A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) sediou, nesta quarta-feira (10), a segunda edição do encontro “Empodere-se na Segurança Pública”. O evento debateu três eixos centrais: prevenção e combate ao assédio moral e sexual nas relações de trabalho, cuidado com a saúde mental das mulheres e presença feminina nos espaços de poder.
O evento aconteceu no Auditório Jornalista Jorge Calmon ao longo de todo o dia, reunindo autoridades e representantes de entidades que atuam no combate ao assédio e na promoção do empoderamento feminino na segurança pública.
Presente à mesa de abertura, a deputada Fabíola Mansur (PSB), procuradora titular da Procuradoria Especial da Mulher na ALBA, destacou a importância de ter o Legislativo estadual como palco do segundo encontro sobre o tema. Ela lembrou que a primeira edição ocorreu em abril de 2024, no auditório da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).
“Esse é um momento importante para mostrar que, para além das mulheres em geral, todas as categorias sofrem assédio moral e sexual, inclusive nas forças de segurança pública”, contextualizou a parlamentar.
Fabíola Mansur elogiou as idealizadoras do projeto, a professora e sargento Nelma Barreto, e Ana Carla Souza, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindipoc). Ela também enalteceu a presença massiva de mulheres de corporações como Polícia Militar, Polícia Penal, Polícia Civil, Polícia Técnica, Corpo de Bombeiros Militar e Guarda Civil Municipal, entre outras instituições de segurança.
“Esse debate tem como foco a prevenção ao assédio, a saúde mental — porque a mulher que sofre violência adoece — e também a luta para que elas cheguem aos mais altos postos de poder”, explicou Fabíola. A deputada destacou ainda o simbolismo do encontro ocorrer na ALBA, que abriga a Procuradoria Especial da Mulher, espaço que recebe denúncias de violência e oferece apoio psicossocial e jurídico, fortalecendo a rede de proteção às mulheres.
ESPAÇOS DE PODER
A 1ª vice-presidente da ALBA, deputada Fátima Nunes (PT), representou a presidente Ivana Bastos no evento. Ela ressaltou a importância da presença feminina nos espaços de poder e compartilhou sua trajetória pessoal: enquanto trabalhadora da roça em Paripiranga, jamais imaginou chegar ao Legislativo estadual, demonstrando que mulheres podem ocupar posições de destaque, inclusive nas forças de segurança.
“Um evento como este fortalece a ousadia e o diálogo com os homens para que entendam nosso lugar de direito. Somos diferentes biologicamente, mas iguais nos direitos”, afirmou Fátima na abertura do encontro.
A professora e sargento Nelma Barreto agradeceu à ALBA pelo apoio e ressaltou Fabíola Mansur como madrinha do projeto, devido à dedicação ao evento. Ela destacou ainda a presença da tenente-coronel Maria Cleide Milanezi, representante da SSP, pasta comandada pelo secretário Marcelo Werner: “Sempre disse que precisamos ser ouvidas, por isso a importância da representatividade da SSP”, afirmou.
Ana Carla Souza, vice-presidente do Sindipoc e também idealizadora da ação, emocionou-se ao lembrar o caso de Rafaela Drummond, agente da Polícia Civil de Minas Gerais que tirou a própria vida após sofrer assédio no trabalho. “O assédio adoece e mata. Não se calem, protejam-se, gritem”, alertou Ana, que contou ter iniciado o projeto sozinha em 2018, enfrentando resistência e naturalização do assédio.
A tenente-coronel Maria Cleydi Milanezi afirmou que a SSP, sob comando de Marcelo Werner, está comprometida com a valorização da tropa e no combate ao assédio. Ao longo de 35 anos de carreira, observou mudanças significativas: “Nunca imaginávamos que debateríamos esse assunto publicamente. A disciplina rígida não pode calar ninguém. Já passou da hora de os nossos algozes serem apenas exonerados. Precisamos conversar mais sobre isso, inclusive dentro das forças”, desabafou.
A mesa de abertura também contou com a defensora pública Firmiane Venâncio; a reitora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Adriana Marmori; Christianne Gurgel, advogada e mestre em Direito do Trabalho; Juliana Jozzolino, diretora comercial da Rede Bahia; e Ana Clara Auto, coordenadora da Casa da Mulher Brasileira e representante da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM-BA). (Agencia Alba).
Foto: Juliana Andrade/Ascom/Alba