Sabedoria popular

Na data dedicada aos
namorados, 12 de junho, a enamorada de tantos meninos rolou no Itaquerão.
Realizou-se o sonho do ex-presidente Lula, no estádio do seu ?Curintian?,
Brasil e Croácia abriram a Copa do Mundo de Futebol de 2014.  Mas, enquanto chegava o tempo do certame,
manifestações de desagrado eclodiram nos quatro cantos do país.

As obras nas arenas, ao que
se diz superfaturadas, gastos milionários na construção de aeroportos e demais
serviços públicos, muitos inacabados, contraponto da segurança, saúde e
educação caóticas, são combustíveis vorazes alimentando protestos inflamados
dos descontentes.

Contudo, de aparições
populares, greves pacíficas, tudo desandou em manifestações violentas.
Depredações, saques, embates entre manifestantes e forças policiais, com baixas
recíprocas. Impossível olvidar a morte de jornalista atingido por rojão numa
praça carioca.

Informes dizem: violentos
mascarados são agentes infiltrados, entre os que pretendem protestar
pacificamente, para desestabilizar e manchar a imagem dos reivindicantes. Com a
chegada de forças federais, se esvaziam os protestos ficando uma imagem de que
o governo central pode controlar o caos. Especialista em procedimentos de
inteligência utilizados por todas as agencias do mundo, me obrigo a dizer, na
linguagem específica, informe é o dado não tratado, portanto, seria leviano
afirmar que o boato tem fundamento, mas certo é que circula.

Todavia, louco por futebol
desde menino falo agora do certame que se avizinha veloz. Ouço, nos lugares por
onde passo vozes exaltadas que manifestam o desejo de torcer contra o Brasil.
Na esteira dos descontentamentos, referidos admitindo, até, engrossar fileiras
de quem promete ir às ruas protestar contra a realização dos jogos.

Sem dúvida estribam sua
intenção, na certeza de que a derrota dos ?canarinhos? implicará na derrocada
do governo atual e, aproveitando a visibilidade do momento, através das lentes
de jornalistas do mundo inteiro poderão revelar suas legítimas insatisfações.

Seja o informe correto, ou
não, certo é que as manifestações, mesmo ordeiras, perigam vir a ser o leito
por onde poderá correr a violência, fragilizando o sentido do movimento e pondo
em risco milhares de inocentes, muito deles visitantes de todas as partes do planeta.

Perdoem-me os discordantes,
mas penso que o dia de protestar com ênfase e resultado objetivo virá em
outubro próximo. No sufrágio consciente será possível referendar os que hoje
comandam nossos desígnios, mantendo seu lugar no continuísmo do status quo
vigente. 

Ao revés, com mão firme de
quem não joga pedras, nem atira bombas e exercita seu direito dever pela força
eficaz do voto, os heróis cidadãos descontentes poderão expurgar tudo ?
corrupção, escândalos, superfaturamento de obras, ruína de empresas, antes símbolos
nacionais ?, na plenitude da segurança e da paz.

Dias destes andava no
Corredor da Vitória, ensopado por chuva benfazeja que tudo lava, e perguntei a
um simples ambulante:

– E aí, que acha da copa?

– Ah doutor, já roubaram
demais. Agora é torcer pelo Brasil.

Agora que a bola rolou,
vamos torcer. Mesmo porque, hoje, em outubro e sempre: Prá frente Brasil.

*
Valdir Gomes Barbosa é ex-delegado-chefe da Polícia Civil e assessor do
Tribunal de Contas do Estado (TCE)

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