O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa
da Lava Jato, em Curitiba, admitiu em entrevista ao Estadão que [é sim possível
e até provável] que acabem com a operação. Para Dallagnol, pessoas [poderosas e
influentes da República] tramam contra as investigações.
Em Brasília, segundo parlamentares com informações de
bastidores, as articulações se concentram no momento para evitar que o
presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, perca o foro privilegiado.
O temor é que, caso a Câmara casse o mandato de Cunha, o
peemedebista decida fazer um acordo de delação premiada para escapar da [pena
pesada] do juiz Sergio Moro.
Informação publicada na coluna de Andreza Matais e Marcello
de Moraes, no Estadão, revela os motivos do medo de parlamentares e do governo
Temer. [Eduardo Cunha mandou avisar a Michel Temer que, se não for salvo, leva
com ele para o fundo do poço 150 deputados federais, um senador e um ministro
próximo ao interino].
O senador Jorge Viana (PT) diz que uma possível delação
premiada de Cunha, [enterraria] o governo de Temer. [Se Eduardo Cunha decidir
ser delator, ele será o maior delator e vai enterrar a nova República, o
governo Temer], afirmou Viana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado.
Analistas também veem potencial de estrago irreparável caso
Cunha decida contar um pouco do que sabe. [Se acontecer, as delações anteriores
parecerão fichinha. O potencial de estrago de uma possível delação do Cunha é enorme],
diz o comentarista econômico do programa Manhattan Connection, Ricardo Amorim.
A previsão do procurador Dallagnol, que podem acabar com a
Lava Jato, se baseia nesse contexto da crise política. Diante de ameaças, como
a da possível delação de Cunha, há a possibilidade de forças políticas se
unirem para bloquear a operação. Assim, se salvariam todos.
Críticos de algumas ações da força-tarefa veem risco de
ocorrerem [vazamentos seletivos] em uma eventual delação de Cunha. Esse
procedimento ilegal poderia comprometer alguns envolvidos e proteger outros.
O Conselho de Ética da Câmara marcou para esta terça-feira
(14) a votação para decidir sobre o pedido de cassação de Cunha por quebra de
decoro parlamentar.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil