Após Hamas soltar reféns e Israel começar a libertar palestinos, Trump assina cessar-fogo em cúpula no Egito

O grupo palestino Hamas libertou nesta segunda-feira (13/10) os reféns que mantinha presos desde a incursão em 7 de outubro de 2023, segundo informação das Forças de Defesa de Israel (FDI).

Todos os 20 reféns que se acredita estarem vivos foram libertos. Eles foram divididos em dois grupos: sete foram libertos no norte de Gaza no início da manhã e 13 foram libertos no sul de Gaza mais tarde. Os corpos dos que morreram ainda não foram entregues a Israel.

Em troca dos reféns, o serviço prisional israelense afirmou ter transferido 1.968 prisioneiros e detidos palestinos. Os hospitais em Gaza estão se preparando para o retorno deles.

Também nesta segunda, o presidente americano, Donald Trump, assinou o documento de cessar-fogo em uma cúpula de líderes para a paz em Gaza, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito.

A libertação dos reféns faz parte do plano elaborado pelos EUA para encerrar a guerra em Gaza. Os corpos dos reféns falecidos — que seriam até 28 no total — serão entregues posteriormente, disse o Hamas.

A Cruz Vermelha está a caminho de Gaza para recolher os corpos de reféns devolvidos pelo Hamas, segundo o exército israelense.

Uma cópia do acordo de cessar-fogo publicada pela mídia israelense afirma que os restos mortais de todos os reféns mortos devem ser entregues até as 12h de Brasília.

Mas também parece reconhecer que o Hamas e outras facções palestinas podem não conseguir localizar todos eles dentro desse prazo.

O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas afirmou ter sido informado de que somente quatro corpos de reféns falecidos seriam devolvidos nesta segunda.

Posteriormente, o Hamas confirmou os nomes de quatro reféns cujos corpos seriam devolvidos hoje: Guy Illouz, Yossi Sharabi, Bipin Joshi e Daniel Peretz.

O grupo pediu “a suspensão imediata de toda a implementação do acordo” até que todos os reféns falecidos sejam devolvidos de Gaza.

Em uma atualização separada, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que a liberação de somente quatro corpos hoje seria um “fracasso” do Hamas em cumprir seus compromissos.

Já Effie Defrin, porta-voz do FDI, pediu que o Hamas “cumpra sua parte do acordo”.

“Fomos informados de que, ainda hoje, aproximadamente quatro reféns mortos serão devolvidos. Mesmo neste momento, esforços estão sendo feitos em todos os níveis para pressionar pela continuação do processo de devolução dos corpos dos mortos”, disse ele.

No ataque perpetrado pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023, cerca de 1,2 mil pessoas morreram e 251 foram feitas reféns. Estima-se que 48 desses reféns ainda estavam nas mãos do Hamas, embora apenas 20 continuassem vivos.

A resposta de Israel a essa incursão deixou, em dois anos de conflito, mais de 60 mil mortos, muitos deles crianças e mulheres, e foi classificada por uma comissão de investigação da ONU e outras entidades como “um genocídio”.

Os primeiros a comemorar a notícia da libertação em Israel foram os familiares dos reféns.

“Após 738 dias agonizantes de cativeiro, Omri Miran, Matan Angrest, Ziv Berman, Gali Berman, Guy Gilboa-Dalal, Alon Ohel e Eitan Mor voltam para nós, para o abraço de suas famílias, que trabalharam incansavelmente pela sua libertação, de seus amigos e de toda uma nação que acreditou e lutou para que este dia chegasse”, disseram familiares de alguns dos reféns em um comunicado.

E acrescentaram: “Nossa luta não terminou. Ela não terminará até que o último refém seja localizado e devolvido para receber um enterro digno. Essa é nossa obrigação moral. Só então o povo de Israel estará completo”.

Uma nota manuscrita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e sua esposa Sara Netanyahu faz parte de um kit entregue aos reféns recém-libertados quando eles chegarem de volta a Israel.

“Em nome de todo o povo de Israel, bem-vindo de volta!”, diz a nota.

“Estávamos esperando por vocês, lhe damos as boas-vindas. Sara e Benjamin Netanyahu.”

O kit também inclui roupas, um laptop, um celular e um tablet.

Trump: ‘Amanhecer histórico no Oriente Médio’

O presidente americano Donald Trump chegou nesta segunda-feira ao Aeroporto Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv.

Várias figuras estavam presentes para recebê-lo, incluindo Netanyahu e sua esposa Sara, o enviado especial dos EUA Steve Witkoff, o assessor Jared Kushner e sua esposa Ivanka Trump — que é filha do presidente.

Em um discurso no parlamento israelense, em Jerusalém, Trump disse que “este é o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”.

Ele estendeu seus agradecimentos ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a quem chamou de “homem de coragem excepcional”.

Alguns na multidão gritaram “Bibi” — o apelido do primeiro-ministro.

Trump também agradeceu às nações árabes que ajudaram nas negociações, dizendo que é um “triunfo incrível” que eles tenham trabalhado juntos.

Trump disse que agora “será a era de ouro de Israel”, bem como a “era de ouro” para toda a região.

O discurso de Trump foi interrompido quando um deputado da oposição em Israel ergueu um pedaço de papel com os dizeres “Reconheça a Palestina”.

O presidente do Parlamento, Amir Ohana, gritou para que se mantivesse a ordem em meio a fortes protestos contra o deputado, que foi rapidamente escoltado para fora da sala.

Trump retomou seu discurso dizendo que a ação contra o protesto foi “muito eficiente”.

Trump também deve se encontrar com as famílias de alguns dos reféns. Depois, ele viaja para o Egito para uma cúpula sobre a paz no Oriente Médio, onde estarão presentes cerca de 20 líderes mundiais.

Quando questionado mais cedo se gostaria de visitar Gaza, ele respondeu à imprensa a bordo do Air Force One que ficaria “orgulhoso” de fazê-lo.

“Eu conheço muito bem sem ter visitado”, diz ele. “Gostaria de fazer isso, gostaria de pelo menos colocar os pés lá.”

Na cúpula de líderes em Sharm el-Sheikh, Trump convidou o presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, para o “conselho de paz — um organismo internacional que, segundo o plano americano para Gaza, administrará o território em caráter transitório.

Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, deve anunciar um pacote de ajuda humanitária no valor de 20 milhões de libras (R$ 147 milhões) para ajudar a fornecer serviços de água, saneamento e higiene a Gaza.

O financiamento faz parte de um compromisso mais amplo de ajuda no valor de 116 milhões de libras (R$ 856 milhões) em apoio ao povo palestino este ano. BBC NEWS BRASIL

Foto: Israel Defense Forces/Reuters

O refém israelense liberto, Avinatan Or