São 16
contos que sob a égide do sol que incide inclemente sobre a face da terra junquense,
de onde brotam desse torrão natal do escritor as mais humanas das histórias sobre
as gentes de verdade existentes somente na ficção, na imaginação e/ou baseadas
lembranças distantes do escritor, personagens que não fogem a sua frágil-forte
condição humana . Estórias quase tragicômicas e deveras emocionantes pela sua
leveza.
Esta obra
de Luiz Eudes reúne fatos reais somente na senda da ficção pondo em evidência o
caráter de um povo forjado entre a ternura, a labuta pelo sobreviver diário, a
dor e os sonhos. Seu trabalho alude a seres cheios de uma densa humanidade com
valores próprios e universais, como esperança, fé e amores.
As
histórias, ou relatos em Tarde de chuva
por Eudes contadas de um Junco pretérito trazem a lume há um tempo literário,
memórias e universos pessoais de gente verdadeira somente no viés do aspecto
literário da ficção como é frisado no título da Editora dessa obra histórias "Sobre Gentes:
Histórias curtinhas sobre gente de verdade", seus escritos faz jus a este feliz
trocadilho. Luiz Eudes discorre no decorrer de suas narrativas não somente
fatores estéticos e psíquicos, fala-nos sobre os sonhos intensos de um povo que
deseja fruições finais nobres e felizes.
Há sempre
o caráter afetivo sendo evocado nos olhares das crianças, dos adultos que não
perdem de vista suas crianças interiores e comungam dos mesmos sentimentos encantatórios
dos pequeninos como se vê no conto O Presépio, ou em Tarde de Chuva no primeiro: pai e filho vislumbram a Lapinha
narrando o nascimento de Jesus, no segundo: avô e neto admiram-se das chuvas que lava o
chão desse Junco castigado pelas secas intermitentes.
As
narrativas de Luiz Eudes configuram vestígios que exprimem os sonhos mais
delicados, as emoções mais recônditas e intimas de um povo que com o seu
trabalho cria a sua própria história. Neste livro Tarde de chuva só os sentimentos humanos têm nome. Contos que
deixam as memórias de pessoas reais aflorarem na mais genuína das
sensibilidades, a do escritor que dar um clima atraente a estas passagens
vitais. Luiz Eudes traça retratos falados em palavras e letras de uma sociedade
junquense em seus primórdios de forma ficcional em muitos momentos inspirados
em fatos reais.
Seu livro
é uma quase Odisséia, uma quase Epopéia daqueles habitantes do Junco, de uma
gente que como o Profeta Moisés sai de sua terra em busca da "Terra Prometida" ,neste
caso São Paulo, sendo que o Junco se faz mais presente nas distâncias nos
pensamentos dos seus filhos e circunscreve no coração de cada um de seus ex-moradores
o desejo do retorno, eles sempre retornam como se a uma ?Meca? pessoal. Esta
peregrinação se faz necessária para não dizer obrigatória.
Com
maestria Luiz Eudes explora as emoções desse povo, da sua gente como: o riso, o
choro, a nostalgia, o encontro, o desencontro, a euforia, o medo, o desespero,
a alegria, a tristeza, a introspecção, a solidão, a decepção, o talento
natural, a fé, a esperança e o amor sadio e verdadeiro que brota no peito dos
puros.
O livro de
Luiz Eudes assume aspectos de um Tratado da Vida Cultural do Junco, o velho
Junco inicial, das roças e suas festividades, narra às peripécias de uma gente
aguerrida, conta-nos sobre o talento, os nascimentos em dias Santos, reafirma a
verdade saída da boca dos loucos, fala-nos da vida dura no sertão, demonstra o
poder da beleza em encantar corações, é metalingüístico quando as letras
encontra-se com o Nobel de literatura,
suave e encantador.
Enfim, das
mãos do escritor Luiz Eudes eis que surge uma literatura de ficção com a cara
da verdade, pura que consola a alma e abranda os corações por serem sobre pessoas
reais que existiram e/ou ainda existem, persistem em suas breves histórias,
estórias, causos, e anedotas sobre aspectos centrais da jornada de seres
humanos de verdade, de carne, osso e expectativas. Contos tão bem elaborados
que podemos tomá-los por verdade, pois reflete e se assemelha em seu cerne a diversas histórias da vida
real, vi nestes textos aspectos históricos da vida de meus avós , de meus tios,
todos pertencentes a este Junco tão presente na obra e vida de Luiz Eudes. (Ed
Carlos Alves de Santana - Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela
EBA-UFBA).
Foto:
Divulgação