O ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró
(preso), deixou o ministro Jaques Wagner muito chateado. É que o ministro passou ontem o dia todo
buscando apresentar-se como uma vestal sem máculas, tentando desvincular-se de
acusações de excesso de amizade com o empresário Leo Pinheiro, da OAS (preso).
E não é que vem o Cerveró para estragar tudo e contar para a Polícia Federal
que deu um dinheirão a Wagner para sua campanha ao governo da Bahia, em 2006?
Cerveró, também como quem não quer nada, complicou ainda a
vida do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (aquele que jura de
pés juntos que de nada sabia sobre o gigantesco esquema de corrupção que funcionou a todo vapor na empresa durante os
anos em que a dirigiu). Cerveró disse à Polícia Federal que não apenas Gabrielli
sabia dos esquemas, mas que atuou pessoalmente na operação de apoio a Wagner.
Candidamente, Cerveró revelou que todas as operações baianas foram facilitadas
pela razão inexplicável de Gabrielli
(que ao sair da Petrobras foi acolhido
como secretário de Jaques Wagner no governo da Bahia) transferir parte do setor
financeiro da empresa para Salvador.
O ministro Jaques Wagner é a autoridade de primeiro escalão
de [look] capilar mais caprichado de todo o Governo, capaz de dar inveja até
mesmo nas melenas senador Delcídio do Amaral
(PT-MS, preso). Além do topete, ambos têm também em comum uma amizade
muito sólida com o ex-presidente e empresário-palestrante Luiz Inácio Lula da
Silva, a quem devotam absoluta lealdade.
No temperamento, contudo, os dois são diferentes. Ao
contrário de Wagner, Delcídio é emocional e falastrão, razões aliás que o
levaram à condição de hóspede forçado da Polícia Federal. Razões, também, que o levarão dentro em breve
a contar tudo o que sabe a seus interrogadores, para conseguir alguma
complacência da Justiça.
Wagner, criado em Copacabana, aprendeu a ter disciplina no Colégio Militar e a
gostar do bom convívio com a rapaziada simpática da PUC do Rio. Largou o estudo
da engenharia para virar sindicalista e, até agora, vinha dando certo. Chegou a
governador da Bahia e é ministro-chefe da Casa Civil.
Hoje, muito possivelmente, JW vai passar o dia chamando
o Cerveró de mentiroso. Mas a equipe da
Lava-Jato já vem aí, pronta para entrar em ação… (Editoral do Diário do Poder-
http://diariodopoder.com.br/dp_editorial.php?i=34987169258)
(Foto): Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)