O presidente do Banco Central
(BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (20) que a economia
mundial “tem grandes desafios pela frente”.
Durante live do BC, seu último
compromisso como o presidente da autarquia, Campos Neto apontou para dois
principais problemas: a dívida dos países e a inflação pós-pandemia.
“O fiscal não é um problema só do
Brasil, é um problema global. A gente tem um problema grande, tem um mundo que
está muito endividado no pós-pandemia. Se pensar coletivamente, o mundo gastou
pouco menos de 20% do PIB global na pandemia”, pontuou o economista.
Queima de reservas do BC já
impacta, em números, percepção de risco de se investir no Brasil
“E essa conta grande para pagar
vem num momento difícil. Além do gasto da pandemia, tem outras contas a pagar
que também aceleraram no mesmo período”, indicou.
Entre os encargos que cresceram
em paralelo, Campos Neto elenca a conta da transição energética; os efeitos da
polarização geopolítica, que se traduziram em protecionismos e,
consequentemente, na fragmentação do comércio mundial; custos com as guerras, como
no Oriente Médio e Ucrânia; e da população envelhecendo pelo mundo.
“Temos, no mundo, uma dívida
grande, com bastante conta para pagar, e uma inflação que não caiu a contento”,
disse o presidente do BC.
Pacote de cortes de gastos não é
suficiente para atacar dívida crescente, diz Maílson | Money News
Juntas, essas problemáticas
resultam em juros que devem permanecer mais restritivos por mais tempo pelo
mundo. A consequência, segundo Campos Neto, é um efeito “bola de neve”.
“Se tem uma dívida maior com
juros maiores, o custo de carregar essa dívida é muito maior”, enfatizou o
economista.
“O mundo vai ter essa dificuldade
para pagar daqui para frente. E não é fácil, porque tem outros custos a pagar.
Há a necessidade de ajuste de contas, atender os necessitados e fazer uma boa
política social, mas pagar dívida no fim das contas”, concluiu. (João Nakamurada
CNN , em São Paulo).
Foto: Pedro França/Agencia Senado