Estão rolando as conversações entre os Estados Unidos e Cuba
pelo reatamento das relações diplomáticas entre os dois países, rompidas desde
o inicio dos anos sessenta do século passado e acompanhada de um infame
bloqueio mantido pelos sucessivos governos ocupantes da Casa Branca e condenado
por todo mundo, inclusive na ONU, onde Tio Sam vem, há anos, sofrendo
sucessivas e fragorosas derrotas quando o tema é colocado em votação anual pela
Assembleia Geral.
Com o poder de mídia que tem, os governantes do grande país
do norte se aproveitam para propagar pelos quatro cantos do mundo que o regime
comunista da ilha é, e continua a ser, nocivo ao seu próprio povo.
Os cubanos sentam, discutem com os norte americanos e sabe
qual é a estratégia deles com as conversações para a volta das normalizações
das relações entre os dois países em nível de embaixadas onde chegam a fazer um
paralelo com as negociações nucleares com o Irã, onde, quando se imagina que as
coisas estejam resolvidas, os estadunidenses e seus aliados europeus sempre
criam um fato novo, uma exigência nova e as conversações vão se prolongando sem
se saber quando terminarão e assim, Israel vai se aproveitando para continuar a
demonizar o Irã junto à comunidade internacional.
O Líder Supremo já avisou que o Irã não abre mão de
continuar a desenvolver seu projeto que tem fins pacíficos e segue a
fiscalização rigorosa da AIEA ? Agência Internacional de Energia Atômica, órgão
ligado a ONU.
A mesma coisa esperam os cubanos dos americanos,
conversações sem fim, com um sentido diferente do caso iraniano, e sim, a
influência que Cuba exerce no continente, principalmente na Venezuela, onde os
Estados Unidos atuam para derrubar o governo de Maduro que é chavista, mas não
é Chávez.
O bloqueio continua
Facilitar a ida de norte americanos à ilha, que era antes
ilegal, passível de prisão e multa de centenas de milhares de dólares. Isso,
vindo da nação que se diz a mais democrática do planeta, e que proíbe seus
cidadãos de visitar tal pais sob pena de prisão e multa, talvez preocupado em
esconder aos olhos americanos, um país que o governo e a mídia pintavam como o
inferno e que na realidade era completamente diferente.
Se tem uma coisa que deixou os cubanos na mais completa
alegria, não foi a noticia do reatamento das relações diplomáticas com os EUA e
sim, a volta dois cincos heróis que estavam presos e condenados à prisão
perpétua nos Estados Unidos, acusados de atos de espionagem, quando na verdade
trabalhavam em comum acordo com os serviços da inteligência americana, no
sentido de vigiar alguns porras loucas da máfia de Miami, que sempre estão a
perpetrar casos de terrorismo contra Cuba. Os Cinco Herois (como são conhecidos
em Cuba) são amados e endeusados pelos cubanos, recebendo todo o tipo de
homenagens do povo e do governo, onde aparece a figura do ex-presidente Fidel
Castro, o mentor das pressões e manifestações pelo mundo, pela liberdade dos
cinco.
E assim, com as festividades pela volta dos [cinco heróis],
até o consumo de rum aumentou no país com as comemorações diárias pelo retorno
e não pelo restabelecimento das relações entre os dois países que os cubanos
não levam a sério. [Se eles, os americanos, querem conversar, conversaremos,
como conversamos com todo mundo. Se acham que vão nos fazer imposições, estão
redondamente enganado. Nesses cinquenta anos, suportamos e enfrentamos todo o
tipo de pressão e sabotagem praticadas por eles e que só fizeram dificultar a
vida dos cubanos e não será agora que vamos nos dobrar, pelo fato de estarmos
conversando sobre reatamento das relações diplomáticas, apesar do bloqueio
continuar firme e forte], disse uma autoridade cubana.
Então, por esse clima, já dá para adiantar que não será
fácil o lero-lero entre os dois países.
A base de Guantánamo e alguns fundos cubanos congelados há
décadas nos Estados Unidos e o levantamento de uma série de barreiras, sempre
estarão na pauta das discussões e bem sabem os cubanos, serão empurradas
intermitentemente para outras discussões que se tornarão intermináveis, assim
como a questão nuclear iraniana.
Sabem os cubanos, que por trás dessa reaproximação está todo
um quadro político na América Latina, mais precisamente na Venezuela.
Acreditam os norte americanos que, em conversações com Cuba,
dificilmente essa reagirá e seus aliados na América Latina também, de um
endurecimento e até mesmo intervenção na Venezuela, onde a presença e
influência dos Estados Unidos nos protestos são visíveis, além de aplicações de
sanções, no sentido de levar o país a um desastre econômico e daí enfraquecer o
governo de Maduro.
Também vêem os cubanos que os Estados Unidos estão
preocupados com a crescente presença russa no continente e as alianças desses
firmadas com os cubanos, nicaraguenses, Peru, Chile, Equador e fortes negócios
na área de importação de produtos brasileiros.
As conversações é pano de fundo para desestabilizar tudo
isso, imaginando os sobrinhos do Tio Sam que os cubanos para não colocar
impasses nas conversações, dificilmente levantarão a sua voz em defesa da
Venezuela, cujos laços de amizades com Cuba, foram construídos e solidificado
na era Chávez.
Ledo engano!
*Valter Xéu é diretor e editor dos portais Pátria Latina e
Irã News