Um homem
morreu após uma explosão em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na
Praça dos Três Poderes, em Brasília,
na noite de quarta-feira (13). Momentos antes, outras explosões
aconteceram em um carro que estava no estacionamento do Anexo IV da Câmara
dos Deputados.
O intervalo entre as
explosões nos dois locais foi de 20 segundos. Bombeiros e militares
especializados em explosivos foram ao local, que
ficou isolado, para fazer uma varredura. Até a última atualização desta
reportagem, o corpo de Francisco
Wanderley Luiz não havia sido retirado do local.
A Polícia Militar do Distrito
Federal faz
uma varredura, na manhã desta quinta-feira (14), na Praça dos Três Poderes,
para verificar se há mais explosivos no local. As atividades no Supremo e na
Câmara foram suspensas até o meio-dia.
Confira abaixo o que se sabe
e o que falta esclarecer sobre o caso.
- Foram
quantas explosões? - Quem
era homem que morreu? - Quais
artefatos foram usados? - O
que aconteceu antes das explosões? - Quem
está investigando o caso? - O
que dizem as testemunhas? - Como
estão os locais das explosões? - Alguém
mais ficou ferido? - O
que acontecia nos prédios dos três poderes? - Pontos
que faltam ser esclarecidos
1 – Foram quantas explosões?
Não havia um número exato de
explosões até a última atualização desta reportagem. Porém, é possível afirmar
que foram dois eventos principais com explosões, em um intervalo de 20
segundos. Primeiro, às 19h30, em um carro estacionado no Anexo IV da
Câmara dos Deputados. Na sequência, outra explosão que matou um homem em
frente ao STF.
2 – Quem era o homem que
morreu?
De acordo com o Boletim de
Ocorrência da Polícia Civil, a vítima da explosão foi identificada como
sendo Francisco Wanderley Luiz, o proprietário do veículo que também
explodiu no estacionamento entre o STF e o Anexo IV da Câmara dos
Deputados.
O carro tem placa de Rio
do Sul, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Francisco Wanderley Luiz,
conhecido como Tiu França, foi candidato
a vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu (ele
teve 98 votos naquela disputa).
3 – Quais artefatos foram
usados?
Até a última atualização
desta reportagem, não havia informações oficiais sobre quais tipos de artefatos
explosivos foram usados pelo homem. O esquadrão antibombas foi acionado e fez
uma varredura nos locais.
No porta-malas do veículo do
homem foram encontrados materiais
parecidos com explosivos e tijolos, além de outros objetos. Também foram
registradas imagens com fogo e fumaça no veículo. Parte das explosões no carro
se parecia com fogos de artifício, o que não foi confirmado.
4 – O que aconteceu antes das
explosões?
Antes da explosão em frente
ao STF, o Francisco
Wanderley Luiz tentou entrar no prédio. Ele jogou um explosivo embaixo da
marquise do edifício, mostrou que tinha artefatos presos ao corpo a um
vigilante, deitou-se no chão e acionou outro explosivo na nuca.
Em um relato à Polícia Civil,
um segurança do STF afirmou que o homem estava com uma mochila, de onde tirou
uma blusa, alguns artefatos e um extintor. Quando o segurança tentou se
aproximar, o homem “abriu a camisa” e o segurança viu algo semelhante
a um relógio digital, acreditando ser uma bomba. Dois ou três artefatos foram
lançados pelo homem e estouraram antes dele se deitar no chão.
No Boletim de Ocorrência,
também consta que o homem compartilhou mensagens pelo aplicativo WhatsApp
que antecipavam o que aconteceu na Praça dos Três Poderes, “manifestando
previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a
bomba contra pessoas e instituições”.
Segundo a Polícia
Civil, ele alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal, dias atrás.
O Boletim de Ocorrência afirma que na casa, que passava por perícia até a
última atualização desta reportagem, policiais encontraram a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) de Francisco. Um popular informou aos policiais
que o homem esteve no local e usava uma “carretinha” no veículo.
5 – Quem está investigando o
caso?
A Polícia
Federal (PF) abriu inquérito para investigar as explosões, que será enviado
ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Um inquérito sobre o caso também
foi aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal.
6 – O que dizem as
testemunhas?
No momento do ocorrido, a
funcionária do Tribunal de Contas da União (TCU) Layana Costa estava em um
ponto de ônibus em frente ao STF. Segundo ela, um homem passou, segurando
uma sacola, e acenou com “um joinha”. Os
relatos das testemunhas foram de barulho muito alto das explosões.
A mulher afirma que, em
seguida, ouviu a primeira explosão e, ao olhar para trás, viu que o homem
jogou algo perto da estátua da Justiça e logo caiu. “Do nada a gente ouviu
o barulho, eu olhei para trás e saiu fogo. Aquela fumaça”, afirmou.
Carlos Monteiro, dono de um
food truck no estacionamento do anexo IV da Câmara dos Deputados, onde houve a
explosão de um carro, contou que viu o carro pegando fogo.
“Me informaram que ele
parou o carro, tirou as coisas de dentro do porta mala e desceu com mochila nas
costas e, de repente, a gente escutou as explosões, quando foi olhar, um
fumaceiro muito forte, carro pegando fogo e ficamos sabendo que teve esse
óbito”, disse.
7 – Como estão os locais das
explosões?
Logo após as explosões,
o perímetro da Praça dos Três Poderes foi isolado pelos policiais. O esquadrão
antibombas foi até lá para fazer uma varredura e verificar a existência de
mais explosivos nos arredores, inclusive em veículos e no corpo do homem que
morreu. A segurança foi reforçada.
Além da parte externa, os
prédios do STF passarão por uma varredura completa para verificação de
eventuais artefatos na madrugada e manhã desta quinta-feira (14). O expediente
foi suspenso até o meio-dia em todos os prédios, e a situação será
reavaliada ao longo da manhã.
Todas as atividades
administrativas e legislativas da Câmara dos Deputados também foram suspensas ao
menos até o meio-dia desta quinta.
8 – Alguém mais ficou ferido?
Além da morte de Francisco
Wanderley Luiz, não havia informações de pessoas feridas até a última
atualização desta reportagem.
9 – O que acontecia nos
prédios dos três poderes?
No momento do
incidente, ocorriam sessões na Câmara e no Senado, que
foram suspensas. A sessão do STF já havia terminado, e ministros
e servidores foram retirados em segurança. O presidente Lula
não estava mais no Planalto ? e não houve ordem para evacuar o prédio.
10 –
Pontos que faltam ser esclarecidos
– Quais
ou quem eram os alvos das explosões?
– Qual
a motivação para explodir os artefatos?
– Quais
tipos de artefatos explosivos foram usados?
– Onde
os explosivos foram adquiridos?
– O
homem agiu sozinho ou há mais pessoas envolvidas?
– Quando
ele visitou os locais antes das explosões?
– O
que havia dentro da casa alugada em Ceilândia?
– Desde
quando ele estava no Distrito Federal?
– O
homem conversou ao telefone com alguém antes das explosões?
– O
que havia no colete preso ao corpo dele?
Por Ederson Hising, g1
Foto: TV Globo/Reprodução