Não somos macacos

A atitude do jogador Daniel Alves, em comer uma
banana atirada por um torcedor que tinha como objetivo insultá-lo com atitude
racista, trouxe à tona, o tema do racismo no esporte. Podemos abordar este tema
por diversas aspectos. Quero fazê-lo pelos positivos, ou seja, o debate em
torno do combate a esse crime. No esporte, atualmente o racismo
  se manifesta com mais evidência, contudo,
podemos voltar a um tempo no qual o futebol era praticado apenas por uma elite
branca e para que um negro pudesse jogar, teve que ser maquiado com pó de
arroz. Temos
  exemplos de atletas de
diferentes modalidades esportivas que apesar de serem reconhecidos
internacionalmente,
  não abordam esse
tema, com receio de serem estigmatizados. Tenho a preocupação de que o racismo
no esporte, leve ao esquecimento outros dessa natureza e
  que após 
noticiados,  são esquecidos. Os
casos recentes foram os do ator Vinícius Romão, preso
  ao ser ?confundido? com um ladrão; o do
pedreiro Amarildo, o da servente Cláudia Silva,
 
arrastada por uma viatura policial e 
recentemente o assassinato de Douglas Rafael, bailarino do programa
Esquenta.

O povo negro 
vive o cotidiano do racismo literalmente na pele, o qual  se manifesta de todas as formas.  Para amenizar seus efeitos, a sociedade
brasileira iniciou um processo    visando
o acesso das populações negras e indígenas, às 
politicas públicas de ações afirmativas, 
como elegeu  os povos e
comunidades  tradicionais como principais
beneficiários dessas medidas. Essas ações frequentemente são combatidas por
parte da classe dominante, inclusive daqueles que aderiram à campanha
?#somostodosmacacos?, os quais enxergam nessas politicas, privilégio concedido
aos povos vitimas do racismo no Brasil. A chamada campanha ?#somostodosmacacos?
deflagrada  após as atitudes  contra o jogador Daniel Alves, embora
importante,  não pode ser usada para
esconder o racismo cotidiano do Brasil. Espero que esta indignação se
transforme em ações reais,  para que um
dia, essa prática seja banida da sociedade brasileira. Afinal, não somos todos
macacos. Somos todos humanos.

Bira coroa é deputado Estadual e presidente da
Comissão Especial de Promoção da Igualdade da Assembleia Legislativa do Estado
da Bahia.

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