Todos os dias lemos manchetes nos jornais sobre a situação
gravíssima da saúde pública na Bahia. O descaso, que parece ter sido herdado do
continuísmo do governo anterior, é ainda mais preocupante quando se coloca em
jogo a vida de nossas crianças e recém-nascidos. O quadro é preocupante tanto
na capital quanto no interior. No Hospital Roberto Santos, um dos maiores de
Salvador, não há vagas nas unidades neonatais. Os recém-nascidos graves,
prematuros, entubados e que precisam de cirurgia pediatria têm que aguardar na
própria sala de parto.
Nas duas maiores
cidades do interior, Feira de Santana e Vitória da Conquista, a situação é mais
grave. Em Feira, o Hospital da Mulher suspendeu as admissões de pacientes com
gestação de alto risco devido à superlotação. Quando sobra uma vaga, existem
casos em que a espera chega a 12 horas. A direção da unidade de saúde não sabe
quando o quadro irá se normalizar. Falta vontade política do governo. E o pior:
na maternidade do Hospital Clériston Andrade, o maior de Feira, também não há
vagas na UTI neonatal.
Em Vitória da Conquista, município que tenho o orgulho de
representar na Assembleia Legislativa, o governo do estado, sob a batuta do PT,
que também administra a cidade, desativou a ala obstétrica do Hospital da Base
e descredenciou do SUS a CUPE (Clínica de Urgência Pediátrica), que atendia a
mil crianças por mês, por questões mesquinhas e revanchismo eleitoral. Para
agravar ainda mais o quadro geral da saúde em Conquista, o governo desativou o
Hospital Crescêncio Silveira e a prefeitura privatizou o Hospital Municipal
Esaú Matos.
O fato é que a saúde só é prioridade para o PT no discurso.
Vale lembrar que o secretário estadual de Saúde na gestão Jaques Wagner, o
atual deputado federal Jorge Solla, ocupou a mesma função no âmbito municipal
em Conquista. Na teoria, era de se esperar que Solla demonstrasse apreço ao
povo conquistense, o que, na prática, não ocorreu. Pelo contrário: o que
observamos foi justamente o oposto.
Outro dado importante para comprovar isso é que o Programa
de Saúde da Família não avançou em Conquista com o PT. Na gestão do presidente
Fernando Henrique Cardoso, quando José Serra ocupou o cargo de ministro da
Saúde, foram deixadas 33 equipes. Hoje, esse número é de 38. Ou seja, durante
todo esse tempo em que o PT esteve no poder no âmbito federal, estadual e
municipal, Vitória da Conquista só ganhou mais cinco equipes do programa.
Será que a população de Conquista merece tanto desprezo por
parte do governo? Quando falamos de saúde pública estamos tratando da vida das
pessoas. Não se faz política brincando com a vida dos cidadãos. O que estamos
acompanhando diariamente é o aumento da corrupção e dos impostos, enquanto para
a saúde o que acontece é a falta de compromisso e de prioridade.
* Herzem Gusmão é deputado estadual pelo PMDB
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