eudes explora as emoções desse povo, da sua gente como: o riso, o choro, a nostalgia, o encontro, o desencontro, a euforia, o medo, o desespero, a alegria, a tristeza, a introspecção, a solidão, a decepção, o talento natural, a fé, a esperança e o amor sadio e verdadeiro que brota no peito dos puros.

O livro de Luiz Eudes assume aspectos de um Tratado da Vida Cultural do Junco, o velho Junco inicial, das roças e suas festividades, narra às peripécias de uma gente aguerrida, conta-nos sobre o talento, os nascimentos em dias Santos, reafirma a verdade saída da boca dos loucos, fala-nos da vida dura no sertão, demonstra o poder da beleza em encantar corações, é metalingüístico quando as letras encontra-se com o Nobel de  literatura, suave e encantador.

Enfim, das mãos do escritor Luiz Eudes eis que surge uma literatura de ficção com a cara da verdade, pura que consola a alma e abranda os corações por serem sobre pessoas reais que existiram e/ou ainda existem, persistem em suas breves histórias, estórias, causos, e anedotas sobre aspectos centrais da jornada de seres humanos de verdade, de carne, osso e expectativas. Contos tão bem elaborados que podemos tomá-los por verdade, pois reflete e se assemelha  em seu cerne a diversas histórias da vida real, vi nestes textos aspectos históricos da vida de meus avós , de meus tios, todos pertencentes a este Junco tão presente na obra e vida de Luiz Eudes. (Ed Carlos Alves de Santana - Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela EBA-UFBA).

Foto: Divulgação

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