Avanços e lutas do movimento de mulheres

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, nos leva à
reflexão sobre o que representam esses anos de luta desde 1857, quando, na
cidade americana de Nova Iorque, operárias de uma fábrica de tecidos esboçaram
um movimento reivindicatório por melhores condições de trabalho e foram
violentamente reprimidas, resultando na morte de 130 tecelãs, carbonizadas.

Com passos lentos, porém firmes, desde então e até os dias
de hoje, muito se conquistou. Não podemos deixar de comemorar essas vitórias,
resultado da mobilização e do engajamento das mulheres nos diversos movimentos
que se formaram ao longo dos tempos, em todo o mundo. É evidente que todas
essas conquistas só aconteceram porque as mulheres se mobilizaram e lutaram por
elas.

No Brasil, a participação das mulheres foi decisiva na
conquista do direito ao voto, nos avanços da nova Constituição, na aprovação da
Lei Maria da Penha, PEC das Domésticas, na mudança do ordenamento jurídico
sobre o tráfico de pessoas e no projeto de lei que classifica o feminicídio ?
lei recentemente aprovada e que torna hediondo o crime  caracterizado pelo assassinato de mulheres
por razões de gênero, a maior parte em decorrência de violência doméstica e
familiar. Este tipo de violência tem repercussão em crianças, o que contribui
com a elevação de índices de repetência e evasão escolar, como demonstram
vários estudos.

Apesar desses avanços, ainda estamos muito longe de
assegurar que atingimos nossa autonomia e a plenitude de direitos. Diariamente,
milhares de mulheres ainda enfrentam situações que chegam à barbárie, a exemplo
da violência na maioria das vezes registrada dentro das nossas próprias casas,
resultado de um componente cultural e de uma sociedade machista, onde a mulher
ainda é vista como propriedade sobre a qual se pode dispor para fazer o que bem
se entender.

Diante dessa realidade, ainda temos uma longa caminhada que
somente avançará com a velocidade que desejamos por meio da educação, onde
esses parâmetros culturais serão derrubados, e também pela maior participação
da mulher na política, com presença equivalente à nossa representação
demográfica nas casas legislativas e nas demais esferas do poder.

Nesse sentido, uma das campanhas nacionais lançada em 2014
pela Rede de Defesa dos Direitos Humanos (Redeh) e seus parceiros, com apoio da
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR),
terá ainda neste mês de março o lançamento da segunda etapa no estado da Bahia,
campanha esta na qual estamos em articulação juntamente com a SPM estadual e a
Assembleia Legislativa. A iniciativa tem como lema [Quem ama abraça ? fazendo
escola] e é desenvolvida com crianças, adolescentes e comunidade escolar, constando
distribuição de kit informativo sobre a campanha, além de CDs com a
participação de artistas famosos, com adolescentes participando de forma muito
criativa e rica de aprendizado.

O desequilíbrio da representatividade das mulheres é, sem
dúvida, um empecilho para avançarmos mais rapidamente em nossas conquistas. Nas
instâncias municipais, estadual e federal, a presença da mulher não chega aos
20 . No Senado, somos apenas 16 dos 81 parlamentares da Casa. E na Câmara dos
Deputados a presença do sexo feminino é ainda menor, com apenas 45 deputadas
(8,7 ), enquanto que o número de homens é de 468.

Assim, não é à toa que a paridade na política ? reforma
política já ? tem sido lema nas atividades dos movimentos feministas e de
mulheres deste mês de março. A sub-representação no poder tem a ver com
precária execução das conquistas de políticas públicas para as mulheres.

Antenadas com a sociedade para mudar essa realidade, estamos
lutando no Congresso e elegemos como tema prioritário do ano a reforma
política, onde, além de questões como financiamento de campanha, reeleição,
coligações, suplência e candidaturas avulsas, teremos como desafio garantir o
avanço das minorias e segmentos socialmente excluídos na representação política
do país. Temas que já começamos a debater na agenda do mandato e na bancada
feminina, integrada por senadoras e deputadas federais.

Uma das propostas é a destinação de 30 das vagas do Senado
e da Câmara para as mulheres. A intenção é chegar gradualmente aos 50 . Além da
reserva de vagas, é preciso também garantir 30 dos recursos do fundo
partidário. As mudanças serão apresentadas como propostas de emenda à
Constituição nas duas casas legislativas. Um projeto sobre a reserva de vagas
(PLS 27/2015) já foi apresentado pela senadora Ângela Portela (PT-RR). De nossa
autoria, também já tramitam uma PEC e outros quatro projetos de lei, todos com
enfoque na reforma política.

Vamos continuar avançando e quem sabe em um 8 de março não
muito distante a data seja reservada tão somente para comemorações. Por ora, a
luta continua!

(Congresso em Foco)

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