Feira de Santana, uma das maiores
cidades da Bahia, ainda respira o ar tenso das eleições recém-concluídas. O
sentimento de insatisfação pelas ruas, como uma nuvem de incerteza que se
recusa a dissipar. A cidade vive um momento peculiar, onde, apesar de um
vencedor declarado, a sensação de vitória parece ter ficado aquém das
expectativas da população. O clima é de mudança, uma mudança que muitos ainda
esperam, mesmo após o resultado final.
Zé Ronaldo, do União Brasil (UB),
com o apoio de Colbert Martins, seu principal aliado e figura central na
administração que tem sido alvo de críticas severas, saiu vitorioso nas urnas.
No entanto, para muitos, a vitória foi sem brilho. O grupo liderado pelo
deputado federal Zé Neto (PT), que enfrentou Ronaldo nas urnas, saiu
fortalecido e mais unido do que nunca, alimentando o espírito de resistência e
renovação entre seus apoiadores. Para eles, a luta não terminou com o resultado
das eleições.
Nas ruas de Feira de Santana, é
fácil perceber o descontentamento. A energia que circula entre os moradores é
de uma cidade que anseia por mudança, mas que não vê essa mudança refletida nas
urnas. "Ganhou, mas não levou", dizem alguns, ecoando a ideia de que, embora as
urnas tenham declarado um vencedor, o sentimento de transformação ainda não
chegou. "Ganhou, mas não convenceu", repetem outros, aludindo ao fato de que a
vitória não conseguiu curar as feridas de uma administração que, para muitos,
trouxe apenas sofrimento.
A verdade, como muitos acreditam,
é que o resultado das eleições não representou o desejo da maioria. A cidade,
que já sofre há anos com uma administração que beneficia apenas um pequeno
grupo, se vê novamente diante da continuidade desse ciclo. Promessas vazias,
acusações infundadas contra o adversário e uma campanha que, para muitos,
flertou com a irresponsabilidade, deixou marcas profundas na confiança da
população. O ceticismo predomina.
O número expressivo de eleitores
que preferiram anular ou votar em branco, cerca de 7,30% do total - 25.879
pessoas -, se soma aos 46,73% que simplesmente rejeitaram o modelo atual de
governo. Esses números são o reflexo de uma cidade que já não suporta mais as
dores de uma administração falida, que, segundo os críticos, apenas perpetua o
sofrimento da população. E esse grupo, que já é grande, tem o potencial de
crescer ainda mais. Muitos acreditam que, em breve, haverá um número específico
de arrependidos pela escolha feita nas urnas.
Mas, enquanto isso, do outro lado
da disputa, o grupo que saiu vitorioso também não encontrou motivos para
tranquilizar-se. A insegurança entre os milhares de funcionários que ocupam
cargos na prefeitura vive a expectativa de demissões em massa. O medo é real.
Para muitos, a permanência no cargo é incerto, e a preocupação toma conta de
quem ainda não sabe se será dispensado ou desligado. A sensação é de que há
muitas bocas para alimentar com um bolo que parece cada vez menor.
Feira de Santana está em um limbo político. A sensação de que algo precisa mudar continua a pulsar, como antes da eleição. A população, ainda incrédula com os resultados, parece carregar um arrependimento silencioso, um desejo profundo por uma transformação que ainda não chegou. A cidade segue em frente, mas a energia que circula entre seus moradores é clara: a luta por um futuro melhor, por uma administração que realmente escute e sirva ao povo, está longe de acabar. (Osvaldo Cruz/Rota da Informação).
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