Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (28/05/2025) no Centro de Convenções de Feira de Santana, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou uma nova etapa do programa Bahia Sem Fome, com investimentos superiores a R$ 150 milhões. A declaração foi feita durante o 3º Seminário Estadual do Programa Bahia Sem Fome, que reuniu gestores estaduais, parlamentares, prefeitos, lideranças religiosas e representantes da sociedade civil.
Investimentos em segurança alimentar e ações emergenciais
Segundo o governador, os recursos contemplarão a instalação de cozinhas comunitárias, aquisição e distribuição de cestas básicas, equipagem de creches, além de capacitação de voluntários e parcerias com programas federais. “Estamos falando de R$ 151 milhões para garantir editais e funcionamento das cozinhas comunitárias, bem como recursos para equipar creches comunitárias. Também vamos capacitar pessoas que atuam no dia a dia com forte engajamento”, afirmou Jerônimo.
O chefe do Executivo baiano reforçou que a ação do governo estadual se estrutura em duas frentes: a emergencial, voltada ao atendimento direto a pessoas em situação de rua ou extrema pobreza, e a estruturante, com foco em geração de emprego e políticas permanentes. O programa já impactou mais de 25 mil famílias, e a meta, segundo o governador, é atingir 50 mil núcleos familiares com ações contínuas.
Integração federativa e articulação social
Jerônimo destacou a importância da integração entre União, Estado e municípios, em consonância com o programa federal Brasil Sem Fome, coordenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nossa atuação precisa ser articulada com as políticas do Governo Federal, como o Bolsa Família, o Pé-de-Meia e o Bolsa Presença. Estamos juntos com prefeitos e secretários municipais”, pontuou.
Durante a coletiva, o governador agradeceu o apoio de empresários, igrejas, bombeiros, artistas, forças de segurança e movimentos sociais na mobilização contra a fome. Ele também anunciou a aquisição de mais 100 mil cestas alimentares com conteúdo nutricional qualificado, em complemento às doações realizadas pela sociedade civil.
Críticas à descontinuidade de projetos e defesa da PEC da unificação eleitoral
Ao ser questionado sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reeleição e unificação das eleições, aprovada recentemente no Senado, Jerônimo defendeu a medida como forma de reduzir custos públicos e assegurar continuidade administrativa.
“Sou favorável a eleições unificadas. Temos custos altos com campanhas, fundo eleitoral e propaganda. Projetos estruturantes, como o Centro de Convenções, não se viabilizam em quatro anos. É necessário garantir sequência nas políticas públicas”, declarou.
São João, infraestrutura e mobilidade
Sobre os investimentos estaduais para o São João, o governador confirmou a liberação de recursos para apoio cultural e reforçou a orientação para a contratação de artistas locais e regionais. Além disso, mencionou articulação com o Ministério dos Transportes para melhorias nas rodovias federais, incluindo a BR-324, com o objetivo de minimizar os impactos das chuvas e garantir segurança viária durante o período festivo.
Delegada Clécia, segurança pública e rotatividade institucional
Questionado sobre a saída da delegada Clécia Vasconcelos da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), o governador esclareceu que a mudança não se trata de demissão, mas de remanejamento estratégico.
“A rotatividade é necessária para evitar vícios e oxigenar as instituições. Clécia continuará contribuindo na segurança pública em outra função”, explicou.
Defesa de Marina Silva e crítica à violência política
O governador também se posicionou sobre o episódio de agressividade contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ocorrido no Senado. Ele classificou o comportamento de senadores como desrespeitoso e brutal, ressaltando a trajetória da ministra como “uma defensora da vida dos pobres e da floresta amazônica”.
Semiárido e combate à fome estrutural
Jerônimo diferenciou os efeitos pontuais da seca dos problemas estruturais da fome, que, segundo ele, resultam de desigualdade, desemprego e moradias precárias.
“Esta é uma política de Estado que precisa continuar independentemente de governos”, frisou.
O governador afirmou que o Bahia Sem Fome já reduziu pela metade o número de pessoas em insegurança alimentar no estado.
Aeroporto e nomeação de aliado na ANAC
Sobre o aeroporto de Feira de Santana, o governador confirmou que retornará ao município após o São João para emitir a ordem de serviço das obras de reestruturação, que incluem intervenções patrimoniais e de segurança. Ele também mencionou a nomeação de um aliado baiano na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), considerada estratégica para acelerar as tratativas.
Eleições 2026 e unidade da base governista
Encerrando a entrevista, Jerônimo comentou sobre o cenário político para 2026. Embora nomes como Jaques Wagner (PT), Ângelo Coronel (PSD) e Rui Costa (PT) estejam em movimentação para o Senado, o governador afirmou que sua prioridade é garantir a unidade da base aliada.
“Meu papel como líder é construir uma chapa competitiva e coesa”, declarou, ao criticar declarações agressivas do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), em entrevistas recentes.
A chapa majoritária para as eleições de 2026 na Bahia deverá contar com o atual governador Jerônimo Rodrigues (PT) como candidato à reeleição. Além dele, o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) — ambos ex-governadores do estado — também comporão a aliança, concorrendo ao Senado Federal. Wagner tentará renovar seu mandato, enquanto Rui Costa buscará ocupar a segunda vaga baiana na Câmara Alta. (Jornal Grande Bahia).
Foto: Carlos Augusto.