"Se o campo não planta, a cidade não janta". Esse foi o tema
da sessão especial que aconteceu no Plenário Orlando Spínola, na Assembleia
Legislativa da Bahia (ALBA), na tarde desta quinta-feira (8). A pauta do
encontro, proposto pela deputada Fátima Nunes (PT), foi o fortalecimento da
agricultura familiar na Bahia.
Em seu discurso, Fátima Nunes agradeceu ao público que
compareceu e lotou o plenário da Casa. O ato, enfatizou a parlamentar, é parte
de um processo de luta e de resistência das cerca de 700 mil famílias que vivem
da agricultura familiar na Bahia. Para a legisladora, os investimentos na área
da agricultura familiar fazem com que o homem do campo passe a viver com
dignidade, sem ter que fazer parte do êxodo rural por falta de oportunidade no
local em que vive. "Isso leva o nosso povo a não sair de onde vive, de onde
trabalha, para buscar o ganho de vida na cidade, onde não tem oportunidade nem
para quem já vive lá", alertou.
A secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Fabya
Reis, representou o governador Rui Costa no evento e ressaltou o compromisso
firmado pela gestão com as políticas públicas de fortalecimento da agricultura
familiar. ?Temos a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), uma pasta que
cuida das ações para o setor. O governo, na Bahia, tem feito a diferença na
medida em que decide que a agricultura familiar é prioridade?, afirmou. Fabya
também lembrou o papel crucial da produção de alimentos pelos agricultores
familiares: "Nunca é demais lembrar que o alimento saudável na mesa do povo
brasileiro é colocado por estes homens e mulheres. Mais de 70% da alimentação vem
da agricultura familiar. Essa sessão especial é importante para que a gente
reconheça esse trabalho de resistência, que impacta no clima do planeta".
Ao expor dados do governo estadual a respeito da agricultura
familiar, Wilson Dias, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento e
Ação Regional (CAR), explicou que, nos últimos quatro anos, foi investido R$
1,2 bilhão na área. Segundo o gestor, a agricultura familiar tem potencial para
se tornar a principal fonte de renda nos municípios, superando a prefeitura e a
aposentadoria.
"Os prefeitos dizem que o maior empregador nos municípios é
a prefeitura. Se a gente fizer a conta, em cada município, vai ver que,
potencialmente, isso não é verdade. Se você for em cada lugar, nos municípios
pequenos, todo mundo vai dizer que a primeira renda é a prefeitura, a segunda é
a aposentadoria. O que nós estamos querendo dizer é que a primeira renda é a
agricultura familiar. Basta fazer a conta, que chegará a esta conclusão",
sinalizou Dias, para informar que já há um estudo para identificar formas de
incentivar o crescimento da agricultura familiar na Bahia: "Estamos
aprofundando este diagnóstico em cada sistema produtivo, em cada município, em
cada território de identidade, criando um comitê de governança, porque temos a
possibilidade de melhorar muito, fazendo investimentos direcionados".
Jeandro Ribeiro, chefe de gabinete da Secretaria estadual de
Desenvolvimento Rural (SDR), representou o secretário Josias Gomes, titular da
pasta. Em seu discurso, ressaltou que a agricultura familiar está presente
praticamente em todos os 417 municípios do estado, significando, em muitos
deles, uma mola propulsora da economia com as atividades desenvolvidas nas
pequenas propriedades. "O recado que precisa ser dado pela agricultura familiar
é que se necessita de política pública, de assistência técnica, de autonomia. É
isso que estamos construindo a várias mãos, junto com o poder Legislativo, com
o Executivo e com a sociedade civil organizada", disse Ribeiro.
Presente ao evento, o presidente da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) na Bahia, Cedro Silva, também enfatizou o papel que a
agricultura familiar tem nos pequenos municípios baianos. "Temos que agradecer
o trabalho desempenhado pelas mais de 700 mil famílias, trabalhadores e
trabalhadoras. A agricultura é a principal fonte de renda daqueles que
produzem. Em nosso estado, hoje temos uma política especial voltada para a
agricultura familiar", frisou o dirigente da CUT-BA.
Quem também destacou a força do segmento nos municípios foi
João da Cruz, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares do Estado da Bahia (Fetag-BA). "A agricultura é
responsável por abrigar mais de 70% da mão de obra do campo", apontou. Ainda
segundo Cruz, a agricultura familiar é uma atividade considerada de perfil
sustentável, econômico e social. Para Elisângela Araújo, representante da
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), o segmento tem
mais de cinco milhões de famílias em atividade no Brasil e produz alimentos,
preservando e conservando o meio ambiente, respeitando a biodiversidade.
Presentes na sessão especial, o deputado Marcelino Galo (PT)
e a deputada Neusa Cadore (PT) enalteceram a realização da semana da
agricultura familiar na ALBA. Para Galo, o setor é responsável por levar
alimentos de qualidade à vida do brasileiro, sem agrotóxicos. Neusa disse, em
seu discurso, que o governador Rui Costa deu um passo importante ao criar a
SDR, que faz com que as políticas públicas implantadas mostrem resultados
concretos, gerando renda e fortalecendo a agroecologia.
A sessão especial também teve a presença da deputada Olívia
Santana (PC do B), a prefeita do município de Araçás, Gracinha, entre outros
representantes de sindicatos, cooperativas, associações e agremiações
políticas. (Agencia Alba).
Foto: Divulgação/Agencia Alba