Deputado diz que insatisfação domina a base governista e garante: “Acabou a cultura do acordo na ALBA”
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) enviou terça-feira (25) seu 22º pedido de empréstimo para a Assembleia Legislativa da Bahia, no valor de R$ 650 milhões. Em menos de três anos, o endividamento do estado já se aproxima dos R$ 26 bilhões. Diante da nova solicitação e da obstrução que marcou a sessão desta quarta (26), o deputado Luciano Simões (UB) conversou com o Soterópolis Notícias sobre a postura da oposição e a recente articulação liderada por ACM Neto.
SOTERÓPOLIS NOTÍCIAS — Como a oposição recebeu esse novo pedido de empréstimo?
LUCIANO SIMÕES — “Da mesma forma que recebemos os anteriores: cobrando transparência. Queremos saber exatamente qual a finalidade desses empréstimos. Ninguém aqui faz oposição por fazer. A Bahia nunca viu uma demanda tão grande de endividamento, e precisamos saber onde esse dinheiro será gasto.”
“O que ouvimos é que o governo está devendo muito a fornecedores, empreiteiras e outros. Queremos clareza: é para pagar débitos? Para novas obras? Para obras paradas? Transparência é um princípio básico da administração pública.”
SN — Há comentários na ALBA sobre deputados da base cogitando migrar para o grupo de ACM Neto. Existe movimento nesse sentido?
LS — “Existe sim. A insatisfação na base do governo é enorme. Quem cobre o dia a dia da Assembleia vê claramente a dificuldade que o governo tem para garantir quórum. Se não tivesse ocorrido um equívoco da liderança da oposição, a urgência do empréstimo passado nem teria sido votada.”
“Há prefeitos e deputados governistas se perguntando por que o governador prioriza municípios da oposição e escanteia quem votou nele. Veja o caso de Jequié. Se ele cumprir tudo o que prometeu lá, não cumpre nem três quintos do que prometeu ao restante da Bahia. E Zé Cocá nem votou nele. A insatisfação é real na base.”
SN — O deputado Sandro Régis reagiu com força na sessão desta quarta (26). Isso tem relação com a reunião de segunda-feira (24) com ACM Neto?
LS — “Com certeza. Sandro Régis é o maior carlista da bancada. Quando ACM Neto conversa conosco, ele nos empolga — e com Sandro isso é ainda maior. Ele é, sem dúvida, o parlamentar mais preparado da oposição: conhece o regimento de ponta a ponta, está no sexto mandato e caminha para o sétimo.”
“A imprensa da Bahia pode ter certeza: nossa postura será mais aguerrida. Estávamos mais brandos, mas chegou a hora de fazer o que deve ser feito — fiscalizar, cobrar transparência, exigir honestidade. O povo da Bahia está vendo que o governo atual é altamente ineficiente.”
SN — A imprensa tem observado que a oposição vinha aceitando muitos acordos no plenário. Isso acaba agora?
LS — “Acaba totalmente. Não haverá mais acordo algum. Essa cultura do acordo enfraquece o Parlamento.”
“Vocês acompanham: plenário esvaziado, votações importantes ocorrendo sem a presença dos deputados. Isso não pode continuar. É hora de ir para cima, de recolocar o Parlamento como casa do debate, das ideias e da política.”
“Como membro da oposição, afirmo: acabou a cultura do acordo. Finalizou.”
Soterópolis Notícias
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