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Data de Publicação: 06-12-2019

Assembleia geral debate diversidade e representação democrática na política

A segunda parte da programação do Parlamento Feminista da Bahia, na tarde desta quinta-feira (5), priorizou a fala do público inscrito, durante uma assembleia geral com o tema "Representação Democrática, Mulheres e Diversidade". A discussão, que ocorreu no auditório da ALBA, apontou para a necessidade urgente de ampliação da representatividade de mulheres nos espaços políticos de poder, com candidaturas majoritárias e proporcionais nas próximas eleições em outubro de 2020.

A vereadora do PT de Salvador, Marta Rodrigues, e a deputada federal pelo PC do B, Alice Portugal, defenderam a criação de uma plataforma do Parlamento Feminista da Bahia que possa compilar e reunir as propostas legislativas e outras iniciativas que resultaram em políticas públicas, a fim de inspirar e divulgar as ações para todas as pessoas.

Para Joilma Rios, vereadora de Várzea do Roça, a política está perdendo a sua essência. Entre os pleitos apresentados, Joilma destacou a necessidade de permitir que a mulher, na hora do parto, possa escolher onde ter o seu bebê. Natália Veroneze levou ao Parlamento o tema da maternidade e fez sua defesa do parto humanizado. "A maternidade deve ser desejada, não uma imposição social". Ela lembrou que há, ainda, mutilação genital no Brasil.

A psicóloga, jornalista e assistente social Ana Rocha, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisa da União Brasileira de Mulheres (UBM), afirmou que o Parlamento Feminista da Bahia é uma "resposta à onda conservadora que se instalou no Brasil com a eleição de Jair Bolsonaro". A gestora da entidade propôs o trabalho de capacitação política de mulheres para que elas possam disputar o poder e exercer cargos públicos. Jussara Lopes, coordenadora do movimento Mulheres de Axé do Brasil, falou sobre a necessidade de capacitação política para as mulheres dos terreiros de candomblé. Bárbara Alves, do Fórum Baiano LGBT, defendeu que as mulheres lancem e apoiem candidaturas engajadas nas eleições do ano que vem. "É preciso qualificar quem nos representa", frisou.

Ângela Guimarães, da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), afirmou que a realização do Parlamento é um marco histórico na luta por igualdade e por justiça social. Já a ativista LGBT Millena Passos, mulher trans e secretária do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher, invocou a sororidade como fundamental para garantir uma vitória nas urnas. Cristina Gonçalves, integrante do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, também pediu que o discurso da sororidade seja adotado na prática. Ela, que é deficiente visual, cobrou ainda que o movimento político de mulheres abrace a causa da mulher deficiente.

A plateia do Parlamento Feminista pode conhecer a experiência de um mandato colegiado, com assento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O grupo formado por cinco mulheres do Psol foi eleito no ano passado e divide propostas, discussões e a remuneração. Formada pela jornalista Carol Vergolino, pela estudante de letras Joelma Carla, pela ambulante Jô Lima, pela professora Kátia Cunha e pela advogada Robeyoncé Lima, a iniciativa é chamada por elas de mandata coletiva. Elas explicaram que, por conta do regimento e da lei, apenas uma delas é tida como representante oficial.

Maria Antônia Desidério, do Parlamento Jovem Brasileiro, uma iniciativa da Câmara dos Deputados, falou da sua eleição para presidente deste colegiado como uma conquista importante por ser mulher, nordestina e negra. A líder indígena Candara Pataxó ? trazendo seu relato de vice-cacica e de sua mãe cacica, que comanda um conselho de caciques com 22 comunidades indígenas ? exaltou a representatividade do evento, com inúmeras mulheres 'aguerridas'. Carolina Nunes, da União da Juventude Socialista em Salvador, levou ao encontro a angústia de boa parte dos jovens: "Somos uma geração que não consegue se ver representada. Que mais jovens mulheres possam se ver representadas nos espaços de poder".

Ludmila Teixeira, do Movimento de Mulheres Unidas contra Bolsonaro, afirmou que a luta feminista no Brasil é inviabilizada e sabotada pelo sistema, e destacou a presença do movimento, esse ano, no Fórum Internacional de Filmes e Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça. O auditório ouviu também a história de um grupo de 250 mães de crianças com microcefalia, paralisia cerebral, entre outras doenças, que se organizou e passou a se chamar 'Mães Extraordinárias'; sua representante, Joseane Oliveira, relatou dificuldades que vão desde a atendimento e serviços básicos até a aquisição de cadeira de rodas.

Daniela Borges, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, disse que é preciso combater as tentativas de retrocesso que tramitam atualmente no Congresso, como a anistia da multa aplicada aos partidos que não destinaram os 30% das verbas para as candidaturas femininas. Professora do programa de pós-graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) na Universidade Federal da Bahia (Ufba), Teresa Sacchet falou do estudo que faz há 20 anos a respeito da presença da mulher na política. A pesquisadora lembrou que o Congresso Nacional é conservador, o que requer luta para manter os direitos já obtidos. "Se algo conquistado está ameaçado, temos que lutar pela manutenção", afirmou, frisando que o dinheiro é fator principal para eleger uma pessoa. Por isso, defendeu a docente, as parlamentares devem lutar para garantir 30% dos recursos financeiros nos partidos. 

Andrea Castro, coordenadora do Território do Litoral Norte, chamou a atenção para o fato de que homens estão se apropriando da luta das mulheres por conta da grande visibilidade que o movimento tem conseguido. Ana Cláudia Pacheco, representando o Fórum Marielles de Salvador, colocou a entidade à disposição da luta para fortalecer a todas as mulheres negras da capital que queiram ocupar os espaços de poder.

Terezinha Tavares, voluntária do Hospital Aristides Maltez, levou a voz do subúrbio para o Parlamento Feminista. Candidata à vereadora, ela solicitou que cada mulher ali presente lute por um lugar de representatividade no poder. Tânia Palmeira pediu unidade entre as mulheres na luta por espaço no poder. "A briga não é entre nós. É importante a diversidade. A retomada de poder requer estratégia para enfrentar as eleições de 2020", disse.

Naira Gomes, uma das idealizadoras do Marcha do Empoderamento Crespo em Salvador, lamentou o fato de as mulheres negras serem minoria nos parlamentos, embora sejam maioria na sociedade. Para a jovem militante, é necessário fortalecer a luta contra o racismo e o machismo. Laura Astrolábio, militante do movimento Mulheres Negras Decidem, também falou sobre a desproporcionalidade entre o número de mulheres no país e a representatividade nos legislativos. "É preciso ressaltar que mulheres negras representam 27% da população do país. Na Câmara, de 77 deputadas, apenas 13 são negras. Houve o aumento de mulheres, mas não de mulheres negras. É preciso romper com o domínio masculino e branco no Brasil".

A participante Daiana Alcântara reforçou a necessidade de políticas públicas que auxiliem mães estudantes, como a implantação de creches. "Sabemos os esforços e dificuldades de uma mulher acadêmica. Proponho que a Comissão de Educação desta Casa acolha essa discussão de creches para mães universitárias". Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres de Juazeiro, Katussia Almeida defendeu a unificação da política de saúde entre governo federal, Estados e municípios. Pré-candidata a vereadora de Juazeiro, Katussia também lamentou o preconceito que existe com mulheres vítimas de câncer de mama. 

Marizete Pires, integrante do coletivo Mullher por Mulher, lamentou o aumento dos casos de feminicídio no Brasil e citou a morte de três mulheres no subúrbio de Salvador nesta semana. A militante manifestou sua indignação também com casos em que algumas mulheres possuem medidas protetivas, mas, mesmo assim, acabam sendo mortas. A pedagoga Tiffany Odara levou ao Parlamento seu apelo por mais formação política nas periferias. Maria França, integrante do coletivo Vai Ter Gorda, usou seu espaço para reforçar a necessidade de apoio na luta contra a gordofobia. Cleide Coutinho, da executiva estadual do Psol, manifestou preocupação com os crescentes casos de feminicídio. 

Moradora do bairro de Mussurunga, em Salvador, Cristiane Santos externou seu desejo, após ouvir diversos discursos no evento, de ver a teoria se aliando à prática. Ela citou casos em que a violência tem ceifado a vida de filhos de moradoras da sua comunidade e pediu respeito ao povo da periferia. Ao fim do encontro, foi aprovada uma moção de apoio à vereadora de Salvador, Aladilce Souza (PC do B), que está sendo acionada pelo prefeito ACM Neto na Justiça.(Agencia Alba).

Foto: CarlosAmilton/AgênciaALBA

 

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