Nunca falei que iria arquivar investigação contra Temer, diz diretor da PF

Após declarar que investigações da Polícia Federal não
encontraram provas de irregularidades envolvendo o presidente Michel Temer
(PMDB) no inquérito que investiga o Decreto dos Portos, o diretor-geral da
corporação, Fernando Segovia, afirmou em mensagem enviada a colegas, neste
sábado, 10, que [em momento algum] falou que a apuração seria arquivada. As
declarações de Segovia, em entrevista à Reuters, sugeriam que a tendência da
Polícia Federal era recomendar o arquivamento do inquérito.

À agência, o diretor da PF afirmou ainda que pode abrir
investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes. O
motivo seriam os questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa
do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a [honorabilidade e a
dignidade pessoal] do presidente.

]Em momento algum falei que a investigação vai ser
arquivada. Falei que o delegado Cleyber tem total independência na condução das
investigações. Disse que ele está fazendo uma cabal apuração de todos os fatos.
Infelizmente, dei uma opinião pessoal no final da entrevista. Se pareceu que
havia uma intervenção, foi por causa do repórter que deu a interpretação que
quis ao conjunto da entrevista], afirmou na primeira mensagem.

Fernando Segovia avisou a seus pares, em uma segunda mensagem,
que vai [publicar uma nota de esclarecimento a imprensa, onde será reafirmada a
independência e o respeito ao DPF. Cleyber, o qual pode reafirmar que jamais
houve ou haverá interveniência da DG (Diretoria-Geral) em qualquer investigação
na PF].

Na entrevista, o diretor da PF afirmou que não há indícios
de que a Rodrimar tenha sido beneficiada pelo decreto, editado em 2017. A PF
apura se a medida que ampliou para 35 anos as concessões do setor e favoreceu a
empresa. Além de Temer, são investigados o ex-assessor da Presidência Rodrigo
Rocha Loures, o presidente da Rodrimar, Antônio Grecco, e o diretor da empresa
Ricardo Mesquita.

[No final a gente pode até concluir que não houve crime.
Porque ali, em tese, o que a gente tem visto, nos depoimentos as pessoas têm
reiteradamente confirmado que não houve nenhum tipo de corrupção, não há
indícios de qualquer tipo de recurso ou dinheiro envolvidos. Há muitas
conversas e poucas afirmações que levem realmente a que haja um crime], disse
Segovia à Reuters.

As declarações do diretor-geral da PF provocaram reação
imediata de delegados que participam de investigações de inquéritos especiais,
envolvendo autoridades com foro.

[Os integrantes do Grupo de Inquéritos da Lava Jato no STF
informam que a manifestação do Diretor Geral da Polícia Federal que está sendo
noticiada pela imprensa, dando conta de que o inquérito que tem como
investigado o Presidente da República tende a ser arquivado, é uma manifestação
pessoal e de responsabilidade dele. Ninguém da equipe de investigação foi
consultado ou referenda essa manifestação, inclusive pelo fato de que em três
de anos de Lava Jato no STF nunca houve uma antecipação ou presunção de
resultado de Investigação pela imprensa.] (AE)

Foto: Marcos Correa 

Tópicos