Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira (23), renovando mínimas desde agosto pressionado pelo movimento de aversão a risco global, enquanto IRB(Re) (IRBR3) saltou 12% após resultado mensal mostrar lucro líquido de 29 milhões de reais em agosto, de acordo com informações do portal InfoMoney.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,55%, a 129.233,11 pontos, tendo marcado 128.589,13 pontos no pior momento e 129.949,2 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou 17,6 bilhões de reais, mais uma vez abaixo da média diária do ano.
De acordo com o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal, no exterior, o sentimento de aversão a risco reflete, em parte, incerteza sobre a continuidade e o ritmo de cortes de juros nos Estados Unidos (EUA).
O desfecho da corrida eleitoral nos EUA, que está em sua reta final, segue em aberto, acrescentou, referindo-se à disputa entre o ex-presidente republicano Donald Trump e a vice-presidente democrata, Kamala Harris, pela Casa Branca.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em baixa de 0,92%, minado pela alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e com balanços também ocupando as atenções.
Na visão do gestor de renda variável da Western Asset Naio Ino, embora as pesquisas ainda mostrem uma disputa apertada na eleição presidencial nos EUA, começa a se observar uma preocupação maior de uma eventual vitória de Trump.
Uma das preocupações no mercado relacionadas ao ex-presidente norte-americano é de políticas com potencial inflacionário, uma vez que ele defende cortes de impostos e tarifas de importação.
A queda de commodities como o minério de ferro e o petróleo, afetadas também pelo ceticismo com a recuperação da economia da China, reforçaram a pressão negativa sobre o Ibovespa, uma vez que tendem a afetar as blue chips Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).
No Brasil, em paralelo, permanece o desconforto com a dinâmica das contas públicas.
"Investidores continuam atentos aos riscos fiscais, aguardando novos anúncios do governo sobre cortes de gastos e medidas para recuperar a credibilidade fiscal", disse Rahal, da Levante.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que um fortalecimento do arcabouço fiscal é o melhor "remédio" para o país, afirmando que discutirá medidas sobre o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após a adoção de uma série de medidas arrecadatórias, a equipe econômica vinha sendo pressionada a adotar iniciativas pelo lado das despesas e prometeu que, após o segundo turno das eleições municipais, apresentará projetos de controle de gastos.
"Está difícil para o governo hoje ganhar o benefício da dúvida. Movimentos concretos nessa direção ajudariam a desarmar um pouco essa preocupação em relação ao fiscal", ressaltou Ino, da Western Asset, afirmando que o governo precisa começar a entregar algo que traga mais equilíbrio de longo prazo para as contas públicas. (bahia.ba).
Foto: Reprodução/Redes Sociais