Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, diferentes
testemunhas atestaram que o apartamento triplex do edifício Solaris, na praia
do Guarujá, em São Paulo, foi construído e reformado pela OAS para a família do
ex-presidente Lula, ao contrario das tentativas de desmentido.
Os promotores do caso, os mesmos que já investigavam os
desvios milionários na Bancoop, a cooperativa habitacional do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, há décadas controlados pelo PT, agora apuram se a
empreiteira OAS, uma das mais enroladas no petrolão, usou apartamentos no
prédio do Guarujá para lavar dinheiro e beneficiar indevidamente figurões como
Lula.
Os depoimentos confirmam denúncia da revista Veja, publicada
em outubro, e trazem detalhes de como a reforma no apartamento de Lula. Um
engenheiro que trabalhava para a OAS quando a obra foi executada contou que
Lula fez uma [vistoria-padrão] no apartamento. Ele disse que apenas abriu a
porta do trIplex para o ex-presidente, que estava acompanhado do coordenador de
engenharia da empreiteira.
O dono da empresa especializada em reformas contratada pela
OAS para remodelar o apartamento disse que estava na obra quando foi surpreendido
pela chegada da ex-primeira-dama Marisa Letícia e de mais três homens – entre
eles Lulinha e o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, o amigo de Lula que
mais tarde viria a ser preso pela Lava-Jato.
O zelador do prédio contou aos promotores que Lula e Marisa
estiveram no imóvel pelo menos duas vezes e que, para a chegada dos visitantes
ilustres, a OAS ordenou que o prédio passasse por uma limpeza e fosse decorado
com [arranjos florais]. O zelador disse ainda que, durante uma das visitas,
seguranças de Lula travaram o elevador enquanto o petista estava no imóvel, o
que fez com que moradores de outros apartamentos se queixassem.
A promotoria tende a ajuizar um processo contra os
envolvidos no caso, segundo divulgou Veja. Ao mesmo tempo que agradava Lula, a
OAS multiplicava o saldo devedor de outros mutuários da Bancoop que haviam
adquirido apartamentos. Do empresário Walter Didário, por exemplo, a
empreiteira cobrou 600?000 reais além do que ele já tinha pago. [Eu me sinto um
completo idiota], diz ele. A construção do edifício e a luxuosa reforma no trIplex
não foram os únicos favores prestados pela empreiteira a Lula. Como também a
revista revelou, a OAS bancou ainda a reforma do sítio que a família frequenta
em Atibaia (SP). (Diário do Poder)