Agraciado com a Comenda 2 de Julho, a mais alta honraria
concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o provedor da Santa Casa
da Misericórdia, Roberto Sá Menezes, começou muito cedo a trabalhar para quem mais
necessita. Aos 9 anos de idade, tornou-se doador do Instituto de Cegos da
Bahia. Na adolescência, reunia donativos para levar pessoalmente a instituições
como as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Chegou a idade adulta e não parou
mais, criando o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (Gacc).
Essa trajetória foi contada pelo próprio Sá Menezes em
discurso de agradecimento durante a sessão especial, conduzida pelo presidente
da ALBA, deputado Nelson leal (PP), para a outorga da comenda. A homenagem foi
proposta pelo deputado Euclides Fernandes (PDT), que, devido a um compromisso
inadiável, não pôde estar presente. “Fui convocado pelo governador Rui Costa
para acompanhá-lo em uma visita que fará a Jequié, minha principal base
eleitoral, no mesmo dia programado para a entrega da Comenda”, explicou ele.
Coube ao deputado Paulo Câmara (PSDB) fazer as honras na
solenidade, substituindo Euclides. A escolha por Câmara teve razão de ser.
Quando ele era vereador, propôs a Medalha Thomé de Souza (distinção oferecida
pela Câmara Municipal) para Roberto Sá Menezes. “Gostaria de compartilhar com
os presentes a minha profunda satisfação de representar a Casa nesta sessão que
homenageia um homem que, no seu percurso, vem recuperando, construindo,
encaminhando e apoiando vidas”, afirmou.
Economista pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e
especialista em Gestão de Iniciativas Sociais pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), este soteropolitano iniciou sua carreira profissional, ainda
jovem, no Centro Industrial de Aratu e na Esso Brasileira de Petróleo. No Banco
Nacional de Habitação (posteriormente incorporado pela Caixa Econômica) ocupou
cargos de assessoramento e chefia.
No Governo do Estado, atuou na Secretaria de Saneamento e
Recursos Hídricos. Mais tarde, a disposição da prefeitura de Salvador, torna-se
secretário Municipal, presidindo também o conselho de várias empresas e
autarquias. Foi ainda secretário extraordinário de Assuntos Corporativos na
prefeitura de Camaçari.
Mas foi um drama familiar que o levou a criar, junto com a
médica Núbia Mendonça, o Grupo de Apoio à Criança com Câncer. “Em 1985, fomos
surpreendidos com o diagnóstico de um linfoma no meu filho mais velho,
Fabrício, à época com 9 anos”, contou Menezes. “Apesar do imenso medo que se
abateu sobre mim e de toda a minha família, meu filho teve a oportunidade de
encontrar os melhores tratamentos e a bênção de se curar”, recordou ele.
A Dra. Núbia Mendonça, durante o tratamento do filho dele,
contou que tinha a ideia de implantar uma casa de apoio, baseada em uma
semelhante que ela conhecera em Paris. “Na Bahia, inúmeras crianças pobres do
interior morriam por conta do diagnóstico tardio da doença e da falta de
condições financeiras e sociais para acesso e continuidade do tratamento na
capital”, lembrou ele.
Assim nasceu o Grupo de Apoio à Criança com Câncer na Bahia. “Nos unimos a outros pais de pacientes, a médicos e amigos e conseguimos abrir
a primeira sede do Gacc, no bairro de Nazaré”, lembrou o homenageado. Ele
acrescentou que a entidade nasceu com a missão de prestar assistência
psicossocial, médica e financeira às crianças e aos adolescentes com câncer,
que vivem em situação de vulnerabilidade social, de maneira que tenham
condições de se tratar.
Em pouco tempo, o imóvel de Nazaré se tornou pequeno. O
grupo foi então para uma casa no Tororó, próximo ao Martagão Gesteira, único
hospital que tratava as crianças e adolescentes. Em Julho de 2000, Roberto Sá
Menezes e Núbia Mendonça alcançaram o sonho de ter uma sede com capacidade de
concentrar todos os serviços em um só lugar, com cinco pavimentos e 52
apartamentos com sanitários privativos.
“Toda a história do Gacc está ligada à solidariedade do povo
baiano, de pessoas e organizações?, pontuou ele, no evento. ?Esta solidariedade
e muita seriedade e comprometimento com a causa são responsáveis por cada
conquista do Gacc, desde a primeira sede, das primeiras cestas básicas, até
chegarmos onde estamos, 31 anos depois, contabilizando quase cinco mil famílias
atendidas”, afirmou.
Na Santa Casa, a história de Roberto Sá Menezes começou em
2002, quando ele se tornou irmão da instituição. A partir de 2005,começou a
ocupar cargos no núcleo executivo da Irmandade. Quando estava prestes a pedir
seu desligamento da direção, por entender que sua missão estava cumprida, foi
convidado pelo então provedor José Antônio Rodrigo Alves a estender a sua
participação e sucedê-lo, de acordo com o que desejava a irmandade.
“Em janeiro de 2014, iniciei o meu primeiro mandato como
provedor da Santa Casa da Bahia, com o grande desafio de comandar uma entidade
tão longeva quanto a cidade de Salvador e tão diretamente relacionada com a
história da capital baiana e seu povo”, observou.
Entre os projetos colocados em prática à frente da Santa
Casa, Menezes citou a requalificação do hospital Santa Izabel, além da
ampliação dos centros de educação infantil do Bairro da Paz. “Também
conseguimos, depois de muita luta, o financiamento necessário para uma obra de
restauro no Museu da Misericórdia, que será inciada no próximo ano Fomos
selecionados em editais importantes, entre eles o que nos colocou como
gestores, enquanto organização social, do Hospital Municipal de Salvador”,
enumerou.
No final do evento, o presidente Nelson Leal destacou a “bonita” trajetória de Roberto Sá Menezes. “É um exemplo que devemos cultuar”,
afirmou ele, destacando a sensibilidade de Euclides Fernandes pela iniciativa,
e a de Paulo Câmara, que já havia feito o mesmo na Câmara de Vereadores. “É uma
justíssima homenagem que nós estamos prestando”.
Também participaram da sessão especial, o secretário
estadual da Casa Civil, Bruno Dauster; o secretário de Comunicação do governo,
André Curvelo; o futuro provedor da Santa Casa, José Antônio Rodrigues Alves; o
presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Joaci Góes; o diretor da Associação
Baiana de Medicina, José Siquara da Rocha Filho; o presidente da Fundação José
Silveira, Geraldo Leite; Carlos Melo, diretor-presidente da Liga Álvaro Bahia
Contra a Mortalidade Infantil, mantenedora do Hospital Martagão Gesteira, entre
outras autoridades. (Agencia Alba).
Foto: PauloMocofaya/AgênciaALBA