Mesmo com silêncio do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a data histórica de 60 anos do golpe
militar e do início da ditadura, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio
Almeida, falou sobre a data. Em uma postagem nas redes sociais ele repudia a
ditadura militar e pede que a ditadura não se repita "porque queremos um país
social e economicamente desenvolvido e não um "Brasil interrompido".
"Por que ditadura nunca mais?
Porque queremos um país soberano, que não se curve a interesses opostos aos do
povo brasileiro. Porque queremos um país institucional e culturalmente
democrático. Porque queremos um país em que a verdade e a justiça prevaleçam
sobre a mentira e a violência. Porque queremos um país livre da tortura e do
autoritarismo. Porque queremos um país sem milícias e grupos de extermínio",
opinou ele.
Em busca de reconstruir pontes
com os militares, o presidente Lula determinou e orientou que seus ministros e
o governo não realizassem atos, solenidades, discursos ou que material fosse
produzido em memória dos 60 anos do golpe militar. O Correio apurou que o
presidente se reuniu com Silvio Almeida no começo do mês para tratar do tema. O
Palácio do Planalto informou que não iria comentar o assunto. A assessoria do
Ministério dos Direitos Humanos, por sua vez, negou que o encontro entre
Almeida e Lula tenha ocorrido.
Apesar do silêncio do Planalto,
Almeida não foi o único ministro a relembrar a importância da data. O
ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom),
Paulo Pimenta, pontuou que a "esperança e a coragem derrotaram o ódio, a intolerância
e o autoritarismo". "Defender a democracia é um desafio que se renova todos os
dias", disse.
O advogado-geral da União, Jorge
Messias, decidiu homenagear a ex-presidente Dilma Rousseff, que ficou presa por
três anos durante a ditadura e integrou grupos que lutavam contra o regime.
A ministra das Mulheres, Cida
Gonçalves, homenageou a todos que foram presos, torturados "ou que tiveram seus
filhos desaparecidos e mortos na ditadura militar." "Que o golpe
instalado há exatos 60 anos nunca mais volte a acontecer e não seja jamais
esquecido", declarou.
A deputada federal e presidente
do PT, Gleisi Hoffmann (PR), destacou a criação do PT, em 1980, motivada pela "defesa da democracia e dos direitos do povo", para "recordar o passado".
Os líderes governistas no
Congresso também falaram sobre os 60 anos desde o golpe militar nas redes
sociais. José Guimarães (PT-CE), líder na Câmara, destacou ser "crucial lembrar
daqueles que sofreram e resistiram durante esse período".
Já o senador Randolfe Rodrigues
(sem partido-AP) relembrou a famosa frase de Ulysses Guimarães, que afirmou que "traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito.
Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade,
mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério." (Andrea Malcher-Correio Brasiliense).
Foto: Reprodução/TRE-BA