Novo tratamento pode reduzir em mais de 30% risco de morte em pacientes com câncer de colo de útero

Pacientes com câncer de câncer de
colo de útero persistente, com recidiva ou metastático contam com um novo e
forte aliado. No final de 2021, foi aprovado pela Food and Drug Administration
(FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados
Unidos, um tratamento que pode reduzir em 36% o risco de morte. A expectativa é
que a combinação do imunoterápico pembrolizumabe com a quimioterapia seja
adotada também no Brasil, que registra mais de 16,7 mil casos/ano,
com 6,5 mil óbitos/ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer
(Inca).

Exceto o de pele não melanoma, o
câncer de colo de útero (ou cervical) é o terceiro tumor maligno mais frequente
entre as mulheres brasileiras, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a
quarta causa de morte de mulheres por câncer no país. É causado pela infecção
persistente por tipos oncogênicos do Papilomavírus Humano (HPV), como observa a
oncologista da Clínica AMO, Aknar Calabrich, dentro das ações da campanha Março
Lilás, mês dedicado à saúde da mulher, com atenção a este tipo de câncer.

“Consideramos uma grande
conquista no tratamento do câncer cervical metastático. O estudo conduzido em
vários países do mundo demonstrou que o uso de imunoterapia com pembrolizumabe
associado a quimioterapia aumentou significativamente a sobrevida livre de
progressão e a sobrevida global das pacientes, reduzindo o risco de morte em
36%, independentemente do uso concomitante de bevacizumabe [medicamento que
pode também ser utilizado durante o tratamento]”, explica a especialista,
acrescentando que os oncologistas aguardam com grande expectativa essa
aprovação para uso no Brasil.

Diagnóstico e cura

O câncer de colo de útero é uma
doença típica de países pobres e subdesenvolvidos. “No entanto, quando
diagnosticado na fase inicial, as chances de cura chegam a 100%”, reforça Aknar
Calabrich, que é oncologista clínica, chefe da divisão dos tumores
ginecológicos da Clínica AMO e diretora de planejamento do grupo EVA – Grupo
Brasileiro de Tumores Ginecológicos.

O exame preventivo, chamado
Papanicolau, é o principal aliado para detectar as lesões que antecedem o tumor
e é feito em consultas ginecológicas. É indicado para pacientes com colo do
útero, entre 25 e 64 anos, e que já tiveram atividade sexual. Vale destacar que
a recomendação inclui homens trans e as consultas com o ginecologista devem ser
feitas anualmente, quando é determinado o intervalo entre o exame preventivo.

O câncer de colo de útero pode
não apresentar sintomas na fase inicial, por isso a importância dos exames
preventivos para a detecção das lesões pré-malignas ou malignas em estágios
iniciais. Nos casos mais avançados, a paciente pode ter sangramento vaginal
intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal
associada a queixas urinárias ou intestinais, como explica a especialista.

Vacina contra HPV

Está relacionada à
diminuição do risco de contágio pelo HPV a chamada prevenção primária. A
transmissão da infecção ocorre por via sexual, por lesões microscópicas na
mucosa ou na pele da região anogenital. O uso de preservativos durante a
relação sexual protege parcialmente do contágio pelo HPV, mas a vacina é
considerada a principal estratégia na prevenção da infecção e consequente
desenvolvimento do câncer de colo de útero.

Em 2014, a vacina tetravalente
contra o HPV foi inserida no calendário de imunizações do Brasil para meninas
de 9 a 13 anos. Em 2017, o Ministério da Saúde (MS) liberou o acesso gratuito
para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra
os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os
dois últimos respondem por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero,
segundo o Inca.

Como a imunossupressão é
reconhecida como um dos principais fatores de risco para infecção crônica pelo
HPV, em março de 2021, o MS ampliou a vacina contra HPV até 45 anos para mulheres
com HIV/Aids, transplantadas de órgãos sólidos e medula óssea e em tratamento
para câncer (radio e/ou quimioterapia). (Ascom).

Foto: Divulgação

Tópicos