Fernando Vita revisita Golpe de 64 e lança livro com humor ácido sobre a ditadura

Narrativa mostra a chegada de um capitão do Exército à cidade fictícia do interior da Bahia, em meio à tensão política que antecedeu o Golpe Militar

O escritor baiano Fernando Vita, lança, nesta quinta-feira (11), a partir das 18h, na Livraria Escariz do Shopping Barra, o livro 1964 – O Golpe, o Capitão e o Pum do Maestro, sexto romance da série sobre a cidade fictícia de Todavia. A narrativa mostra a chegada de um capitão do Exército à pequena cidade do interior da Bahia, em meio à tensão política que antecedeu o Golpe Militar.

O romance na pequena cidade de 11 mil habitantes no Recôncavo Baiano começa às vésperas do golpe militar. Segundo Vita, sua sensação com a obra é de cumprimento de obrigação com a própria consciência de escritor, jornalista e brasileiro.

“A ideia de escrever sobre 1964, a partir da visão de uma pequena comunidade do interior, a minha mítica Todavia, e quando eu falo interior, é o Recôncavo da Bahia. A ideia de escrever como aquele microcosmo de humanos viu os dias que antecederam o golpe de 64, o dia em que o golpe se deu e os dias que se sucederam”, disse em entrevista ao Portal M!.

“Só que eu faço isso sob a forma de uma releitura bem-humorada dos fatos, sem lhe tirar o lado trágico, porque como todo golpe de Estado, o de 64 também deixou marcas de tragédia e de comédia”, explicou.

O romance acompanha o capitão enquanto ele tenta criar o primeiro Tiro de Guerra da região. Todavia reage com estranhamento e curiosidade, e a vida pessoal do militar rapidamente se torna assunto público. A narrativa mistura humor, criatividade e surrealismo, oferecendo uma leitura que combina tragédia e comédia.

1964 – O Golpe, o Capitão e o Pum do Maestro, de Fernando Vita
Foto: Divulgação

Obra mantém diálogo com contexto político atual

Vita explica que, embora ambientado em 1964, o livro mantém diálogo com o presente. Ele iniciou a obra em 2022, concluindo-a em 2023, antes de eventos políticos recentes, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta trama golpista, mas a coincidência temporal reforça a atualidade da história.

“Quando eu comecei a escrever esse livro no outono de 2022 – ele veio ser concluído na primavera de 23 – o nosso ex-presidente já tinha perpetrado muitas das suas loucuras, das suas perspectivas de dar golpe, mas nada disso me moveu a escrever o livro. Tanto que nas trezentas e tantas páginas do livro não há uma única menção ao ex-presidente, ao outro capitão, tão louco quanto o capitão que eu retrato no meu livro”, contou.

De acordo com o autor, após a conclusão do livro e do envio à editora, vieram à tona as tentativas de golpe de Estado no Brasil, fato que reforça a relevância do romance.

“Quando eu acabei de escrever o livro e que enviei à editora, isso no ano passado, coincide justamente com a fase em que as maiores loucuras vãs, na tentativa da perpetração de um novo golpe de Estado no Brasil, foi aí que elas se deram. Tudo de mais maluco aconteceu depois do livro escrito”.

Lançamento ocorre na Livraria Escariz, no Shopping Barra

O lançamento da obra acontece nesta quinta-feira (11), a partir das 18h, na Livraria Escariz, no Shopping Barra. Na ocasião, o autor dará autógrafos para quem adquirir o romance, que explora a vida cotidiana e os conflitos pessoais na cidade imaginária de Todavia. Mesmo diante da tensão política retratada na trama, Fernando Vita equilibra humor e crítica social, mostrando como a população reage à presença do capitão.

A obra constrói um retrato do universo provincial, com nuances eróticas, humorísticas e surrealistas, transformando o golpe de 1964 em cenário para explorar relações humanas, fofocas e o cotidiano da cidade fictícia.

O capitão enxerga inimigos e comunistas em cada esquina, enquanto os habitantes observam com medo, curiosidade e espanto. O livro mantém o estilo bem-humorado e surreal que caracteriza toda a obra de Vita, equilibrando tragédia e comédia política. (Osvaldo Lyra e Matheus Calmon – Muita Informação).

Foto: Divulgação