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Data de Publicação: 16-09-2022

Rui Costa perde a batalha pela melhoria do ensino e Jerônimo culpa os prefeitos

"Se hoje estou aqui é pela convicção do meu pai e da minha mãe da importância que a educação teria em nossas vidas." (Rui Costa, discurso de posse em 1/1/2015)

Em seu discurso de posse no comando do governo da Bahia, na ensolarada manhã do primeiro dia de janeiro de 2015, lá se vão quase oito anos, o governador Rui Costa lançou um repto aos professores e servidores da rede estadual de ensino. Queria que todo juntos pudessem afirmar, dali a algum tempo: "Ajudei a construir uma educação transformadora em meu estado, ajudei a dar o maior salto nos indicadores educacionais da história da Bahia".

Perante o plenário da Assembleia Legislativa, lotado por deputados e convidados, ele enfatizou que aquele era um compromisso de seu governo e conclamou solenemente prefeitos, professores, estudantes e pais de alunos a se unirem em torno de um pacto pela educação, salientando que iria comandar pessoalmente essa cruzada por um ensino público de qualidade.

Empossado e devidamente instalado na mesa do principal gabinete do prédio da Governadoria, anunciou à imprensa que em todos os seus deslocamentos pelo território baiano tiraria algum tempo para visitar uma escola e conversar com professores e estudantes.

Dito e feito. Oito dias depois Rui fez sua primeira viagem ao interior como governador. No pequeno município de Nova Redenção, na Chapada Diamantina, inaugurou um sistema integrado de abastecimento de água e visitou o Colégio Estadual Edilson Joaquim dos Santos, onde participou de uma reunião com professores, estudantes e familiares de alunos.

Seguiram-se novas viagens e visitas a escolas em Itapetinga e Muritiba. O Colégio Luiz Tarquínio, na capital, onde ele cursou da 5ª à 8ª séries, entre 1974 e 1978, deveria ter sido o primeiro estabelecimento de ensino a ser visitado, mas acabou sendo o quarto. O pessoal da Secretaria da Educação pedira um tempo para fazer uma faxina e dar uma mão de tinta na fachada do colégio, que ficara meio abandonado pelo governo anterior. A visita ocorreu no dia 12 de janeiro.

O padrão de visitação às escolas se manteve durante o primeiro e o segundo mandatos de Rui. Em março de 2018, em Santo Estevão, na região de Feira de Santana, o governador atingiu a marca de 400 viagens ao interior (a Bahia tem 417 municípios) e quase 300 escolas visitadas. Em fevereiro deste ano, o diário do governador registrava viagens a 800 cidades e visitas a mais de 600 escolas.

Um espanto! Nunca na história da Bahia um governador esteve em tantas cidades e visitou tantas escolas. Só que, passados quase oito anos, a realidade mostra que essa vasta maratona escolar pouco adiantou: o ensino médio da Bahia, de responsabilidade do governo estadual, continua patinando nos últimos lugares do ranking do Ideb, o índice que mede a qualidade do ensino no Brasil.

O prometido salto nos indicadores educacionais da Bahia não aconteceu e a péssima colocação da Bahia no Ideb tornou-se um mantra repetido em nove entre dez discursos da oposição na atual campanha eleitoral.

Acossado pela oposição e por entrevistadores nas sabatinas das emissoras de rádio e televisão, Jerônimo Rodrigues, ex-secretário da Educação e candidato governista à sucessão de Rui Costa, finalmente encontrou a quem atribuir a responsabilidade pelos maus resultados do ensino médio apurados pelo Ideb. A culpa, segundo ele, é dos prefeitos. E explicou: como o ensino fundamental, de responsabilidade das prefeituras, é ruim, os alunos chegam ao ensino médio despreparados e não conseguem avançar nos estudos.

Parece uma coisa lógica, mas não é. Trata-se de uma falácia: na Bahia, o ensino fundamental, a cargo dos municípios, tem registrado notas no Ideb acima das metas fixadas e mais altas que as obtidas pelo ensino médio, de responsabilidade do Estado.

O campeão da boa qualidade de ensino é Licínio de Almeida, município com 12.665 habitantes e orçamento de pouco mais de R$ 45 milhões, no Sudoeste da Bahia. Lá, o Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental, a cargo da prefeitura, alcançou a nota 7,3 em 2019. Nos anos finais do fundamental, a nota foi 6. Já o ensino médio, de responsabilidade do Estado, recebeu nota 4.

O governador Rui Costa esteve em Licínio de Almeida em fevereiro de 2017, quando conheceu a escola municipal Pingo de Gente, que alcançara, em 2015, a nota 7,1 no Ideb, a maior do Estado, e melhoraria ainda mais em 2019, quando obteve a nota 8,1. Tivesse aproveitado para convidar o secretário local para ser secretário de Educação do Estado não estaria passando o perrengue atual.

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.

Texto e Foto: Site Informe Baiano 

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