O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segura desde
o ano passado os pedidos de instalação das Comissões Parlamentares de Inquérito
(CPIs) da União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade controlada (ou
[aparelhada]) pelo PCdoB há décadas, e do Conselho Administrativo de Recursos
Federais (Carf), pra atender a pedido do PT, em cujos governos Lula e DIlma se
verificaram os escândalos de corrupção revelados pela Operação Zelotes, da
Polícia Federal. No caso do Carf, o escândalo envolve também empresários e
políticos ligados a outros partidos.
Em mais de sete meses de gestão, Maia autorizou a criação de
duas CPIs – uma para investigar a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e outra da
[indústria das multas]. Seu antecessor, o deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), autorizou a criação de dez comissões em quase um ano e meio na
presidência. Já Waldir Maranhão (PP-MA), que assumiu o cargo interinamente após
o afastamento e a renúncia de Cunha, autorizou a criação de três CPIs.
O requerimento para a instalação da CPI da UNE foi feito em
outubro de 2016, com o apoio de mais de cem parlamentares, mas está parado até
hoje dependendo do aval de Maia. A CPI investigaria o suposto envolvimento de
integrantes do PCdoB em desvios de recursos por parte da instituição.
Maia, que teve o apoio do partido nas duas eleições para a
presidência da Câmara, teria um acordo para segurar a CPI. Em conversa
reservada com um dos autores do pedido, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ele teria
sugerido que o deputado pedisse a instalação de uma comissão mista, que não
dependeria da autorização do presidente e assim evitaria [constrangimentos].
Sóstenes disse que Maia se comprometeu a instalar a CPI há quase cinco meses,
mas não cumpriu o combinado. [Ele assumiu o compromisso em plenário e até hoje
nada. Lamento, porque tem muita coisa obscura.]
Carf. O caso da CPI do Carf é similar. A comissão já havia
sido instalada, mas foi encerrada em agosto, seis meses após a sua criação, e
sem a votação do relatório final do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). Ele
chegou a pedir mais prazo, mas Maia negou. À época, o parlamentar acusou o
PSDB, também aliado do presidente da Câmara, de atuar para [enterrar] a CPI. Em
seu relatório, Bacelar relatou dificuldades para a investigação avançar, como a
falta de quórum. Por isso, ele reuniu assinaturas para convocar uma nova CPI em
dezembro.
Agora, Bacelar lembrou que Maia é aliado de seu partido e o
classificou como um presidente [democrático] e [solícito]. [Ele demonstrou que
pode deferir o pedido em breve], disse. A assessoria de Maia, contudo, informou
que o pedido é o último da lista de prioridades. (Diário do Poder)
Foto: Divulgação