A Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu um total de 70 promessas de doações pelos países participantes da Cúpula dos Líderes do G20. Mais da metade delas foram realizadas por contribuidores inéditos. Somadas, elas irão garantir US$ 1,7 bilhão em recursos.
Os dados foram apresentados pelo diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanom. Ao lado do presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva e da
ministra da Saúde, Nísia Trindade, Adhanom afirmou que os recursos criam um
cenário mais favorável, pois dão previsibilidade ao financiamento global das
ações de saúde, e dão flexibilidade para implementar as repostas necessárias.
"Nas últimas décadas, somente uma pequena parcela do
financiamento era previsível", disse Tedros Adhanom, agradecendo o apoio
de Lula na realização da rodada de investimentos durante a Cúpula dos Líderes
do G20. Ele disse ainda que as doações permitem financiar novas iniciativas em
busca de um mundo mais justo e mais seguro.
"A rodada de investimentos mobilizou recursos para poder
implementar a estratégia global da OMS para manter o mundo seguro e salvar 40
milhões de vidas durante os próximos 40 anos". Tedros Adhanom destacou a
importância de manter os esforços para continuar a construir uma base de
doadores mais resiliente. Ele pediu que os 194 Estados membros da OMS
contribuam com o fornecimento de fundos previsíveis.
G20
O G20 é composto pelas 19 maiores economias do mundo, bem
como a União Europeia e mais recentemente a União Africana. Ocupando atualmente
a presidência do grupo, o Brasil organizou a Cúpula dos Líderes no Museu de
Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Além das nações integrante do G20,
estiveram representadas também diversas outras na condições de convidadas, além
de nomes vinculados a organismos multilaterais.
É a primeira vez que o Brasil preside o G20 desde que foi implantado o atual formato do grupo em 2008. A Cúpula dos Líderes é o ápice do mandato brasileiro. Agora, a África do Sul sucederá o Brasil na presidência do grupo.
Ao lado de Tedros Adhanom, Lula cobrou os países
desenvolvidos por mais investimentos em saúde. De acordo com ele, as guerras ao
redor do mundo consomem um orçamento de US$ 2,4 trilhões ao ano. "Vocês
imaginem que para destruir vidas e a infraestrutura que demorou décadas para
ser construída por pessoas, os países ricos investem muito mais do que para
salvar vidas. Essa é a contradição do mundo que nós vivemos hoje",
lamentou.
Lula disse que o objetivo do Brasil na presidência do G20 foi
colocar como centro da prioridade o combate à fome e as necessidades das
pessoas. Ele afirmou que há autoridades que desconhecem o que é a pobreza.
"O problema não é falta de dinheiro, é falta de definir prioridade",
disse.
Citando a pandemia de covid-19 como exemplo da desigualdade,
Lula afirmou que faltou respiradores e vacinas em alguns países e sobraram em
outros. "Uma coisa que o Brasil buscou no G20 foi dar às pessoas que têm
responsabilidade de cuidar da saúde a segurança de que teremos investimentos
naquilo que é básico para evitar doenças que não deveriam existir",
acrescentou.
Coalizão
A ministra Nísia Trindade avalia que a rodada de
investimentos contribui para fortalecer a OMS e reafirma o compromisso dos
países de sustentar o sistema multilateral da saúde. Nísia destacou a
importância da declaração final da Cúpula dos Líderes do G20, que reafirmou
questões que ganharam centralidade das discussão do Grupo de Trabalho da Saúde
do G20.
Entre elas, o texto celebra o estabelecimento da Coalizão
para a Produção Local e Regional, Inovação e Acesso Equitativo. A proposta
conta com o apoio de organismos internacionais e envolverá iniciativas
voluntárias. Deverão ser elaboradas chamadas e linhas prioritárias para
selecionar projetos que receberão financiamento.
Nísia considera que a iniciativa contribuirá para combater às
desigualdades. Ao mesmo tempo, ela destacou a importância da OMS para o suporte
a diversas nações. "A pandemia de covid-19 parece distante para muitos mas
ainda hoje marca os países em seus esforços de recuperação", avalia. De
acordo com a ministra, todas as prioridades da presidência brasileira no G20 -
combate à fome e às desigualdades, mudança da governança global e enfrentamento
das mudanças climáticas - estão conectadas com propostas para a saúde.
O compromisso com a abordagem Uma Só Saúde foi, segundo
Nísia, outro tema relevante na declaração final da Cúpula dos Líderes. Por meio
dela, se reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e
ambiental. Sua implementação envolve ações integradas e desde medidas de
prevenção de doenças zoonóticas até a promoção de segurança alimentar e
proteção do meio ambiente. (Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil).
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil