A força-tarefa da operação Lava Jato afirmou nesta
quinta-feira (21), em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, que o grupo
criminoso que seria comandado pelo ex-presidente Michel Temer atuava há cerca
de 40 anos. Temer
foi detido na manhã desta quinta, em São Paulo, e levado à tarde ao Rio
de Janeiro, de onde partiu a ordem de prisão do juiz Marcelo Bretas, que conduz
a Lava Jato no Rio.
Segundo os procuradores, as ilegalidades do grupo remontam à
década de 1980, quando Temer, então secretário de segurança Pública de São
Paulo, conheceu João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, que era seu assessor
militar.
"Quando se quer debelar uma organização criminosa que
há 40 anos assalta o país, não havia outra medida [a não ser a prisão]",
afirmou o procurador José Augusto Vagos, membro da força-tarefa. "Ocupando
o cargo mais alto da República, ele praticou os crimes mais graves",
completou o procurador Eduardo El Hage.
Segundo a força-tarefa, uma das chaves dos esquemas
envolvendo Temer e a empresa Argeplan, controlada pelo Coronel Lima e usada,
conforme apontam as investigações, para movimentar propinas direcionadas ao
grupo do ex-presidente.
"Comparando contratos da Argeplan com o poder público,
é visível um crescimento exponencial quando Temer ocupou cargos púbicos",
diz a procuradora Fabiana Schneider.
A investigação que levou à prisão de Temer nesta quinta
apura que Temer recebeu R$ 1,1 milhão em propinas da empreiteira Engevix, que
foi subcontratada por ma empresa do Coronel Lima para tocar a principal obra da
usina nuclear de Angra 3, administrada pela Eletronuclear.
O pagamento foi revelado por José Antunes Sobrinho, ex-sócio
da Engevix, que fez delação premiada. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, foi
Temer quem indicou, em 2005, o presidente da Eletronuclear à época do esquema:
era o Vice-almirante Othon Pinheiro Silva, alvo da Lava Jato desde 2015, já
condenado a 43 anos de prisão. Segundo o MPF, o emedebista fez a indicação com
o objetivo de arrecadar propinas. (Rafael Neves-Congresso em Foco)
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