O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que
governou de 1995 a 2002, afirmou que o Brasil precisa de liderança, e o
posto hoje está vago.
Para ele, o comportamento de Jair Bolsonaro, que insultou a
repórter da Folha Patrícia Campos Mello, foi "inaceitável". O atual titular do
Planalto precisa se comportar como um presidente, avalia FHC, 88, em entrevista
ao jornal Folha de S. Paulo.
"Aí a coisa passou para outro plano. É inaceitável. Não tem
cabimento você fazer referências assim a qualquer mulher, pelo que apareceu na
mídia. Não acho que haja risco institucional, não sou alarmista. Acho apenas
que é preciso ter um certo cuidado. Vamos pegar uma pessoa que me deu muita dor
de cabeça política, o Lula. Ele agiu institucionalmente no cargo "no que diz
respeito às questões pelas quais ele foi preso", disse.
FHC, contudo, diz descartar risco institucional, mas
diz que "o alarme precisa ser dado" porque a polarização vigente no país ameaça
a democracia ?e aponta para a rejeição à corrupção e ao PT como ponto de
partida do debate atual.
"A democracia é uma planta tenra, não pode dar de barato que
não vai virar outra coisa. Temos de dizer: "Cuidado, hein" "Não passe desse
ponto, senão passa". O alerta tem de ser dado, sem alarmismo. Quem tem poder
não pode exagerar. Você tem de se autocontrolar."
"A polarização vem da oposição ao PT, é isso. Corrupção e
PT. Aí você vem imaginar que tem comunismo no mundo? Isso é ridículo, é
anacrônico, para dizer o mínimo", acrescenta o ex-presidente.
No seu campo político, de olho no Planalto em 2022, ele
elogia o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) pela gestão e pela juventude (34
anos).
Sobre um protegido político seu, Luciano Huck, disse que o
apresentador da TV Globo precisa "se transformar num líder político", porque
hoje "conhece o caldeirão" [referência ao nome de seu programa e ao contato com
a população em quadros da atração]. Já o governador João Doria (PSDB-SP) "conhece o poder".
O tucano elogiou os presidentes da Câmara (Rodrigo Maia,
DEM-RJ) e do Senado (Davi Alcolumbre, DEM-AP). "Você não pode deixar que a
polarização afete o jogo democrático, que supõe a diferença. É preciso que
algumas pessoas que têm responsabilidade institucional, como foi o caso dos
presidentes da Câmara e do Senado, manifestem sua estranheza", declarou FHC na
entrevista. (bahia.ba)
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