O
ambiente externo permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura
e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os
ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do
Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em
promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente
marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário
externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes.
Em
relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica
e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo. A inflação cheia e as
medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente
apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.
As
expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus
elevaram-se de forma relevante e situam-se em 5,5% e 4,2%, respectivamente. A
projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual
horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de
referência (Tabela 1).
Persiste
uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para
a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as
expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de
inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de
serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e
(iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham
impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa
de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa,
ressaltam-se (i) impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual
desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a
projetada; e (ii) um cenário menos inflacionário para economias emergentes
decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições
financeiras globais.
O
Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política
fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos
agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue
impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos
agentes.
O
cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de
inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade
econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária
mais contracionista.
O
Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual,
para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de
convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade
econômica e fomento do pleno emprego.
Diante
da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê
antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na
próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude
total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de
convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da
inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à
política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do
hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram
por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo
(presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco
Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo
Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira. (Banco Central).
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