A série de declarações recentes
do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que produziram conflitos e polêmicas, fez o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello e o senador
Angelo Coronel (PSD-BA) sugerirem que o presidente usasse uma mordaça. As
sugestões foram feitas nesta terça-feira (29), um dia depois de Bolsonaro ter
declarado que sabia o paradeiro de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai
do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que
desapareceu após ser preso pela ditadura militar, em 1974.
O ministro do STF questionou os
rumos das manifestações polêmicas do chefe de Estado brasileiro, em entrevista
ao blog de Tales Faria, do UOL. E o senador Angelo Coronel afirmou
para o site Bahia Notícias que tal mordaça evitaria diarreia
verbal do presidente da República.
“No mais, apenas criando um
aparelho de mordaça. Tempos estranhos. Aonde vamos parar?”, disse o ministro
Marco Aurélio Mello.
“Eu acho que nós temos que
colocar uma mordaça no presidente Bolsonaro. Toda a vez que ele abre boca é uma
verdadeira diarreia verbal. Isso é um absurdo”, criticou o senador Angelo
Coronel, durante inauguração da Policlínica de Juazeiro, quando criticou o governo
Bolsonaro por “faltar projetos e governar por meio de Medidas Provisórias e
decretos”.
Nos últimos 11 dias, Bolsonaro
deu diversas declarações com conteúdo falso, sarcástico e preconceituoso,
chegando a afirmar que passar fome no Brasil seria uma “grande mentira”,
recuando da declaração em seguida.
Ontem, Bolsonaro criticava a
posição da OAB em defesa de um dos advogados de Adélio Bispo, autor do atentado
à faca durante sua campanha presidencial de 2018, quando ironizou o
desaparecimento de Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira durante a ditadura
militar.
O presidente ainda afirmou que o
preso político integrava a guerrilha e que teria sido morto por membros da
esquerda, sem apresentar indícios ou provas. Hoje, disse ser “balela” as
conclusões da Comissão Nacional da Verdade sobre o crime de que Fernando
Augusto Santa Cruz de Oliveira foi vítima.
Fernando desapareceu em fevereiro
de 1974, após ser preso por agentes do DOI-Codi no Rio de Janeiro. Ele era
estudante de direito, funcionário público e integrante da Ação Popular
Marxista-Leninista, grupo da juventude católica que lutava contra a ditadura.
Felipe tinha dois anos quando o pai sumiu.
No relatório da Comissão Nacional
da Verdade, não há registro de que Fernando tenha participado da luta armada.
(Com informações da Folhapress e Bahia Notícias)