José Maria Marin está entre os detidos por corrupção em Zurique

O ex-presidente da CBF e da organização da Copa do Mundo de
2014 José Maria Marin, está entre os detidos nesta quarta-feira, 27, em Zurique
e acusados pela Justiça americana de ter recebido propinas milionárias em
esquemas de corrupção no futebol. Segundo fontes que estiveram no lobby do
hotel onde ele estava hospedado, dois policiais carregaram malas e uma pasta
com o símbolo da CBF. Pálido e visivelmente nervoso, ele foi conduzido a um
carro.

A Justiça americana confirmou a prisão e indicou que parte
das propinas se referiam à organização da Copa do Brasil, Taça Libertadores da
América e mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin é acusado de [conspiração]
e pode ser extraditado aos EUA.

Segundo os americanos, quem também será acusado é José
Hawilla, fundador da Traffic Group.

O Ministério Público da Suíça também realizou uma operação
nesta manhã, confiscando na sede da Fifa documentos e computadores sob a
suspeita de que cartolas receberam propinas para votar nas sedes das copas de
2018 e de 2022. O MP suíço confirmou que abriu uma investigação penal contra os
dirigentes. Nesse caso, dez pessoas estão sendo investigadas.

Por enquanto, a polícia não confirma os nomes dos envolvidos
e, questionado pelo Estado, o Departamento de Justiça se recusou a dar até
mesmo as nacionalidades dos envolvidos.

Numa operação surpresa, policiais suíços prendem cartolas da
Fifa atendendo a um pedido de cooperação judicial dos EUA. O foco é a delegação
da América Latina e um total de 6 dirigentes da região foram conduzidos à
delegacia de Zurique para responder a acusações de corrupção e desvio de verbas
em “torneios de futebol da América Latina”.

Às vésperas da eleição que colocaria Joseph Blatter para
liderar por mais quatro anos a Fifa, as autoridades desembarcaram na manhã
desta quarta-feira no luxuoso hotel Baur au Lac, em Zurique, para proceder com
as prisões. Comunicado da polícia não revela por enquanto os nomes dos
suspeitos, mas dá informações de que se trata de uma operação focada nos
dirigentes da Conmebol e da Concacaf. Segundo o documento, as propinas chegaram
a R$ 100 milhões de dólares. Suspeitos de corrupção por décadas em uma série de
escândalos, os cartolas são acusados de fraude, lavagem de dinheiro e uma série
de crimes financeiros. Os policiais exigiram da recepção do hotel as chaves dos
quartos e iniciaram uma série de prisões.

Os nomes dos suspeitos, por enquanto, não foram revelados.
Mas as acusações apontam para o recebimento de propinas em troca de apoio para
votar por países que sediarão as Copas de 2018 e 2022. A Fifa chegou a realizar
sua própria investigação. Mas alegou que não encontrou qualquer sinal de
irregularidade. Joseph Blatter concorre para o quinto mandato como presidente
da Fifa Acordos comerciais também foram investigados pela Justiça americana, no
que resultou também em suspeitas de pagamentos ilegais para dirigentes. Mais de
dez cartolas, porém, seriam denunciados, num duro golpe contra Joseph Blatter e
seus aliados.

Entre os suspeitos estão Jeff Webb, presidente da Concacaf e
representantes das Ilhas Cayman, e Eugenio Figueiredo, até pouco tempo
presidente da Conmebol. Durante a Copa do Mundo no Brasil, Figueiredo comentou
ao jornal O Estado de S. Paulo que a polícia [jamais agiria contra a Fifa]. [Isso
é um blefe. Não existe nada. Se existisse, eles já estariam aqui], disse, em
relação a uma eventual operação ainda no Copacabana Palace.

Neste caso, as investigações foram lideradas pela
procuradora americana Loretta Lynch, que pediu a colaboração das autoridades
suíças. A Justiça americana quer que os suspeitos sejam agora extraditados, num
processo que pode levar meses. Grande parte do escândalo envolveria cartolas da
América Central e América do Norte, uma das bases de Blatter nas eleições. Com
reservas de US$ 1,5 bilhão e tendo lucrado mais de US$ 5 bilhões com a Copa do
Mundo no Brasil em 2014, a Fifa parecia ser até pouco tempo uma potencia
paralela, blindada da Justiça. A operação, liderada por cerca de uma dúzia de
policiais, se transforma no maior escândalo já vivido pela entidade mergulhada
em crises e casos de corrupção.

Fontes indicaram ao Estado que Blatter não está entre os
suspeitos. Mas parceiros seus que por anos o garantiram votos também fizeram
parte do grupo de suspeitos. Um dos visados é ainda Jack Warner, que por anos
mandou no futebol do Caribe até ser suspenso por desvio de verbas. As eleições
estão marcadas para sexta-feira, em Zurique, e Blatter tem insistido que não vê
motivos para deixar o cargo. Segundo ele, uma reforma tem sido realizada por
anos para garantir a credibilidade da entidade.

Ali bin Al Hussain, único candidato contra Blatter, se
limitou a dizer que hoje é [um dia triste ao futebol]. Já a Fifa indicou que
aguarda [esclarecimentos] para poder se pronunciar. Enquanto isso, o
secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, indicou nesta manhã que não estava
sabendo das prisões.

Tensão

O clima de tensão entre os cartolas é evidente. A reportagem
tentou questionar o vice-presidente da Fifa, Issa Hayatou, se ele temia também
ser alvo de uma operação e a reação de seus assistentes foi a de empurrar a
reportagem acusando-a de ser [mau-educada]. [Isso é pergunta que se faça?],
gritava um dos seus assistentes, enquanto empurrava a reportagem.

Rumores entre as delegações também indicavam que Blatter
poderia adiar as eleições, marcadas para esta semana. O suíço cancelou sua
agenda para o dia e não compareceu a pelo menos dois eventos que ele pediria
votos.

Mas Fifa confirmou que a eleição será mantida e que as
prisões são [boas para a Fifa]. [Obviamente que o momento não é bom. Mas essa
era a única forma de limpar], declarou Walter de Gregório, que insiste que
Blatter está [relaxado] e [fora de qualquer acusação].

Ele também confirmou: a Copa de 2018 e 2022 ocorrem na
Rússia e no Catar.

Entre os delegados da entidade, muitos se questionavam
quantos presidentes de federações tentariam sair da Suíça antes de uma eventual
nova operação da polícia. (Diário do Poder)

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