Jutahy Magalhães diz que a candidatura de Rui Costa foi imposta por Wagner

O deputado federal Jutahy Magalhães, liderança do PSDB
baiano, destaca o favoritismo da chapa da oposição, encabeçada pelo democrata
Paulo Souto.

Em clima de otimismo, o tucano diz que o nome de Souto
?surgiu da vontade popular?, enquanto o nome de Rui Costa, pré-candidato
petista, foi ?imposto? pelo governador Jaques Wagner (PT). Segundo ele, tal
fato deixou ?sequelas? no PT e também nos partidos aliados.

Em tom crítico, Jutahy diz que o alinhamento entre
Wagner e o governo federal não trouxe benefícios para a Bahia e destaca que o
chefe do Executivo está sem prestígio para transferir votos.

Sobre a Copa do Mundo, ele diz que torcerá pelo Brasil,
mas critica as obras superfaturadas e a falta de prioridade na saúde e
educação.

Tribuna da Bahia – Como o senhor avalia essa fase de
pré-campanha ao governo estadual na Bahia?

Jutahy Magalhães – Primeiro acho que nós temos uma
candidatura favorita ao governo que é de Paulo Souto, que surgiu da vontade
popular. Toda candidatura no campo da oposição tem que surgir da vontade da
população, e ficou demonstrado durante todo o período, antes da definição, que
ele estava sendo o catalisador do sentimento de frustração, decepção e de perda
de esperança, em relação ao governo do PT. Dessa forma, ele surgiu de uma
vontade popular que teve a competência de ser coordenada pelo prefeito ACM
Neto, que foi o coordenador dessa aliança poderosa com os principais partidos
de oposição no estado. Fizemos uma chapa muito forte com Geddel Vieira Lima ao
Senado e Joaci Góes para vice, e estamos fazendo uma aliança com diversos
partidos, como o PTN, PROS, PV, PPS. Acredito também que faremos com o
Solidariedade.

Tribuna – O senhor acredita que essa unidade deu a liga
que a oposição esperava para tirar o PT do poder?

Jutahy – Não tenho dúvidas. Acho que tudo de positivo
que poderia ocorrer em relação a chapa da oposição, a chapa da mudança,
ocorreu. Nós saímos com o candidato mais forte que poderíamos ter ao governo, o
mais forte que poderíamos ter para o Senado, unimos todas as forças políticas.
Há um sentimento na Bahia de frustração em relação ao governo do PT, sentimento
de que chega do PT, ninguém aguenta mais o PT. A população identificou em Paulo
Souto um homem maduro, com experiência administrativa, um técnico competente e
que tem uma vida austera e limpa. A população identificou nele esse desejo de
ter um governo eficiente, pois, o que é que se busca em um candidato a
governador? É que ele produza um governo de menos injustiça social e menos
ineficiência administrativa. Nós temos certeza que Paulo Souto pode representar
isso.

Tribuna – O movimento de Geddel em indicar Joaci para a
chapa surpreendeu o PSDB, já que o partido indicaria o ex-prefeito de Mata de
São João, João Gualberto?

Jutahy – É público no meio político e entre as forças
que participaram desse processo de que a posição do PSDB era 90 favorável a
ter Paulo Souto como pré-candidato a governador, assim como achávamos que
Geddel era o mais forte para o Senado. Nós fizemos um trabalho com uma posição
clara nos bastidores, principalmente, junto ao coordenador, o prefeito ACM
Neto, defendendo isso de forma ostensiva. Defendíamos também que o PSDB deveria
participar da chapa e que o nome mais forte era o de João Gualberto. Quando
recebi na véspera da decisão um telefonema do prefeito ACM Neto, dizendo que o
presidente do PMDB, Geddel Vieira Lima, informava que para fazer a aliança, ele
desejava que o nome fosse o Joaci Góes, eu disse: – Podem dormir
despreocupados. Agora eu é que não vou dormir, pois vou ter que informar ao João
Gualberto que o nome não será o dele. Mas, podem ficar tranquilos, pois Joaci é
um grande amigo, uma pessoa altamente qualificada intelectualmente, conhece bem
a Bahia e as questões administrativas, portanto, nós aceitamos a sugestão do
nome de Joaci, pois quem indica o candidato é o partido e ele é do PSDB. O
partido vai indicar o nome de Joaci, vamos facilitar essa unidade e trabalhar
agora para que o PSDB eleja três deputados federais no mínimo. Os três nomes
são o de João Gualberto, o de Imbassahy e eu, que também disputarei para
deputado federal.

Tribuna – Qual o senhor acha que deve ser a estratégia
da oposição para obter êxito no processo eleitoral na Bahia?

Jutahy – Primeiro tudo que tinha que dar certo do nosso
lado nessa pré-campanha deu. Nós nos unimos, fizemos a melhor aliança que
poderíamos fazer, há um sentimento de cansaço do PT na Bahia, temos o melhor
candidato e tudo que poderia dar errado em relação ao governo deu. As forças do
governo receberam goela abaixo uma candidatura imposta pelo governador. O
governador Jaques Wagner fez um modelo coronelista, com candidatura chapa
branca oficialista. É indiscutível que ele apresentou o modelo das buscas das
maiorias sucessivas. Ele fez maioria dentro do PT, impôs ao PT o nome de Rui
Costa. É óbvio que o candidato natural do PT era o senador Walter Pinheiro,
sendo o nome mais forte. Nos diversos partidos coligados existiam nomes mais
fortes do que a candidatura de Rui Costa. Otto Alencar (PSD), Marcelo Nilo
(PDT), Lídice da Mata (PSB) eram os mais fortes do que o Rui Costa. É óbvio que
essa imposição ao PT deixou sequelas no PT e também nos partidos aliados, então
é uma candidatura que surge de forma fragilizada pela sua construção. Enquanto
a candidatura surgiu da vontade popular, a de Rui Costa foi imposta por uma
vontade governamental. Isso tudo nos dá uma grande largada, como a própria
pesquisa mostrou Paulo Souto com 42 e Rui com 9 .

Tribuna – Como o senhor avalia o governo Wagner? O
governador vai ter dificuldades em transferir votos para o candidato?

Jutahy – O governo Wagner frustrou a população, em
relação à expectativa que criou. A ideia de que a Bahia se fortaleceria em
função da relação pessoal do governador Wagner com o ex-presidente Lula e a
presidente Dilma não funcionou. A Bahia perdeu protagonismo político, inclusive
no Nordeste. Os mais beneficiados no Nordeste pelo governo federal foram Ceará
e Pernambuco, não foi a Bahia. As principais obras do governo federal não
andaram na Bahia. A Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) já teve propaganda na televisão,
outdoor com os trens sendo vistos pela população e não se tem um trilho sendo
colocado entre Luis Eduardo Magalhães a Caetité. Tem ainda a parte muito
atrasada de Caetité, em relação ao Porto Sul que não existe. Se a ferrovia
estivesse pronta, simplesmente não teria como se escoar a produção. Você tem um
parque eólico pronto na Bahia, inclusive a iniciativa privada construiu e a
parte do governo federal não está pronta há mais de um ano. Temos uma seca que
foi a maior de todos os temos e o semiárido se sentiu completamente abandonado.
É terrível que a BR-101 não seja duplicada só na Bahia. Chega-se a um escândalo
de que duplicação da BR-101 Sul começa no Rio de Janeiro e Espiríto Santo e só
entra vinte quilômetros na Bahia, no Extremo Sul até a porta da empresa de
celulose. Esses vinte quilômetros que vão chegar na Bahia só vai terminar daqui
há dez anos pelo ritmo da obra. Não conseguiram fazer um modelo para a
duplicação da estrada porque não sabem se fazem concessão, se é por orçamento.
Isso tudo são onze de governo do PT no campo federal e que impacta no estadual.
O aeroporto de Salvador não conseguiram terminar. Suspenderam a obra e a
promessa é de terminar somente após a Copa do Mundo. A Bahia não foi
prioridade. Sem contar a situação gravíssima na área de saúde e de segurança
pública. Nós estamos com uma perda de qualidade de vida da população,
principalmente dos mais jovens e mais pobres, no sentido de ter um gigantesco
índice de assassinato, além da quantidade de pessoas que morrem pela ausência
de um atendimento médico e por não termos a saúde no padrão que a Bahia merece.

Tribuna – O senhor acredita que esses motivos
dificultarão a transferência de prestígio?   

Jutahy – Olha, o governador não tem força de eleger Rui
Costa. Ele teve a força para impor a candidatura de Rui Costa e empurrar goela
abaixo para o PT e os seus aliados, mas a população da Bahia não vai aceitar
essa imposição.

Tribuna – Como avalia a disputa para o Senado? Qual a
expectativa ?

Jutahy- Eu tenho absoluta convicção de que o Paulo Souto
será o primeiro colocado no primeiro turno. Podemos até levar a eleição no
primeiro turno. Sendo assim, eu sempre disse a Geddel: – Você é o candidato
mais forte que nós temos, pois começa com mais de 30 e o Paulo Souto sendo o
primeiro colocado você passa a ser instantaneamente o favorito para ganhar a
eleição. Na Bahia, a única vez que o senador se elegeu diferente do governador
foi em 1962, isso tem 52 anos, porque o Waldir perdeu a eleição por pouco e a
chapa dele toda se elegeu, que era Josaphat (Marinho), (Antônio) Balbino e
Orlando Moscoso. Tirando essa história, sempre o senador é da chapa do mais
votado. Eu tenho convicção de que como Paulo Souto acaba o primeiro turno em
primeiro lugar, o Geddel, com a força pessoal que tem, a força do PMDB e da
aliança, ele é o favorito para ganhar a disputa ao Senado.

Tribuna – Como avalia as três principais campanhas no
plano nacional, com a presidente Dilma (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e o
ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB)?

Jutahy – Há um sentimento muito forte na Bahia na
disputa estadual do fora PT, de cansei do PT. Essa realidade da Bahia ainda
está concentrada na questão estadual, mas já há esse cenário de fora PT no Sul,
Sudeste e Centro Oeste também para a questão nacional. Então, na minha visão
temos hoje a candidatura de Aécio Neves crescendo, que já chegou, conforme
pesquisa, a 20 . É uma candidatura que tem um poder gigantesco em Minas Gerais
e que está crescendo no Sul, Sudeste e Centro Oeste. Minha convicção é de que
teremos dois turnos, com Aécio na disputa.

Tribuna – Como a oposição irá fazer para reverter o
favoritismo de Dilma na Bahia?

Jutahy – Eu acho que a candidatura de Aécio vai crescer
naturalmente na Bahia a partir do horário eleitoral porque se tornar um
conhecido em um estado, na Bahia e no Nordeste precisa-se de exposição maciça e
isso só acontece com o horário eleitoral. O fato de termos uma chapa poderosa e
favorita no estado o ajudará bastante.

Tribuna – O senhor acredita na possibilidade de candidatura
do ex-presidente Lula?

Jutahy – Eu acho que essa fase passou. O PT compreendeu
que o volta Lula seria o atestado público do governo de Dilma.

Tribuna – A presidente Dilma será atingida pela questão
da compra da refinaria de Pasadena?

Jutahy – A Petrobras precisa voltar a ser um patrimônio
nacional. É um símbolo nacional e eu tenho uma vinculação afetiva maior do que
o normal das pessoas porque meu avô foi Juracy Magalhães, foi o primeiro
presidente da Petrobras, então eu ouço falar da Petrobras desde que nasci,
sobre a sua importância, como empresa, a simbologia para o Brasil. A Petrobras
se transformou numa empresa a serviço do PT e de seu projeto do poder, usando
mecanismos que são deploráveis, desde a ineficiência, desde decisões ideológicas
atrasadas e corrupção. Utilizam a Petrobras como compra de apoios políticos e
de ascensão patrimonial e social dos seus dirigentes e quadros. Eu me
solidarizo com os funcionários decentes da Petrobras que estão envergonhados
com o quer está acontecendo. A Petrobras foi a única empresa no mundo que
conseguiu aumentar as suas reservas do petróleo, através do pré-sal, e ao mesmo
tempo se desvalorizar em 60 – vale hoje 40 do que valia no início do governo
Dilma -, e aumentar gigantescamente o seu endividamento. Não é possível. Quer
dizer, isso é uma demonstração inequívoca dos absurdos cometidos contra a maior
empresa nacional.

Tribuna – O senhor acredita que a falta de preparo do
país para a Copa do Mundo terá reflexos no resultado da eleição em outubro?

Jutahy – Primeiro que eu sou torcedor do Brasil e
estarei assistindo aos jogos, torcendo pela nossa seleção. Muitas pessoas me
perguntam se terá efeito na eleição e eu digo que não. Não vejo efeito, nem
ligação direta de ganhar ou perder. Mas acho que a Copa do Mundo não era uma
prioridade trazer para o Brasil e as obras que estão sendo feitas muitas delas
estão atrasadas e superfaturadas, com corrupção. As obras poderiam ser feitas
sem nenhum desses desvios, sem a Copa. O Brasil precisava de aeroportos?
Precisava. Não precisa ter a Copa para se reformar os aeroportos. Precisa-se de
mais mobilidade urbana? Precisa. Que se fizesse o metrô, o BRT. Você não
precisava da Copa para ter isso. Se vincular a existência dessas obras aos
turistas que vão chegar é um desrespeito aos 200 milhões de brasileiros que
moram no país. É um escândalo se fazer os jogos em 12 sedes. O ex-presidente
Lula queria em 17. Fez em 12. A Copa está no Brasil, vamos torcer, agora é
óbvio que o governo querer transformar o Mundial em um evento propagandístico
não funcionou por incompetência e porque a população percebeu que há um
desperdício em áreas que não são prioritárias. O padrão Fifa deveria ser para a
educação, saúde e não para muitos estádios que ficarão fechados, após a Copa.

Tribuna – O PSDB sairá maior dessa eleição no estado?

Jutahy – Estou otimista de que faremos no mínimo três
deputados federais. Estou acreditando e trabalhando muito por minha eleição.
Imbassahy e João Gualberto também estão trabalhando muito e muito bem posicionados.
Acho provável que nós três possamos nos eleger, claro que isso vai depender da
vontade da população, mas estamos bem posicionados. Podemos eleger quatro
deputados estaduais no mínimo. Acho que a fase do petismo na Bahia acabou.

Tribuna – Há expectativa de que sejam feitos dois
chapões na oposição. Essa arrumação vai facilitar a eleição de uma bancada
maior de deputados estaduais e federais?

Jutahy – Em termos numéricos, o ideal era ter uma chapa
só. Se você conseguisse isso faria mais deputados porque não se desperdiçaria
as sobras, mas, politicamente, é praticamente impossível fazer. Mas, isso não
terá nenhuma implicação para o sucesso da chapa majoritária.

Tribuna – Qual a mensagem que o senhor deixa para a
população da Bahia e qual a expectativa para o processo eleitoral que a partir
de agora começa a se afunilar?

Jutahy – Primeiro a expectativa de que tenhamos um
processo democrático com a participação intensa da população, que a vida
pública pode ser feita de forma decente e séria em busca do melhor para a
população e que o eleitor procure o candidato que se identifique com esse ideal
de servir a população. Eleição é a oportunidade que a população tem para
escolher aqueles que podem melhor servir. Estou absolutamente convencido de que
estamos apresentando para a Bahia e o Brasil os melhores nomes para servir a
população que são Paulo Souto para governar o estado e Aécio Neves para
governar o país.

Osvaldo Lira/Tribuna da Bahia

Colaboraram: Fernanda Chagas e Lilian Machado.

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