‘Se coloca no meu lugar. Passa por cima do Supremo?’, diz Bolsonaro a apoiador um dia após criticar decisões da Corte

Um dia depois de criticar a operação contra fake news
determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e de dizer que ordens absurdas
não devem ser cumpridas, o presidente Jair Bolsonaro questionou um apoiador que
reclamou de medidas tomadas pelo governo do Pará: “Se coloca no meu lugar.
Passa por cima do Supremo?”, questionou o presidente.

A declaração foi feita nesta sexta-feira (29) na saída da
residência oficial do Palácio da Alvorada, durante conversa de Bolsonaro com
apoiadores, transmitida ao vivo em uma rede social do presidente.

Na mesma conversa com apoiadores, Bolsonaro ouviu de uma
menina o pedido para liberar a retomada das aulas nas escolas, suspensas em
razão da pandemia do novo coronavírus.

O presidente explicou que a decisão não cabe a ele – o STF
definiu que estados e municípios têm autonomia para adotar medidas de
isolamento social durante a pandemia.

“Decisão das escolas é dos governadores e dos
prefeitos”, disse Bolsonaro.

Críticas a decisões da Corte

Na quinta-feira (28), Bolsonaro manifestou indignação contra
a operação de combate a fake news, autorizada pelo ministro Alexandre de
Moraes, do STF. Moraes é o relator do inquérito que investiga ataques e ameaças
ao tribunal.

A operação, deflagrada no dia anterior, cumpriu buscas e apreensões
em endereços de empresários e blogueiros ligados ao presidente.

Moraes escreveu que há provas que apontam para a “real
possibilidade” de uma associação criminosa que cria e dissemina as
informações falsas. Moraes fez referência ao chamado gabinete do ódio, apontado
por parlamentares como o grupo aliado ao presidente que está por trás das fake
news. Para Moraes, as informações falsas difundidas pelo gabinete atacam a
independência entre os poderes e o Estado democrático.

Para Bolsonaro, a operação é uma intimidação contra as
mídias sociais. Ele criticou decisões monocráticas de ministros do STF (tomadas
por um só ministro) e afirmou que ordens absurdas não devem ser seguidas. O tom
de confronto da quinta foi amenizado nesta sexta. Guilherme Mazui, G1 – Brasília.

Foto: Divulgação