Éden Márcio Lima de Almeida,
oficial titular do Tabelionato de Protesto de Títulos da comarca de Feira de
Santana, foi afastado do cargo por determinação da Corregedoria-Geral de
Justiça (CGJ) do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Ele responde a uma ação
por homicídio qualificado cometido contra a bancária Selma Regina Vieira da
Silva, em abril de 2019.
A portaria publicada pela CGJ
nesta quinta-feira (3) indica que o afastamento será válido até o trânsito em
julgado da ação penal, ou seja, até a conclusão definitiva do processo. Sendo
assim, o oficial titular do 2° Ofício Extrajudicial da comarca de Caetité,
Adriano Appolinário Macedo Gonçalves, foi designado como interventor.
Com o afastamento, a CGJ
estabeleceu que o delegatário deverá receber 50% da renda líquida da serventia.
A outra metade será depositada em conta bancária especial, com correção
monetária. Se ele for absolvido, receberá a quantia contida na conta, porém, se
condenado, o montante caberá ao interventor. Também foi determinada a suspensão
dos acessos de Éden Márcio a todos os sistemas e contas do cartório.
Éden foi denunciado pelo
Ministério Público da Bahia (MP-BA) em novembro de 2020. Ele, que na época do
crime também ocupava o cargo de presidente do Instituto de Protestos e Títulos
do Brasil, seção Bahia, foi absolvido pelo 1º Juízo da 2ª Vara do Tribunal do
Júri de Salvador, mas o MP recorreu da decisão.
O CASO
O delegatário e Selma estavam
juntos há 24 anos e tinham duas filhas. Ela trabalhava como bancária e
financiou a faculdade de Direito do marido, graduação que o habilitou a se
inscrever no concurso público para o tabelionato.
Segundo a denúncia, Éden mantinha
um relacionamento extraconjugal com a estudante Anna Carolina Lacerda Dantas ?
ré na mesma ação penal ? e a situação teria sido aceita por Selma por medo da
separação e perda da guarda das crianças. Aos familiares, como relata a peça do
MP-BA, Selma já havia revelado situações de agressão física e psicológica, e
que era forçada a manter relações a três com outras mulheres para satisfazer os
desejos sexuais do seu esposo.
Éden e Selma teriam conhecido
Anna Carolina através de uma amiga do casal. Já nos primeiros contatos, como
relatou a jovem em depoimento, ela afirmou estar em conflito com a mãe que
teria a expulsado de casa. Foi então que o casal autorizou que ela e outras
duas amigas ficassem em um imóvel deles, no bairro da Pituba, até conseguirem
se restabelecer. Elas permaneceram no apartamento por três meses e neste
período, conforme o MP-BA, mantiveram relações sexuais com o acusado.
Com o passar do tempo, Anna
Carolina já integrava a rotina do casal e era apresentada para a família como
se fosse uma amiga e para terceiros como se fosse uma sobrinha, tendo sido,
inclusive, cadastrada como moradora no condomínio onde viviam em Salvador. Além
disso, o MP-BA constatou que os boletos da faculdade da jovem eram encaminhados
para a residência de Éden e Selma.
Neste cenário, de acordo com a
denúncia, Éden teria se apaixonado pela estudante e a partir daí passaram a
viver um triângulo amoroso junto com a vítima.
Conforme o Ministério Público da
Bahia, no dia do crime, a bancária e os dois suspeitos foram a uma festa onde
usaram entorpecentes e álcool. A denúncia aponta que, horas depois, já na casa
do casal, houve uma discussão entre os três. Foi quando a vítima foi
?brutalmente? agredida em várias partes do corpo, como cabeça, nádegas, coxas,
joelhos, braços e rosto, segundo o laudo cadavérico. Selma Regina veio a óbito
três dias depois, em decorrência de hemorragia intracraniana decorrente de
trauma crânio encefálico.
Em agosto de 2022, o então
corregedor-geral do TJ-BA, desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano, já
havia determinado a perda da delegação ao delegatário Éden Márcio Lima de
Almeida. (Camila São José-Bahia Noticias).
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