Presentes que Papai Noel deixou

Papai Noel veio direto do Pólo Norte para Brasília, na
noite de quarta para quinta-feira. Só abandonou o trenó quando ia sobrevoar o
palácio da Alvorada, preferindo    trocá-lo por um tanque de guerra: preparou-se
para receber os petardos que  Dilma   costuma arremessar sobre auxiliares,  integrantes de sua base parlamentar e quantos
buscam instruções a respeito de como ajudá-la a governar.  Por conta da Babel em que se transformou a
atual  administração, deixou como
presente um sofisticado telefone celular, daqueles capazes de traduzir idiomas
variados para os interlocutores. O aparelho evitará o constrangimento de a
presidente   não falar  a mesma língua de seus ministros, prevenindo
desentendimentos e conflitos no segundo mandato.

No palácio do Jaburu, morada do vice-presidente Michel
Temer, precisou descer para conter a multidão de filiados ao PMDB,    cobrando mais vagas no ministério.

O velhinho passou sobre o Congresso, levando lembranças
para deputados e senadores, mas frustrou-se ao verificar que não havia um só
deles nas   amplas dependências.  Deixou  
na portaria  exemplares  do manual de sobrevivência na selva,    endereçados aos  novos parlamentares.       Despachou cópias do Código Penal,  pelo Sedex, para serem  entregues no começo de 2015   na penitenciária da  Papuda, 
aos integrantes da  lista do
procurador-geral da República, que lhe havia enviado dias antes.     Nos escritórios da Petrobrás e nas representações
das  principais empreiteiras, preferiu
deixar catálogos com instruções sobre como dormir no chão em celas
superlotadas.

Na  Esplanada dos
Ministérios, distribuiu montes de caixas de Lexotan para quantos atuais
ministros   se encontram à beira de um
ataque de nervos, ainda sem saber se continuam ou serão mandados embora.

No pátio do Supremo Tribunal Federal espalhou
fotografias do ex-ministro Joaquim Barbosa com os dizeres |ele voltará!|.   Como o atual presidente Ricardo Lewandowski
estava de plantão, preferiu colocar  em
sua ante-sala um tratado sobre a arte de enxugar gelo e ensacar fumaça.

Tentou aproximar-se do palácio do governador de Brasília
e não conseguiu, tendo em vista 
monumental e  permanente caos no
trânsito. A festa foi para suas renas, que comeram capim à vontade,
crescido  nos  jardins e à beira das avenidas. O jeito foi
presentear Agnelo Queirós com uma tesoura de cortar grama.

Passando pelo monumental e abandonado estádio |Mané
Garrincha|, fez cair  no gramado sacos de
sementes de trigo e soja, sua contribuição para recuperar o agronegócio na
capital federal. Sobre o Lago Paranoá depositou uma canoa  em cujo casco estava escrito:  |Nova Sede do Ministério da Pesca|.

Papai Noel deixou Brasília no meio da madrugada com uma
indagação: a cidade ainda estará aqui no próximo Natal?

 

 

 

Tópicos