O Sertão foi ao 2 de Julho

Por que comemoramos a
Independência da Bahia no 2 de Julho de 1823, se a Independência do Brasil foi
em 7 de Setembro de 1822?

Talvez muitas pessoas se façam
esse questionamento. A resposta pode partir da compreensão de que o “grito
do Ypiranga”, evento que designou um pretenso rompimento entre Brasil e
Portugal, não deu conta de efetivar a nossa Independência.  D. Pedro I ao fazer o ato simbólico às
margens do rio Ypiranga, precisou de muita articulação militar e política para
consolidar a separação de Portugal. É aí, 
onde entra o 2 de Julho na Bahia.

A Bahia,  foco de resistência das tropas Portuguesas,
foi palco de conflitos sangrentos por terra e mar entre um incipiente, mas
aguerrido exército brasileiro, e as tropas experimentadas de Portugal. Nos
combates entre Salvador e o recôncavo, sobretudo Cachoeira, contou com reforços
de um contingente sertanejo, que se somou ao comando do General Pedro Labatut.
Vindos de Sergipe, os combatentes foram recebendo reforços por cada Vila por
onde passavam, sendo uma de grande importância, a Vila de Itapicuru de Cima:

“Neste local, antigo quartel
?”Santo Antônio do Camuciata?” em 1823, o capitão-mor João DAntas dos Imperiais
Itapicuru, membro da Junta Interina que governou a Bahia em Cachoeira, partiu
com uma tropa de 500 cavaleiros para lutar em prol da Independência da Bahia ,
nos campos de Pirajá, sob o comando do General Pedro Labatut. Deste sítio
histórico, seguiu também, com seus filhos e patriotas da Independência, de
Itapicuru para a Província de Sergipe, com um contingente de 2000 homens, para
aclamar D. Pedro I, Defensor Perpétuo do Brasil, nos municípios de Tobias
Barreto, Lagarto, Santa Luzia, Estância e São Cristóvão”. Eis um registro
epigráfico recente, fixado à cabeceira do berço na família Souza Dantas,
produzido na encruzilhada entre História e Memória”.

A freguesia de Tucano, vila
pertencente de Itapicuru de Cima à época, mesmo distante do centro dos embates
se viu envolvida ao 2 de Julho. Coube aos filhos do capitão-mor João Dantas dos
Reis, Ignácio Dantas e João Dantas Filho, articular entre as vilas do sertão de
Itapicuru a aclamação de D. Pedro I, estimulando também o sentimento de
nacionalidade. Após a aclamação realizada pela Câmara de Itapicuru, o Coronel
Ignácio Dantas determina ao Capitão José Félix de Andrade juntamente com o
Vigário da vila Domingos da Rocha Vianna que realizem a aclamação do Imperador:

?Portaria do Cel. Ignácio dAntas
dos Reys Leite ordenando ao Cap. José Félix de Andrade que, de acordo com o
Reverendo Vigário Domingos da Rocha Vianna, providencie para a aclamação de D.
Pedro I nosso Imperador na vila de Tucano”.

Pela portaria do Coronel
Comandante Ignácio Dantas dos Reis Leite, e mais povos cidadãos que todos
abraçando em  unânime concurso exprimiram
que era a sua verdadeira vontade aclamar-se nesta freguesia pública e festivamente
ao mesmo senhor por Imperador Constitucional deste mesmo. Com esta livre
deliberação, logo o sobredito Reverendo Senhor Vigário estando-se, proclamou em
festivos, altos e inteligíveis vozes por três vezes as seguintes vivas: Viva o
nosso Alto e Poderoso Imperador, e Perpétuo Defensor da Independência Política
do Brazil, depois de que em as mesmas vozes se deram as vivas a Mui Alta
Senhora Imperatriz respondidos todos com alegria e entusiasmo pela tropa e
cidadãos. Ficava assim realizada a Proclamação ao Primeiro Regente do Brasil
Imperial.

Em 1837, ficaria emancipada e
nomeada a Villa Imperial de Tucano. A partir de 1992 os moradores da Rua 2 de
Julho iniciaram a tradição de celebrar a data que nomeia a rua, sendo
incorporada posteriormente aos festejos oficiais da Prefeitura Municipal.

Artigo de André Carvalho

Foto: Divulgação

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