Dilma diz confiar em Obama sobre fim de espionagem

Em resposta ao ressurgimento de
notícias sobre o esquema mundial de espionagem dos Estados Unidos, a Secretaria
de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República divulgou nota neste
sábado (4) reafirmando que a presidenta Dilma Rousseff mantém a confiança no
compromisso assumido pelo presidente norte-americano, Barack Obama, de que seu
governo não voltaria a investigar o Brasil e empresas brasileiras
clandestinamente. Como este site mostrou mais cedo, a Agência Nacional de
Segurança (NSA, na sigla em inglês) norte-americana espionou não só a chefe de
Estado nos últimos anos (até 2013), mas também integrantes e ex-integrantes
importantes do governo nas áreas econômica, financeira e diplomática.

De acordo com informações obtidas
em primeira pela Agência Pública e pela revista CartaCapital, foram 29 os alvos
da espionagem norte-americana, entre eles o ex-ministro da Casa Civil, Antonio
Palocci. Até o celular do assistente pessoal de Dilma, Anderson Dornelles,
responsável pelos telefonemas privados da presidenta, foi rastreado. Sequer o
avião presidencial ficou livre da [bisbilhotagem] dos EUA, mostrou a
reportagem.

Na nota (leia íntegra abaixo),
Dilma diz considerar o assunto ?superado? ? como mais cedo já havia dito o
ministro da Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva. ?Em
várias circunstâncias, a presidenta Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack
Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o governo e empresas
brasileiras, uma vez que os EUA respeitam os ?países amigos??, diz trecho da
mensagem.

Ainda segundo a Presidência da
República, a parceria estratégica entre Brasil e Estados Unidos se tornará cada
vez mais sólida, com relação baseada no respeito mútuo e no desenvolvimento de
ambas as nações. A referência à aliança bilateral se deve ao fato de que Dilma,
há dois anos, cancelou sua primeira viagem oficial aos EUA justamente depois da
série de revelações sobre espionagem norte-americana em todo o mundo.
Coincidentemente, as reminiscências do caso vêm à tona na mesma semana em que a
visita presidencial finalmente foi realizada.

[A presidenta acabou de chegar de
uma viagem produtiva aos Estados Unidos e vários acordos foram fechados. O foco
agora é a manutenção das boas relações com os Estados Unidos e os futuros
investimentos], observou o ministro Edinho Silva.

Em vídeo

Emissoras de TV e demais veículos
de imprensa em todo mundo noticiaram o episódio. A Globonews, por exemplo,
veiculou desde as 8h deste sábado (4) informações sobre a lista de 29
brasileiros na mira da NSA, segundo dados originalmente divulgados pelo site Wikileaks
e pela publicação online The Intercept. Reportado pela jornalista Sônia Bridi,
o caso difere do que foi revelado pelo Fantástico (TV Globo), em 2013, com base
em dados vazados pelo ex-agente da NSA Edward Snowden: agora, trata-se de lista
de espionados que aumentou na proporção em que o esquema de espionagem se
expandiu.

[Quando está a bordo do avião
presidencial, a presidente Dilma se comunica com o mundo usando um telefone via
satélite da empresa Inmarsat. O número deste telefone é um dos grampeados pela
Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA, além de quatro números
do escritório da presidente no Palácio do Planalto, o assessor pessoal da
presidente, Anderson Dornelles, e a secretária Nilc], diz trecho da reportagem
da Globonews (assista aqui ao vídeo). [Quando foi feita a revelação de que a
NSA espionava a presidente Dilma [em 2013], o documento havia sido manipulado
para esconder quem eram as pessoas ligadas à presidente que eram monitoradas.]

Nomes como o ex-ministro da Casa
Civil Antonio Palocci e o atual titular do Planejamento, Nelson Barbosa, então
secretário-executivo do Ministério da Fazenda à época da espionagem, integram a
lista de investigados clandestinamente. Diversos personagens da área
diplomática ? como o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, então
subsecretário-geral de Meio Ambiente e atual embaixador do Brasil em Washington
? também estiveram na mira da NSA.

Confira a íntegra da nota:

[A respeito das notícias
veiculadas pela revista CartaCapital e pelo portal G1 sobre escutas realizadas
clandestinamente pelo governo dos Estados Unidos contra a presidenta Dilma
Rousseff e outras autoridades do governo brasileiro, a Secretaria de
Comunicação da Presidência da República informa que a presidenta considera o
episódio superado.

Em várias circunstâncias, a
presidenta Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que
não haveria mais escutas sobre o Governo e empresas brasileiras, uma vez que os
EUA respeitam os [países amigos].

A presidenta Dilma reitera que
confia no presidente Obama e no compromisso por ele assumido. Os EUA e o Brasil
tornarão cada vez mais forte a sua parceria estratégica, que está baseada no
respeito mútuo e no desenvolvimento de seus povos.

Secretaria de Imprensa ? SECOM

Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República

(Congresso em Foco)

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

 

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