Enquanto o PT faz terrorismo na TV, com o intuito de
amedrontar os brasileiros e levá-los a votar pela reeleição da candidata Dilma
Rousseff, é importante colocar o debate político nos trilhos da sensatez.
O que terá acontecido para que o partido se lançasse no
desespero, no tudo ou nada, antes mesmo da campanha eleitoral começar
oficialmente? Resposta: há uma vigorosa exigência de mudança pulsando no
coração e na mente dos brasileiros. Para se ter a dimensão daquilo que
realmente assusta o PT, vale a pena conferir alguns números pouco conhecidos do
último Datafolha.
O desejo de que as ações do próximo presidente sejam
diferentes das ações da presidente Dilma já é compartilhado em todas as camadas
sociais, incluindo-se os mais pobres e a classe média: 69 entre os que ganham
até dois salários mínimos, 76 entre dois e cinco salários mínimos, e 81 entre
cinco e dez salários mínimos. Nas regiões Norte e Nordeste, já são 67
favoráveis à mudança. Nas faixas etárias de 16 a 34 anos, pode-se chegar a 80.
O PT, que sempre se julgou dono de parcelas importantes
da população, surpreendeu-se com a grande virada país afora. Não percebeu o
esgotamento do falso modelo maniqueísta, dos bons vs. os maus, do nós vs. eles,
que permanentemente tentam nos impor.
Com uma trajetória marcada pela arrogância, de dono da
verdade, detentor de todas as virtudes, o partido abandonou os ideais sob os
quais foi fundado. Da defesa intransigente da ética, acabou sócio da corrupção.
Nasceu se apresentando como partido dos trabalhadores; virou um partido
financiado pela elite econômica do país. Propunha um novo modo de governar e
vem destruindo o patrimônio público dos brasileiros, cujo mais eloquente
exemplo é o que ocorre na Petrobras. Pregava o respeito à democracia e vem
assumindo, sem constrangimento, a defesa da censura aos meios de comunicação.
Essas e outras contradições estão na base da rejeição
enfrentada hoje pelo PT.
Com a nova propaganda, o partido passa a si mesmo um
atestado de fracasso. Depois de quase 12 anos no poder, não festeja o que
deveria ser o seu legado. Não tendo mais esperança ou confiança, oferece aos
brasileiros o medo e a ameaça.
Os fantasmas que estão assustando o país não são os do
passado. São os fantasmas do presente. O fantasma da inflação, que voltou a
assombrar as famílias, do crescimento medíocre da economia, da corrupção
desenfreada, das promessas não cumpridas e da falta de rumo do país.
E, ao final, ainda subestimam a inteligência dos
brasileiros ao tentar nos convencer de que, para mudar, é preciso deixar tudo
como está.
O novo talvez ainda não tenha nome. Mas o velho tem:
chama-se arrogância e manipulação. Chama-se PT.
Aécio Neves é senador (PSDB-MG) e presidente nacional do
PSDB
Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo