Manifestações assustam e fazem governo criar gabinete de crise

O governo está tão assustado com a expectativa das
manifestações deste domingo que até montou um [gabinete de crise]. As primeiras
informações sobre as manifestações de fato dão sentido às preocupações do
governo. Grandes multidões já tomam conta das ruas nas principais cidades
brasileiras.

No Rio de Janeiro, dezenas de milhares de pessoas já se
concentram na praia de Copacabana. Em Belo Horizonte, os protestos se
concentram nas imediações da Assembleia Legislativa. Em Brasília, deaenas de
milhares já se concentram nas imediações do Museu da República, e uma passeata
deve ser realizada até a Praça dos três Poderes.

Os ministros receberam ordens para permanecerem em Brasíia.
No Planalto, os últimos dias foram batizados de “semana do fim do
mundo”. Da CPI da Petrobras às vaias dirigidas a Dilma Rousseff, em São
Paulo, tudo parece conspirar contra a presidente.

Pesquisas internas mostram uma deterioração maior da imagem
de Dilma. Sua popularidade está em queda livre e, com apenas dois meses e meio
de segundo mandato, ela perde apoio em todas as camadas da população, e não só
na classe média.

O receio do governo, nas manifestações de hoje, é com o
quebra-quebra, o vandalismo e o aumento do tom contra Dilma.

Auxiliares da presidente admitem que o cenário político
atual é [muito pior] do que o de junho de 2013, quando ocorreram vários
protestos pelo País. O diagnóstico reservado é um só: diante de uma rebelião na
base aliada do governo e do mau humor dos eleitores, qualquer fagulha pode se
espalhar como fogo no canavial.

Levantamentos em poder do governo indicam que a população
não aguenta mais tanta denúncia de corrupção, lamenta a perda de prestígio da
Petrobras, reclama da inflação e associa a classe política à roubalheira.

Prontidão

Surpreendida com o [panelaço] do último domingo, quando
fazia um pronunciamento no rádio e na TV – no qual pediu “paciência”
com a crise -, Dilma convocou os ministros que compõem a coordenação do governo
para ficarem de prontidão, hoje, em Brasília. À noite haverá uma reunião da
presidente com os auxiliares, no Palácio da Alvorada, que servirá de termômetro
para os próximos passos.

A manifestação de sexta-feira, puxada por CUT, MST, UNE e
movimentos sociais, foi vista no Planalto com alívio. [Foi um movimento
pacífico, mesmo em São Paulo], observou Miguel Rossetto, ministro da
Secretaria-Geral da Presidência. Os motes daqueles atos eram a defesa da
Petrobras, dos direitos trabalhistas e da reforma política.

A expectativa é que o maior foco do protesto de hoje também
esteja em São Paulo, Estado governado pelo PSDB e reduto anti-PT.

Em jantar com Dilma no Alvorada, terça-feira passada, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou a sucessora a lançar o mais
rápido possível uma [agenda do crescimento], para se contrapor às medidas
amargas do ajuste fiscal. [Até hoje nós não sabemos o que aconteceu em junho de
2013. E se todo o protesto contra tudo o que está aí vier agora com mais
força?], disse Lula a Dilma.

Para o ex-presidente, Dilma errou ao fazer um pronunciamento
muito longo, no Dia da Mulher, sem indicar claramente onde o governo quer
chegar com o sacrifício imposto à população. Lula acredita que, se o governo
não vender esperança nem criar um ambiente de estímulo aos investimentos, o
pessimismo vai continuar. No diagnóstico de Lula, a CPI da Petrobras, mesmo
esvaziada, tem potencial para criar fatos políticos e prejudicar ainda mais o
PT e o Planalto. (Diário do Poder)

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