O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) anunciou
neste sábado (27/11) que o governador de São Paulo, João Doria, venceu as
prévias do partido e será o candidato da legenda às eleições presidenciais de
2022.
Ele venceu nas prévias o governador do Rio Grande do Sul,
Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Segundo o PSDB, Doria
recebeu 53,99% dos votos dos filiados.
PSDB faz prévias em meio a tentativa de recuperar relevância
para 2022
“Senhoras e senhores, tucanos e tucanas, brasileiros de
todos os recantos do país, o PSDB decidiu que o nosso candidato à presidência
da República em 2022 é o governador João Doria”, anunciou o presidente
nacional do PSDB, Bruno Araújo.
João Doria, de 63 anos, entrou na vida pública como
secretário de Turismo de São Paulo e presidente da Paulistur (1983-1986) no
governo Mário Covas.
Formado em jornalismo e publicidade, fundou em 2003 o grupo
de empresários Lide.
Foi prefeito de São Paulo entre 2017 e 2018, renunciando ao
cargo para concorrer ao governo do Estado, mesmo após prometer publicamente que
completaria o mandato.
Elegeu-se ao governo paulista em 2018, ao atrelar sua
campanha à do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), utilizando o slogan “BolsoDoria”.
Posteriormente, rompeu com o presidente durante a pandemia,
buscando afastar sua imagem da postura negacionista de Bolsonaro com relação ao
vírus.
As prévias do PSDB foram marcadas por uma falha no processo
de votação, que adiou em uma semana a conclusão da escolha do candidato do
partido à presidência.
O processo começou no domingo passado (21/11) mas foi
interrompida após falhas no aplicativo de votação – o partido suspeita de
ataque por hackers. Neste sábado, a votação começou às 8h e foi encerrada às
17h.
Esta foi a primeira vez que o PSDB realizou prévias para
escolher seu candidato à presidência, num processo marcado por rusgas entre os
candidatos e desgaste público da legenda.
“Fazer democracia não é fácil, mas é o melhor
caminho”, declarou Doria neste sábado, antes do anúncio da sua vitória. “Estamos todos no mesmo barco. Queremos novo caminho de entendimento,
dentro do PSDB e com outros partidos”, completou.
Tentativa de recuperar a relevância
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, as
prévias do PSDB são parte de uma tentativa do partido de recuperar relevância e
protagonismo no cenário político brasileiro.
O partido foi fundado em 1988, a partir de uma cisão do
antigo PMDB (atual MDB) com uma inspiração na chamada social-democracia
europeia. O PSDB venceu duas eleições presidenciais consecutivas (1994 e 1998),
com Fernando Henrique Cardoso.
A partir de então, perdeu quatro disputas nacionais seguidas
para o PT: 2002, 2006, 2010 e 2014. Apesar disso, manteve sua dominância em
estados considerados poderosos como São Paulo e Minas Gerais e se consolidou,
neste período, como a principal força de oposição aos governos petistas.
Após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, o PSDB se
aliou ao então presidente Michel Temer (MDB) e passou a integrar diversos
ministérios. Em 2018, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preso
como resultado da Operação Lava Jato, a expectativa era de que o partido
pudesse voltar ao poder.
No entanto, seu candidato na época, o ex-governador de São
Paulo Geraldo Alckmin, ficou em quarto lugar com apenas 4,76% dos votos. Além
disso, o partido viu sua participação na Câmara dos Deputados despencar. Em
2014, o PSDB elegeu 54 deputados e era a terceira maior bancada da Casa. Quatro
anos depois, o partido elegeu apenas 29, ficando em nono lugar.
O desafio de João Doria em 2022 será grande, uma vez que ele
não aparece entre os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto
realizadas até o momento. Nas pesquisas, Doria tem aparecido atrás de Lula,
Bolsonaro, do ex-ministro Sergio Moro (Podemos) e de Ciro Gomes (PDT). (BBCNews).
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