O ex-ministro do governo Michel Temer (MDB), ex-governador da Bahia e ex-prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PSDB), criticou duramente o governo Lula durante entrevista, na manhã desta terça-feira (29), ao programa De Olho na Bahia, na Rádio Mix Salvador (104.3 FM). Em conversa com os jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!, o político fez uma análise do cenário nacional e avaliou a gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Ele também falou sobre o futuro da oposição no Estado, além de descartar qualquer intenção de disputar novamente a deputado federal em 2026. No entanto, deixou aberto para quem sabe compor a chapa da oposição na vaga ao Senado.
Críticas ao governo Lula marcam avaliação de Imbassahy
Ao ser questionado sobre o desempenho do atual governo federal, Antonio Imbassahy foi direto ao afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem decepcionado os brasileiros. Segundo ele, os dados das pesquisas de opinião refletem essa insatisfação generalizada.
“Não é nem a minha opinião. Todas as pesquisas estão avaliando o governo Lula com muitas dificuldades, que têm frustrado a expectativa da população. Se esperava uma coisa e veio outra”, afirma.
Imbassahy também citou problemas econômicos, como inflação e juros altos, e criticou a estrutura administrativa do governo federal. “A gente percebe na economia muita dificuldade, uma inflação muito alta, a taxa de juros resistindo. Um governo que tem cerca de 40 ministérios é uma coisa que não tem funcionalidade, não tem racionalidade. Isso é percebido pela população”.
Para o tucano, essa conjuntura tem impactado negativamente, inclusive, o reduto histórico do PT. “Os índices de popularidade do governo Lula e do próprio presidente têm caído a níveis jamais vistos. Inclusive, na Bahia, no Nordeste, onde o presidente tinha uma força muito grande, essa força começa a ceder e de uma maneira consistente”.
Desgaste do PT na Bahia
Ao analisar o cenário político na Bahia, Antonio Imbassahy destacou a crise na segurança pública como o principal ponto fraco da gestão do governador Jerônimo Rodrigues. “Apesar dos esforços, a gente vê a polícia militar num combate mais efetivo, um confronto com os criminosos, mas, na verdade, a segurança pública na Bahia é uma coisa dramática. As pessoas têm muitas dificuldades de transitar, de sair à noite, pais ficam preocupados com os filhos. É o ponto mais frágil do governo Jerônimo”.
Mesmo com críticas, o tucano reconheceu a postura cordial do petista.
“O governador é um homem de comportamento afável, muito bem educado, muito cordial. Ele se afasta daquele tom de agressividade, mas temos que superar a questão da segurança pública”.
Imbassahy também avaliou que o Partido dos Trabalhadores sofre com o desgaste de duas décadas no poder estadual. “Após 20 anos de governo do PT na Bahia, há uma fadiga de material. A gente não percebe renovação de quadros. Estão aí os mesmos de sempre: o ministro Rui Costa [PT], o ex-governador Jaques Wagner [PT]. Essa fadiga conspira contra quem está no governo”.
Cenário eleitoral na Bahia
Questionado sobre o futuro da oposição no Estado, o ex-ministro demonstrou confiança na liderança do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e revelou ter conversado recentemente com o ex-prefeito de Salvador.
“A proposta dele é organizar já uma pré-campanha, fazer um trabalho de visitações no interior, melhorar a rede social. Saí com a sensação de que Neto deverá ser o candidato das oposições em 2026”.
Apesar disso, Imbassahy ponderou sobre o momento político e alertou que a demora no anúncio oficial pode trazer dificuldades. “Ele tem força suficiente para se recuperar da derrota de 2022. Está no tempo dele. Mas, na medida em que o tempo passa e ele não se revela candidato, isso pode sugerir dificuldades. Na política, o tempo é decisivo”.
O ex-governador também reconheceu o sucesso da articulação política do PT, que vem atraindo prefeitos e lideranças da oposição. “O governador tem sido competente, porque é da natureza dele. Não é uma coisa forçada. Ele é respeitoso, educado e isso ajuda a atrair agentes políticos. Recursos, convênios, obras, tudo isso faz parte do jogo político”.
Imbassahy defendeu uma mudança de postura na oposição. “Durante 20 anos, a oposição fez o mesmo tipo de trabalho e não deu certo. É preciso modificar esse conceito. Não basta fazer oposição por oposição. Tem que ser mais efetiva, mais focada”.
Mesmo com o nome lembrado para disputar vaga na Câmara Federal ou até mesmo no Senado, Imbassahy garantiu que não pretende concorrer a cargos em 2026. O tucano foi deputado federal por dois mandados, entre 2011 e 2019, mas acabou não se reelegendo.
“Nesse momento, falar que homem público não vai ser candidato não está correto. Mas eu não tenho nenhuma perspectiva de ser candidato a deputado federal”, pontuou Imbassahy, deixando em aberto para quem sabe disputar uma vaga no Senado, onde tentou em 2006, mas amargou um terceiro lugar apenas. (Otávio Queiroz/Muita Informação).
Foto: Arquivo/Agência Brasil