Deputada destaca orgulho de sua ancestralidade, defende a educação intercultural e comemora a consolidação do campus indígena e quilombola em Jeremoabo: “É um sonho que virou realidade para o nosso povo”.
A deputada estadual Fátima Nunes (PT), sertaneja e histórica defensora da agricultura familiar e das comunidades quilombolas do semiárido baiano, utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), na tarde de terça-feira (2), para celebrar o Dia do Samba, relembrar suas origens e reforçar conquistas recentes no campo da educação para povos tradicionais de sua região. A parlamentar ressaltou o compromisso com a valorização cultural e o acesso à universidade, especialmente para indígenas e quilombolas.
Identidade, ancestralidade e o Dia do Samba
Ao iniciar seu discurso, Fátima Nunes fez questão de se dirigir à presidenta da sessão, deputada Olívia Santana, destacando o simbolismo da data.
“Já que hoje celebramos o Dia do Samba, eu não podia deixar de vir à tribuna sem demonstrar a minha capacidade do samba no pé. Afinal de contas, sou de raiz negra”, disse, emocionada.
A deputada relembrou a trajetória de seus pais — Guilherme Nunes dos Anjos e Maria Oliveira — e ressaltou a força de suas origens miscigenadas.
“Sou essa mulher miscigenada, com muito orgulho, que cultua a tradição do povo negro e do povo indígena”, afirmou.
Educação intercultural: uma conquista do semiárido
Em seguida, Fátima destacou com entusiasmo a consolidação do campus intercultural da UNEB, voltado para povos indígenas e quilombolas, instalado no município de Jeremoabo. Segundo ela, trata-se de uma luta antiga das comunidades do sertão baiano.
“Sempre foi um desejo nosso que os cursos superiores chegassem mais perto de nós. Hoje temos a UNEB instalada com o curso intercultural em pedagogia, e já planejando Direito e Agroecologia para o próximo ano”, comemorou.
Ela elogiou o empenho da reitora Adriana Marmori e da diretora Florilsa, do campus de Paulo Afonso, citando o papel decisivo da prefeitura de Jeremoabo na transferência do antigo patrimônio da escola agrícola para a universidade. O espaço receberá investimentos da Agência Peixe Vivo, garantindo reestruturação, novos alojamentos, auditório, quadras e melhorias gerais na infraestrutura acadêmica.
Políticas afirmativas e o fortalecimento dos povos tradicionais
A deputada também registrou a realização, dias antes, de um encontro com estudantes, movimentos do povo negro e representantes da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). O diálogo reforçou a importância das políticas afirmativas e dos marcos institucionais que garantem direitos às populações quilombolas, negras e indígenas.
“Não haverá democracia sem direitos para os povos indígenas, para os povos negros, para as mulheres e para as jovens. Somos um povo diverso, forte, corajoso e construtor da justiça social”, declarou.
Finalização
Ao encerrar, Fátima Nunes agradeceu às lideranças institucionais e aos movimentos sociais pela persistência e reafirmou seu compromisso com as tradições culturais e a educação no sertão baiano. “Amanhã será um dia de festa. O nosso povo está conquistando o que sempre mereceu: dignidade, reconhecimento e oportunidade”, concluiu.
Da Redação – Soteropolis Noticias
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