Alba promove sessão especial para celebrar o outubro rosa

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) promoveu, na tarde desta quarta-feira (23), uma sessão especial como parte da campanha Outubro Rosa 2019. A solenidade foi proposta pela deputada Maria del Carmen Lula (PT), pela bancada feminina e pela Comissão dos Direitos da Mulher na Casa. Neste ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde lançaram a campanha com foco em três pilares estratégicos no controle da doença: prevenção primária, detecção precoce e mamografia.

O presidente da ALBA, deputado Nelson Leal (PP), abriu os trabalhos, destacando a importância da campanha no combate ao câncer de mama. “Precisamos entender que a prevenção é fundamental. É uma doença agressiva e que gera dor ao paciente e aos familiares”, frisou. A deputada Maria del Carmen Lula apontou para um dos principais desafios no combate ao câncer: a dificuldade de acesso das mulheres ao serviço de saúde.

“Acredito que não devemos encarar o Outubro Rosa apenas como uma campanha pontual, mas como meio para colher dados sobre a qualidade de vida das mulheres, sobre a frequência com que as mesmas fazem o exame preventivo, como anda o acesso integral à saúde na rede SUS dos municípios, de forma a fazer com que as gestões se debrucem sobre esta realidade. Isso faria com que o trabalho de prevenção fosse garantido durante todo o ano”, explicou.

Maria del Carmen também expôs a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que prevê o registro de 2.870 novos casos de câncer de mama na Bahia. “Se pensarmos na quantidade de mulheres que não conseguem acessar os serviços de tratamento com facilidade, o nosso grande desafio é o acesso integral à saúde”.

A deputada Olívia Santana  (PC do B), presidente da Comissão dos Direitos da Mulher, enfatizou a necessidade de se fortalecer órgãos governamentais como a Secretaria estadual de Política para Mulheres (SPM) e a Secretaria estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). “São duas secretarias muito importantes, porque lidam com a política para mulheres e para a população negra. São populações em desequilíbrio. Temos que levar isso em conta, pois há uma desigualdade entre negros e brancos, homens e mulheres”, disse, afirmando que a campanha Outubro Rosa simboliza um ato de afirmação e superação das mulheres.

O deputado Jacó Lula da Silva (PT), integrante do colegiado na Casa, relatou a perda da sua mãe no ano de 2018 para o câncer de mama. O parlamentar colocou seu mandato à disposição para buscar melhorias para as vítimas da doença. A deputada Fátima Nunes Lula (PT) também destacou a necessidade de fortalecimento da política pública para atendimento às pacientes.

Coordenadora da bancada feminina na ALBA, deputada Neusa Lula Cadore (PT) lançou mão de uma estatística  que envolve mulheres com câncer de mama: “Cerca de 70% delas são abandonadas pelos companheiros”. Neusa também registrou a importância do Hospital da Mulher Maria Luiza Costa dos Santos, em Salvador, no atendimento às mulheres. A parlamentar ainda destacou a necessidade de se ter mais mulheres no poder, pois, assim, as políticas voltadas para o público feminino poderão ter maior apoio nas esferas políticas. Diretora de administração do Hospital da Mulher, Avana Cavalcante expôs dados de atendimentos da unidade de saúde. Em seu discurso, a gestora contou que cerca de 63% das pacientes que se submetem à quimioterapia no hospital são portadoras do câncer de mama.

A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, se emocionou ao contar sua experiência de vida por ter enfrentado um câncer no ano de 2008 e elogiou a atuação do Hospital da Mulher, inaugurado pelo Governo do Estado no ano de 2017. Moema alertou para a importância do acompanhamento dos familiares das pacientes com câncer de mama. “O apoio da família tem papel fundamental na autoestima da mulher. E a família também precisa de suporte. Eu defendo que a cirurgia plástica gratuita para vítimas do câncer de mama seja assegurada pelo poder público”, argumentou.
Julieta Palmeira, secretária estadual de Política para Mulheres (SPM), representou o governador Rui Costa no encontro. Para a titular da SPM, o mês de outubro, período em que ocorre a campanha de combate ao câncer de mama, representa uma celebração da vida para as mulheres vitimadas pela doença. “Nós temos campanha Outubro Rosa desde 1990, mas mesmo assim continuamos tendo casos de câncer que são descobertos tardiamente”, disse, alertando para a necessidade do autoexame de mama para detectar a doença em seu estágio inicial.

O Hospital da Mulher também foi mencionado pela subsecretária de Saúde do Estado da Bahia, Teresa Cristina Paim Xavier Carvalho. Ela afirmou que é preciso ter um olhar especial para o acompanhamento dos processos quimioterápico e cirúrgico. Superintendente de Prevenção à Violência, da Secretaria de Segurança Pública (SSP), coronel da Polícia Militar Lázaro Raimundo Oliveira Monteiro falou da campanha Ligadas Por Fios. A ação organizada pela SSP durante o Outubro Rosa consiste na arrecadação de mechas de cabelos para confecção de perucas que ajudarão na recuperação da autoestima de mulheres submetidas ao tratamento. 

A subcoordenadora da Atenção Materno-Infantil da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), Michele Sacramento, frisou que o câncer de mama é a segunda maior causa de morte de mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele. Também presente ao evento, a médica mastologista Fernanda Hansen lembrou que o diagnóstico precoce é importante para que o tratamento seja exitoso. “Tempo é vida”, enfatizou. A especialista também chamou a atenção para o baixo número de mulheres que realizam o exame de prevenção da doença. 

Kátia Baldini, coordenadora de enfermagem do Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (Naspec), levou ao público sua experiência à frente da entidade que possui uma casa de apoio a pacientes com câncer que chegam do interior da Bahia. “É preciso ter noção de que só colocar laço rosa na campanha não salva vidas. Precisamos de ações e políticas públicas efetivas”, alertou. A defensora pública Analeide Accioly, que representou o defensor público geral da Bahia, Rafson Saraiva Ximenes, colocou a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) à disposição para eventuais casos que demandem assistência jurídica.

A voluntária e articuladora do Instituto de Prevenção Ivete Sangalo, em Juazeiro, Katússia de Almeida, se emocionou ao relatar o período em que teve que lutar contra um câncer de mama. “A gente nunca imagina que isso um dia vá acontecer conosco. Há 12 anos, as mulheres tinham resistência à mamografia. Atualmente, isso continua igual”, contextualizou. Katússia ainda passou uma mensagem de incentivo para as mulheres que lidam com a doença: “O câncer não é uma sentença. Existe vida após isso”. (Agencia Alba).
Foto: JulianaAndrade/AgênciaALBA

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