Amigos e familiares se despedem do professor Jorge Cazumbá

Amigos, familiares e alunos se
despediram, na manhã desta terça-feira (23), do professor Jorge Antônio de
Araújo Cazumbá. Ele tinha 75 anos, morava em Feira de Santana, e morreu após
passar mal em Salvador na última segunda-feira (22).

O velório, que acontece no
Cerimonial Imperial, localizado no bairro Serraria Brasil, contou ainda com a
presença de secretários e políticos que trabalharam com o professor. O Acorda
Cidade conversou com o filho do professor, Vinícius Cazumbá, que falou sobre os
últimos momentos do pai que não aparentava ter problemas de saúde.

“Ele não estava apresentando
nenhum problema grave de saúde, mas, de uns três meses pra cá estava alegando
que estava sentindo um cansaço muito grande. Toda vez que ele andava muito,
sentia muita falta de ar e aí a gente ficou preocupado, mas ele sempre muito
discreto, eu falava “pai vamos fazer os exames”. Ele passou mal uma vez em
Salvador, não me contou e aí eu descobri que ele não quis me incomodar e
ultimamente, em dezembro ele tinha feito os exames laboratoriais, tinha dado
tudo normal e eu falei com ele para fazer uma consulta, mas não teve tempo,
infelizmente. Foi da vontade de Deus ele desencarnar no domingo. Ele estava com
os meus familiares em Cajazeiras e ia para o centro espírita, como de costume
todo fim de semana, era palestrante lá no Centro Espírita Mansão dos Humildes,
em Cajazeiras 7. Após o almoço ele se sentiu mal e meu outro irmão lá por parte
de pai o acolheu, ligou para o Samu, demorou um pouco, mas levou às pressas de
carro. Infelizmente não chegou a tempo, já chegou sem os sinais vitais no
hospital”, disse.

Referência como professor e um
exemplo de grande homem na família, para Vinícius, o pai deixará um grande
legado.

“Meu pai é minha referência em
tudo, um homem íntegro, homem de respeito, sempre respeitou as pessoas, sempre
foi um cara de muito amor e muito leve, então a idoneidade dele, o respeito e a
entrega dele para tudo que fazia é minha referência, então meu pai será meu
espelho e eu levo todos os valores que ele me ensinou e ensino a minha filha,
Lavinía, que era o chamego dele, a bênção dele. Deixou o legado não só para
mim, mas para a Feira de Santana, que ele contribuiu bastante não só como
professor, mas como pessoa. A gente vê muitas mensagens, eu quero agradecer as
mensagens que eu tenho recebido, tanto no meu celular, no celular dele e no
Instagram, a gente vê o carinho das pessoas, a gratidão das pessoas e eu também
vou ser muito grato a meu pai, por tudo que ele me ensinou. Ele gostava muito
do Acorda Cidade, o pessoal sempre dava os parabéns dele no aniversário e ele
já me acordava, de manhã cedo falando e era certo, sempre recebia os parabéns
dia 16 de setembro”.

Vários políticos que tiveram a
oportunidade de trabalhar junto a Jorge Cazumbá também aproveitaram para dar o
último adeus ao professor. O colega que virou amigo, o ex-prefeito de Feira de
Santana e médico, Tarcísio Pimenta, contou detalhes de como soube do
falecimento do professor.

“Realmente são as surpresas que a
vida nos reserva e ontem pela manhã, recebi um telefonema de uma pessoa muito
ligada ao professor Cazumbá me relatando esse fato. Nos entristece muito, nos
deixa cada dia mais reflexivos. Há 15 dias, o professor Cazumbá esteve comigo
no hospital, não para tratar de um assunto dele de saúde, para tratar de
assunto de uma outra pessoa que ele estava acompanhando, amiga dele, que estava
com problemas na família, ele me procurou para a gente encontrar uma saída.
Estava bem, achei um pouco emagrecido, mas não fiz qualquer comentário, já que
ele também não tratou do assunto, me relatou que estava relativamente bem de
saúde e retornou no outro dia, resolvemos o problema, liguei para ele, dei uma
satisfação a ele, ele me agradeceu e sempre tivemos essa cordialidade, sempre
tivemos essa relação de amizade sincera com o professor Cazumbá”.

Tarcísio Pimenta ainda relembrou
a convivência com Jorge Cazumbá e sua contribuição no governo municipal.
Segundo o médico, este é um momento também de agradecer à família o legado que
o professor deixou.

“Foi nosso assessor na Prefeitura
de Feira, uma pessoa extremamente preparada, culta. Muita gente de Feira de
Santana passou pelos conhecimentos e pelas mãos do professor e eu só tenho a
agradecer e pedir a Deus que conforte a família e que coloque o professor
Cazumbá no lugar que ele merece. Com certeza, Deus reservou um local muito
especial para ele. Era espírita por natureza, gostava do espiritismo, era
adepto de Allan Kardec e seguidor também de várias autoridades espíritas. É uma
pessoa que eu só tenho gratidão. Fiz questão de vir aqui abraçar a família, o
seu filho Vinícius e todos aqueles que estão aqui nesse momento. Vão ficar as
recordações, as lembranças boas do aprendizado, daquele riso que ele sempre
teve, não o riso falso, mas sincero. Quantas pessoas não recorriam ao professor
Cazumbá” É uma palavra colocada, é a gramática, é uma vírgula, um ponto de
interrogação, um ponto de exclamação, os três pontos, os dois pontos. Sempre
ele era um consultor, um bom consultor, uma pessoa que se dedicava à língua
portuguesa, uma pessoa que tinha conhecimentos?.

Presente no velório, o também
ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho destacou o
profissionalismo de Cazumbá atuando na atividade de docente. José Ronaldo
também desejou condolências à família de Jorge.

“Jorge sempre foi um grande
colaborador, uma pessoa sempre presente, sempre ativa e colaborou muito com a
gestão, especialmente na questão de projetos, as correspondências da prefeitura
e, particularmente falando, Jorge foi mais além. Jorge foi professor de
português de meus filhos, Fabinho e Camila. Além do mais, sempre tive a ele
muito respeito e atenção e esse respeito e atenção eram recíprocos. Então eu
quero aqui abraçar aos familiares, abraçar aos amigos, nesse momento já de
saudade que a partida dele e que Deus conforte a todos. Ele sempre foi uma
pessoa muito preparada, todo mundo sabe disso, um grande conhecedor da nossa
língua, um professor exímio e uma pessoa que sabia lidar com todos, com a
educação, com respeito, no âmbito familiar, sempre respeitador. Uma pessoa que
é um prazer a gente conviver aqui na terra”, reforçou.

O prefeito Colbert Martins Filho
também deixou uma mensagem de conforto a família e amigos de Jorge Cazumbá. De
acordo com ele, o professor de português era muito elogiado pela sua
responsabilidade e bom humor com seus colegas de trabalho.

“Representou muita qualidade nos
textos que ele redigia, nas leis, tudo o que dependia dele poder fazer. Uma
escrita correta, um português adequado. E tudo isso era Jorge Cazumbá, que
fazia a leitura final dos decretos, dos projetos de lei, dos encaminhamentos
para a Câmara de Vereadores, dos discursos que a gente, na Câmara, se
pronuncia, todos aqueles balanços, tudo passava por Jorge Cazumbá. Não vai ser
fácil substituí-lo, ele é uma pessoa que já há mais de 20 anos estava fazendo
esse trabalho e com a qualidade do que ele fazia. Portanto, agora que Cazumbá
não está mais, nós vamos ter um desafio, achar alguém que seja o Jorge II. Eu o
encontrei há mais ou menos uns 15 dias atrás, carregando 4 garrafas de mel e
brinquei com ele, disse, “Cazumbá, onde é que tem essa apiário aqui na
prefeitura?” Aí ele deu risada, como sempre, aquele sorriso tranquilo, e quando
foi semana passada, ele passou por mim e disse, “olha, vou trazer uma garrafa
daquele mel para você”. Infelizmente, isso não vai poder acontecer agora, mas a
sua lembrança, essa, permanece forte. Nós precisamos fazer uma homenagem a ele,
justa, porque ele foi e é um grande cidadão, um grande pai e um grande irmão”,
finalizou.

O sepultamento de Jorge Antônio
de Araújo Cazumbá acontece às 11h desta terça-feira (23), no cemitério Jardim
Celestial. (Paulo José/Acorda Cidade).

Foto: Paulo José

 

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