Prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho (União Brasil) recebe o título de Cidadão Cícero-Dantense e relembra suas origens, em discurso emocionado marcado por gratidão, memórias e reverência à história da cidade.
Após mais um fim de semana dedicado ao povo de Feira de Santana — entre compromissos na sede e na zona rural do município —, a manhã da segunda-feira, 9 de junho de 2025, surgia como um capítulo especial na trajetória de vida do prefeito José Ronaldo de Carvalho, do União Brasil. Aos 73 anos, prestes a completar 74 no próximo 18 de julho, ele carrega marcas que poucos na política brasileira ostentam: exerce pela quinta vez o comando do Executivo da segunda maior cidade da Bahia — um feito inédito na história de Feira de Santana e com raros equivalentes no país.
Mesmo com o passar dos anos e as exigências crescentes da vida pública, sua presença permanece marcada por vigor e entusiasmo. A vitalidade com que encara cada dia, cada agenda, cada gesto de escuta e ação, traduz não apenas resistência física, mas sobretudo a força interior de quem encontrou no serviço à coletividade o sentido maior da própria existência. É uma energia que não se mede apenas em horas de trabalho, mas no impacto profundo que deixa por onde passa.
De Feira de Santana a Cícero Dantas: uma viagem de volta às origens
A rotina naquela segunda-feira começou cedo, com audiências, deliberações e despachos no Paço Municipal. Por volta das 12h, o prefeito iniciou uma viagem de 215,4 quilômetros até Cícero Dantas, pela BR-116 Norte — trajeto de cerca de três horas e meia, que exigiria fôlego de qualquer cidadão. Mas, para quem retornava ao lugar onde viveu parte da infância e juventude, o cansaço cedeu lugar à emoção.
Ao chegar ao município, Ronaldo foi recebido com carinho e afeto na residência do veterano político Guilherme Carregosa, amigo de longas datas. Lá reencontrou o desembargador aposentado Manoel Moreira Costa, seu antigo professor dos tempos de colégio, e a esposa, Margarida Moreira. Presentes também estavam Larissa Carregosa, Tony Figueiredo, Weldon Carvalho e o secretário de Comunicação de Feira de Santana, Joilton Freitas.
O reencontro foi pontuado por risos, lembranças e reflexões. Entre abraços e histórias, o ex-professor Manoel recordou, com ternura:
“Como aquele menino tímido e calado chegou a comandar cinco mandatos na prefeitura de Feira de Santana?”, disse, entre sorrisos.
O semblante de José Ronaldo refletia o momento: o olhar de quem pisa novamente no solo onde lançou os primeiros passos. Natural de Paripiranga, foi em Cícero Dantas que iniciou a vida escolar, trabalhou na padaria do tio e atuou no cinema local — experiências que moldaram o caráter do homem público que viria a ser. De lá, somente saiu para dar continuidade aos estudos em Feira de Santana, onde se formou, construiu família e entrou para a vida política, tornando-se mais tarde prefeito por cinco mandatos. Emocionado, ele declarou:
“Voltar a este chão é reencontrar a essência. Aqui nasceu o que me guia até hoje.”
Cerimônia solene e homenagem inesquecível
Com o entardecer banhando a cidade em luz suave, José Ronaldo dirigiu-se à Câmara Municipal, onde receberia o título de Cidadão Cícero-Dantense, entregue pelo prefeito local, Vinícius José Araújo Borges de Souza. A solenidade fez parte das celebrações dos 150 anos de emancipação política do município, que remonta aos tempos do Império, quando o missionário capuchinho frei Apolônio de Toddi construiu a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, origem do Arraial do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão.
Além de José Ronaldo, outras personalidades foram homenageadas com medalhas, moções de aplauso e o reconhecimento público, conforme determina a Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara Municipal. Durante a cerimônia, o discurso de saudação destacou figuras históricas que marcaram a trajetória da cidade, como Antônio Conselheiro, Cônego Caetano, o Barão de Jeremoabo, Padre José Martins, Monsenhor Renato Galvão e Monsenhor Elias Ferreira.
O ponto alto da cerimônia foi o reencontro do prefeito com a sobrinha, Gleyde Celma, que o esperava na sede do Legislativo. O abraço apertado selou um momento de ternura que condensava passado, presente e futuro em uma só imagem: o homem maduro reencontrando o menino que foi, num cenário de memórias vivas.
Ao ser recebido com abraços, sorrisos e palavras de estima, o prefeito comentou em tom sereno:
“Retornar a este chão é como reencontrar parte da alma que nunca nos abandona”.
O discurso de gratidão e memória
Durante a sessão solene presidida pelo vereador Jenilson Batista de Oliveira (Nininho de Nedito, PP), José Ronaldo fez uso da tribuna para um pronunciamento comovente, no qual entrelaçou lembranças pessoais, reverência à história de Cícero Dantas e homenagens a figuras marcantes de sua juventude.
Ao expressar seu agradecimento pela homenagem recebida, evocou os anos vividos no município com profundo carinho, destacando a influência decisiva do Monsenhor Renato Galvão (1918–1995) em sua formação pessoal e espiritual. Também enfatizou o papel da educação como elemento central de sua trajetória, abrindo-lhe horizontes e forjando a disposição para enfrentar desafios, alcançar conquistas e servir à coletividade com compromisso e perseverança.
Trechos do discurso:
“Minha vida política começou a ser desenhada aqui, quando menino, vendendo pães na padaria de tio André e acompanhando as sessões no cinema Santo Antônio. Foi aqui que aprendi o valor do trabalho, da palavra dada e da amizade sincera.”
“Quando vejo esta Casa Legislativa me conceder o título de Cidadão Cícero-Dantense, não vejo um prêmio a um político. Vejo um gesto generoso a um filho desta terra por adoção, que a vida levou para outros destinos, mas que nunca esqueceu de onde veio.”
“Recordo com carinho o Colégio Monsenhor Galvão e as lições do professor Manoel Moreira. Cada ensinamento foi um tijolo na base do homem público que me tornei. Cícero Dantas faz parte de mim.”
“Levo esta comenda como símbolo de pertencimento. Uma cidade que me acolheu ainda jovem e que agora me abraça como um de seus filhos.”
Ao final, visivelmente emocionado, o prefeito encerrou sua fala com palavras que sintetizaram o momento:
“A vida pública tem seus embates, suas dificuldades, mas há dias como hoje, em que o coração fala mais alto que a razão. Muito obrigado, Cícero Dantas, por jamais esquecer de mim.”
Homenageados e autoridades presentes
Além de José Ronaldo, a sessão homenageou diversas figuras relevantes para a história e a vida social de Cícero Dantas, com entrega de títulos de cidadania, medalhas e moções de aplauso:
- Manoel Moreira Costa, ex-magistrado e desembargador aposentando do TJBA;
- Padre Geovane Santos Nascimento;
- Irmã Gabriela (Rita Canavezio);
- Irmã Angelina (Ana Giugliano);
- José Eronildes de Santana, representado por seu filho Lucialdo Santana;
- Bernadete Nascimento dos Santos Lima;
- Joilson Santos de Andrade (Joilson do Lojão do Caruaru);
- Monsenhor José Elias Ferreira, também agraciado com a Medalha Frei Polônio de Todi;
- Dr. Islan Feliphe Vieira Santos, médico do Hospital Municipal;
- Érico de Oliveira Santos, da Cipe Nordeste.
A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades: o prefeito de Cícero Dantas, Vinícius José Araújo Borges de Souza; além de juízes, promotores, secretários municipais, representantes das forças de segurança e ex-prefeitos da região, membros da imprensa a exemplo do jornalista e cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia.
Na legislatura 2025–2028 da Câmara Municipal de Cícero Danta, compõem a Mesa Diretora o presidente Jenilson Batista de Oliveira (Nininho de Nedito, PP) e o vice-presidente Abelardo Júnior (PP); integram ainda o plenário os vereadores Sérgio Castro (PV), Rogério (PP), Talita Leila (PSD) e Genilson Gonçalves, sendo Talita e Genilson identificados como membros da bancada de oposição.
Laço entre memória, gratidão e serviço público
A homenagem prestada a José Ronaldo reafirmou não apenas o reconhecimento a uma trajetória política longeva e marcada por cinco mandatos à frente de Feira de Santana, mas principalmente, evidenciou o laço entre memória, gratidão e serviço público. O menino de Paripiranga, forjado em Cícero Dantas, retornou ao solo onde plantou as primeiras sementes de seu futuro e recebeu, como retribuição, o abraço simbólico de uma cidade que jamais o esqueceu.
Fonte: Jornal Grande Bahia
Foto: Guto Jads/JGB